segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Quereres

O Projeto Poema com Manteiga sai agorinha mesmo, com um lindo poema de Regina Quaresma (http://regina-quaresma.blogspot.com/2010/08/quereres-eu-queria-um-pouco-de-anarquia.html?spref=fb).





Quereres

Eu queria
Um pouco de anarquia
Felicidade, folia
Poesia, meio e fim

Eu queria
Escrever tal poema
Que não tivesse soluços
Mas fosse solução

Eu queria
Todo mundo junto
Gente com sangue nas veias
Lúcidos de embriaguez

Eu queria
Festa, festa, música, fogo e dança
Fazer tudo que não presta
Sem saber que cansa

Eu queria
Homens menos sérios;queda de ministérios
Conhecimentos, mistérios
Encher bem todas as panças

Eu queria
Gritar e ser ouvida
Que a vida é muito chata
Mas podia ser diferente

Eu queria
Pedestres e motoristas
Andando na mesma pista
Todos na contramão

Eu queria
Que bruxas e fadas
Fossem muito amadas
Como lhes desse tesão

Eu queria
Um ateu e um anglicano
Um judeu e um cristão
Orando em nome de Alah

Eu queria
Que o mundo fosse in verso
Viver prosas dissonantes
Em poemas desconexos

Eu queria
Todos plexos repletos
Em equilíbrio alucinante
Anunciando começos

Regina Quaresma

sábado, 28 de agosto de 2010

Memória de Maurício Grabois

Por Jorge Amado, escritor

Fonte: http://fmauriciograbois.org.br/beta/institucional.php?id_sessao=20&id_texto=18

Além de companheiros, fomos amigos. Quero dizer com isso, que nosso relacionamento, diário durante algum tempo, não se reduzia aos limites das circunstâncias partidárias

Entre os muitos dirigentes comunistas com quem tratei durante meus anos de Partido, Maurício Grabois foi um dos daqueles a quem me liguei por laços mais profundos do que os da luta política, da militância. Além de companheiros, fomos amigos. Quero dizer com isso, que nosso relacionamento, diário durante algum tempo, não se reduzia aos limites das circunstâncias partidárias, gostávamos de estar juntos, conversar fora das reuniões, falar de temas que não tinham que ver com as tarefas recebidas e cobradas. Maurício era verboso, falava muito – quando o conheci, ainda bem jovem, seu apelido era Vitrola -, mas sabia ouvir, hábito raro em geral e ainda e mais num dirigente.

De Maurício, podia-se divergir sem receio de ofender a disciplina partidária. O culto à personalidade, tão ao gosto da época, ele não o praticava ao menos no que se referia a sua própria figura: membro da Comissão Executiva era, no trato, o igual de qualquer modesto militante. Essa falta de presunção, eis uma das coisas que eu mais presava nele. Outra era a capacidade de duvidar, de querer saber de fato, tirar a limpo, num tempo em que a dúvida não era permitida, era mal-vista, quase sinônimo de falta de firmeza, senão de coisa pior. Talvez por ser judeu, Maurício tinha o gosto da dúvida e acontecia-lhe provocar a discussão, estender-lhe os limites, colher matéria para reflexão. Não sei se era bom teórico ou não, jamais consegui entender, muito menos julgar, tais categorias. O que sei é que em Maurício havia uma certa sensibilidade, um calor humano que o espírito de seita, tão terrivelmente limitador, não conseguia destruir. Fui testemunha, por mais de uma vez, do preço que pagava por não ser estreito.

Fui seu colega de bancada na Constituinte em 1946 e na Câmara Federal, em 1947. A meu ver, Maurício era, de todos nós, o de maior vocação parlamentar, um brilhante deputado. Não da mesma forma que era brilhante Mariguela: diferente, menos zombador, mais malicioso. Recordo ainda hoje um discurso que Maurício pronunciou às vésperas da cassação da bancada comunista, respondendo a Flores da Cunha que nos acusara de traidores da Pátria. Um primor de discurso, de exemplar dignidade.

Trabalhei com ele na ilegalidade — Maurício foi responsável pelos assuntos culturais —, muito discutimos e nos batemos, sobretudo em determinado tempo quando o horizonte ideológico ficara extremamente reduzido. Surpreendi-me mais de uma vez ao saber que Maurício defendera junto a seus pares da Comissão Executiva, ponencias e posições que não correspondiam por inteiro à ortodoxia imperante.

Era alegre, outra qualidade. Não cultivava o ar soturno, a caratonha de tromba, características daqueles idos. Recordo de tê-lo visto triste, acabrunhado, apenas uma vez. Chegava de Moscou onde o relatório de Kruchov ao XX Congresso do PCUS incendiava o mundo. Maurício veio ver-me em minha casa no Rio; estava ferido, eu já disse. Conversamos uma tarde inteira, conversa a “batons rompus”, ao sair ele confirmou: “eu vou em frente, haja o que houver!”

A última vez que o vi, foi em Cuba. Veio comentar comigo uma entrevista que eu dera a um jornal de lá. Depois vieram os anos da ditadura militar, eu soube de Maurício apenas notícias vagas, até que alguém me informou que ele morrera, numa guerrilha, no Araguaia. Eu sempre vira nele mais um intelectual do que um soldado. Mas não admirei que morresse guerrilheiro: escolhera seu caminho e o trilhou até o fim. Haja o que houver, me disse um dia.

Jorge Amado

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

PLEBISCITO SOBRE O LIMITE DE PROPRIEDADE DA TERRA E DO GRITO DOS EXCLUÍDOS

O Plebiscito conta com minha total solidariedade. O plebiscito é a melhor forma de garantir democracia direta. Chega de intermediários. Temos mais é que nos representar diretamente. Representante? Só comercial.
Um abraço,
Ivaldo Gomes



CARTA AO POVO DA PARAÍBA CONVIDANDO TODOS A PARTICIPAREM DO PLEBISCITO SOBRE O LIMITE DE PROPRIEDADE DA TERRA E DO GRITO DOS EXCLUÍDOS, A SE REALIZAREM NO PERÍODO DE 1 A 7 SETEMBRO VINDOOUR0



Cidadãos e Cidadãs da Paraíba,





A CNBB, o CONIC, os Movimentos Sociais, as Pastorais Sociais e tantas outras entidades, movimentos e organizações da sociedade brasileira, num total de 54, estão conclamando todos os Cidadãos e Cidadãs a participarem ativamente do PLEBISCITO POPULAR SOBRE O LIMITE DA PROPRIEDADE DA TERRA, NO BRASIL.



Do dia 1º ao dia 7 de setembro próximo, a sociedade brasileira está sendo convidada a opinar sobre se deseja, ou não, estabelecer um limite no tamanho dos imóveis rurais, como já ocorre, aliás, em muitos países. Grande parte do território brasileiro é historicamente constituída de enormes latifúndios ou de áreas até com milhões de hectares de terra que, em grande parte, ficam cativos nas mãos de um pequeno número de gigantescas empresas ou grandes proprietários que vivem a especular com a terra, deixando-a cativa, nem produzindo nem deixando que outros a cultivem. Ora, todos sabemos que são as pequenas propriedades que garantem o grosso dos alimentos em nossas mesas, além de empregarem mais do que as grandes propriedades, já que o agronegócio só cuida da monocultura de exportação (soja, cana, eucalipto, gado, etc.).


Enquanto isso, há milhões de agricultores sem terra, ou expulsos de suas terras, que são obrigados a sobreviver nos grandes centros urbanos, em péssimas condições de vida, oque agrava ainda mais o inchaço das grandes cidades, acarretando conseqüências de todo tipo.



Por isso, uma grande manifestação dos Cidadãos e Cidadãs sobre essa questão do limite da terra, por meio do PLEBISCITO, seguida de uma coleta de milhões de assinaturas, vai funcionar como uma pressão positiva sobre o Congresso Nacional, de modo a sensibilizar os Deputados e os Senadores a votarem uma Emenda à Constituição que, estabelecendo um limite máximo de propriedade fundiária (o correspondente a 35 módulos fiscais, o qual, dependendo das condições de cada região, pode chegar até a uma área máxima de cerca de 3.500 hectares), permita destinar o excedente de terras à Reforma Agrária.



Portanto, de 1 a 7 de setembro vindouro, também os Cidadãos e as Cidadãs da Paraíba são convidados a darem sua opinião, votando no PLEBISCITO SOBRE O LIMITE DE PROPRIEDADE DA TERRA. Para tanto, vão ser instaladas urnas, das 8 às 17 horas, nos principais pontos de maior afluência de gente, bem como em assentamentos rurais, em universidades, em escolas, em sindicatos, em locais designados pelas Pastorais Sociais e pelos demais órgãos promotores do Plebiscito.



Nesse mesmo período, e mais precisamente (no caso de João Pessoa), no dia 1º de setembro, vai realizar-se, pela 16ª vez, o GRITO DOS EXCLUÍDOS E DAS EXCLUÍDAS, cujo lema este ano é: “Onde estão nossos direitos? Vamos às ruas construir um Projeto Popular”. É nesta oportunidade em que também essas mesmas organizações, entidades, movimentos sociais e pastorais sociais farão um caminhada, a partir das 14 horas do mesmo dia 1º de setembro próximo, partindo da Lagoa, passando pela Integração e em direção à Praça dos Três Poderes, GRITANDO POR JUSTIÇA E CIDADANIA, protestando contra o desrespeito a tantos direitos que lhes são negados: direito à terra, direito à água, direito ao trabalho, direito à energia, direito à habitação, direito à saúde, direito a não serem criminalizados os movimentos sociais, as mulheres, os jovens, os adolescentes, os homossexuais, a pobreza.



O Grito é um momento importante que reúne todas as lutas travadas cotidianamente. Seguimos avançando na construção de mais lutas, da formação política e da organização popular, que se darão durante todo o ano.



Sem nossa efetiva participação, as coisas não mudam. Vamos fazer a nossa parte! Vamos participar do Plebiscito e do Grito!



João Pessoa, 23 de agosto de 2010



Assinam as entidades, organizações, movimentos e pastorais sociais que promovem os dois atos.

Telefone da Assembléia Popular/PB: 3222-5808

E-mail: pbassembleia@yahoo.com.br

AMOR

Rogério Guedes

Forma farmacêutica e apresentação

- Sentimento profundo que não se pode medir em miligramas, posto que transcende a ideia de peso; vem acondicionado em corações com ilimitada capacidade de amar.
Composição
Cada dosagem contém:
- abnegação e prazer.
- Excipiente: o desejo de doar-se por inteiro.
Informações ao paciente
- Mantenha o sentimento ao alcance de todos (à temperatura do corpo), em ambiente de muita luz;
- prazo de validade ilimitado;
- não esconda da pessoa amada as reações de sensibilidade;
- se tiver de alterar a dosagem, faça-o sempre para maior e sem interromper o tratamento;
- AMOR melhora o trânsito de todos os demais sentimentos de nobreza e causa grande leveza na alma;
No caso de ingestão em alta dosagem, não procurar aconselhamento médico.

AMOR É UM SENTIMENTO QUE DEVE SER MANTIDO AO ALCANCE DAS CRIANÇAS, E QUE PODE E DEVE SER TOMADO SEM CONHECIMENTO MÉDICO.

Informações técnicas e modo de usar
AMOR é um sentimento procinético que facilita, coordena e restaura a motilidade propulsora do bem-estar individual e coletivo. O fármaco ativo é o doador. AMOR aumenta a motricidade de todo o organismo e envolve o estímulo na liberação do prazer do sentir-se bem consigo mesmo. Não apresenta propriedades inibidoras de vida.

Propriedades
- Na mulher: desperta a capacidade de ser feliz e procriar.
- No homem: abobalha-o (no bom sentido) diante da possibilidade de sê-lo também, e para tanto contribuir.

Farmacocinética
- Após a administração, AMOR é absorvido rápido e completamente; sua biodisponibilidade absoluta é de 100% (o início da ação é imediato).
- O pico plasmático se prolonga ao longo da vida.
- AMOR é intensamente metabolizado em qualquer idade.

Indicações terapêuticas
AMOR é indicado para:
- solidão involuntária;
- distúrbios provocados pelo esvaziamento de relacionamentos anteriores;
- síndrome do desconforto da falta de utilidade;
- restabelecimento da vontade de viver.

Contra-indicações
- Nenhuma.

Advertências
Liebe, liub, love, amour, amore, amor. Não importa a língua ou a forma; onde quer que se faça uso de seu conteúdo de significado, AMOR é um sentimento só; é o dar-se ao próximo, ao outro, a uma causa, ao objeto da luta de cada um, sem reclamações, diferenças ou indiferenças. Quando inteiro ou pleno, AMOR é a chave que acessa o entendimento e a felicidade – à revelia de quaisquer portas entre ele e a busca de sua realização; ele é a força geradora de vida, cuja beleza transcende a matéria.

Posologia e modo de usar
- Deve ser usado em altas doses, em crianças, adultos e idosos.

Farmacêutico responsável
- Deus.

VENDA SEM PRESCRIÇÃO MÉDICA.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A LÍNGUA POÉTICA E AFINADA DO ORLANDO TEJO EM DEFESA DA NOSSA LÍNGUA !

Eu Plural: estou escrevendo sobre esse “zé limeira” arretado, porém, graças a Deus, apesar da péssima parceria com um tal de alzheimer, ainda vivo. orlando tejo, com quem, ao lado do amigo - de ambos - livardo alves, tive oportunidade de bater alguns papos, hoje, morando no recife, segundo seu irmão cleidson meira tejo, segundo ele, o orlando, o seu grande mentor, está, infelizmente, se ultimando.
estou, com exceção do seu zé limeira, o poeta do absurdo, lendo as coisas que ele escreveu, focado, principalmente, no seu “as noites do alvorada - via crucis do caboclo misterioso”. embora seja um livro sem a marca da genialidade poética do campinense, recheados de poemas (?) que se perdem pelo engajamento exagerado, tem excelentes momentos do criador dessa bela sacada saída de sua verve repentista.
fui um dos primeiros, ao lado do livrado alves, amigo inseparável, a conhecer as bem-traçadas dessa “brincadeira” que ficou famosa, segundo o próprio, feitas de repente, ou seja, de improviso. fiquem pois, com elas, porque em seguida traçarei um mal-traçado perfil, como mal-traçadas são as linhas deste escriba, sobre o seu velho “noites do alvorada…”

ah, a excelente zélimeirada do tejo foi um desabafo nos tempos em que trabalhava numa agência de publicidade, no recife, sobre o uso exacerbado e feio do estrangeirismo na língua portuguesa e a capacidade dos homens dessa área, publicidade, de complicar as coisas.

putabraço para todos.

1 berto de almeida - Fonte: http://humbertodealmeida.com.br/



NÃO AGUENTO MAIS!


Orlando Tejo


Eu saí da Paraíba,
Minha terra tão brejeira,
Pra fazer publicidade
Na Veneza Brasileira
Onde a comunicação
É toda em língua estrangeira.

É uma ingrizia só
O jeito de se falar,
O que a gente não compreende,
Passa o tempo a perguntar
E assim como é que eu vou
Poder me comunicar?

É bastante abrir-se a boca
O “inglês” fala no centro,
Nessa Torre de Babel
Eu morro e não me concentro…
Até parece que estamos
De Nova Iorque pra dentro!

Lá naquele fim de mundo
Esse negócio tem vez
Porque quem vive por lá
O jeito é falar inglês,
Mas, se estamos no Brasil
O jeito é falar Português!

Por que complicar a guerra
Em vez de se esclarecer?
E se “folder” é um folheto
Por que assim não dizer?…
Pois quem me pedir um “folder”
Eu vou mandar se folder.

Roteiro é “story board”
Nesse vai e vem estrangeiro,
Parece até palavrão
Que se evita o tempo inteiro…
Por que, seus filhos das putas,
A gente não diz roteiro?

Estão todos precisando
Dos cuidados do Pinel
Será feia a nossa língua?
É chato nosso papel?
Por que esse tal de “out door”
Substituir painel?

É desrespeito à memória
De Camões que foi purista
E esse massacre ao vernáculo
Não aguenta o repentista
Pois chamam “lay out-man”
O homem que é desenhista!

Matuto da Paraíba,
Aqui juro que não fico,
Onde até se tem vergonha
De um idioma tão rico…
Por que se chamar de “free-lancer”
Um sujeito que faz bico?

Publicidade de rádio
Apelidaram de “spot”
E tem outras besteiradas
Que não cabem num pacote.
Acho que acabou o tempo
De acabar esse fricote!

Por exemplo: “body type”
“Midia”, “top”, “merchandising”,
“Checking list”, “past up”
(Que se diga de passagem)
“Briffing”, “Top de Marketing”,
Tudo isso é viadagem!

Já é hora de parar
com esse festival grosso
Para que o nosso idioma
Saia do fundo do poço.
Para isso eu faço esse “raff”,
Isto é – perdão ! – esboço!

domingo, 22 de agosto de 2010

A ABLC, o cordel e a cultura popular

Ivaldo Gomes


Fui assistir ontem, dia 21 de agosto, a plenária da Academia Brasileira de Literatura de Cordel – ABLC, que se realizou no Teatro Paulo Pontes aqui em João Pessoa. Pra mim foi um momento importante porque revi o que de melhor existe hoje na Paraíba e no Nordeste em termos de literatura de cordel, repente e poesia popular. Dizer que por diversos momentos fui às lágrimas, com emocionantes improvisos e saudações acadêmicas seria pouco. Confesso que não sou muito fã de academias, mas a ABLC chamou-me a atenção e gostei muito do que vi e vivi ontem à tarde no Espaço Cultural. Quem não pode comparecer aquele ato literário, em um sábado de chuva, perdeu a oportunidade de emocionar-se com o que ali aconteceu.

Essa plenária foi para empossar mais três membros efetivos em seu quadro social. O folclorista, poeta, cordelista João Dantas, o rabequeiro, poeta, cordelista Beto Brito e o poeta, cordelista, pesquisador José Walter Pires. Todos três expoentes em suas áreas de trabalho. Emocionante foi ouvir a saudação de improviso do Rei do Repente Oliveira de Panelas, a saudar o artista popular Beto Brito. Oliveira de Panelas - em seus cinqüenta anos de trabalho ininterrupto - é com certeza o maior repentista vivo desse país. Com todo o respeito e o reconhecimento que tenho por todos os outros. Emocionante todas as saudações. Foi uma tertúlia literária movida a base de muita emoção. A presença de Moraes Moreira, Neumane Pinto, Jessier Quirino, Marco di Aurélio, Glorinha Gadelha, Manoel Monteiro e várias outras personalidades de destaque na plateia, acrescentou ao recinto uma qualidade indiscutível.

Depois de empossados os novos imortais da ABLC, prestou-se uma justa homenagem a outros artistas, poetas, escritores, jornalistas, músicos, que dão relevo e destaque a cultura nordestina e em especial a paraibana. Marco di Aurélio, Moraes Moreira, Neumane Pinto, Jessier Quirino, Oliveira de Panelas, Evandro da Nóbrega, Os Nonatos, Chico César, Vital Farias e Bráulio Tavares, foram agraciados com a medalha comemorativa dos vinte e dois anos de fundação da ABLC. Como você pode ver à tarde ontem foi de festa e que festa. Pois pela primeira vez fui a uma reunião de academia e gostei. Pois o ritual, a formalidade, de tais ocasiões, termina por ser muito maçantes. Coisa pra só acadêmico agüentar. O que não é bem o meu caso.

Mas a reunião comemorativa serviu também para perceber, pelos depoimentos e explanações do que se têm feito na ABLC, que existe um avanço na estratégia de organização da Literatura de Cordel no Brasil. E é graças à tenacidade e perseverança da ABLC, que tendo a frente o presidente Gonçalo, conseguiu de fato e de direito organizar essa área da cultura brasileira. E que, diga-se de passagem, possui uma importância ímpar para a formação literária de todo o nosso povo. Principalmente de nós nordestinos. Literatura de cordel e feira no nordeste brasileiro são símbolos e distinção de nossa cultura. Toda nossa vida teve no advento da feira – o encontro social semanal – o local privilegiado, onde as relações sociais se celebram e se expandem. E na feira, a literatura de cordel, registrou para a posteridade todo um-que-fazer cultural de nosso povo.

Fico feliz quando vejo tanta gente importante da nossa cultura reunida para saudar aqueles que merecem nosso respeito, carinho e admiração. Reconhecimento. Pois é isso que esses grandes mestres da cultura popular precisam da parte da gente. Principalmente dos órgãos culturais oficiais ou não. E aqui meu apelo veemente por uma política publica que confira a cultura popular seu lugar de destaque. Pois a ela é atribuída tudo que foi construído até os nossos dias. É dela a raiz maior e mais significativa de nossa cultura. Para que chegássemos a Rui Barbosa, José de Alencar, Graciliano Ramos, Zé Lins do Rego, Augusto dos Anjos, Gonçalves Dias, Euclides da Cunha, Carlos Drummond de Andrade, Ascenço Ferreira, Raquel de Queiroz, Cecília Meireles, Nélida Piñon, Hilda Hilst, Cora Coralina, só para ficarmos em alguns importantes para nossa formação cultural, tivemos que passar primeiro pelos grandes artistas da cultura popular.

Portanto, é preciso que as Secretarias de Cultura, das várias instâncias governamentais, desenvolvam linhas de pesquisas e de trabalho, na catalogação, no apoio a produção e na sua difusão, sob qualquer meio, dos artistas e das obras de cultura popular por esse país afora. A Paraíba – celeiro de grandes artistas – precisa trabalhar melhor suas obrigações com toda essa área da cultura popular. Não é atoa que o maior de todos os cordelistas - considerado o pai do cordel brasileiro - seja o paraibano de Pombal, Leandro Gomes de Barros. E eu lhes pergunto: Leandro Gomes de Barros está nas salas de aulas da Paraíba? Está e não está. Está pelo esforço de homens como o poeta e cordelista Manoel Monteiro. Mas não está por falta de apoio governamental para tal.

A cultura popular brasileira e especialmente a nordestina, pela sua grande riqueza, precisa cada vez mais de reconhecimento, divulgação e apoio. Precisamos fazer como o Ministério da Cultura vem fazendo, abrindo e reabrindo editais onde a cultura popular é de fato uma prioridade. Mas isso precisa ser extensivo também aos governos estaduais e municipais. Pois esse é um esforço de todos. Pois um povo que não preserva sua cultura, fica sem. E sem sua cultura, principalmente de sua cultura mais legítima - a cultura popular - pode até ser considerado um povo. Mas um povo em franca descaracterização e que poderá no futuro servir apenas como ‘massa de manobra’ para culturas alheias a nossa formação. Cuidar da cultura popular como faz a ABLC e o MINC são garantias de que no futuro existiremos como povo, nação e raça. Com identidade, rumo na vida e na história. Fui muito feliz ontem à tarde. Obrigado a ABLC pelo convite.

sábado, 21 de agosto de 2010

Três poemas de Lúcio Lins

O Projeto Poema com Manteiga de hoje sai em saudade do poeta Lúcio Lins. Ouvindo a música que Chico César fez sobre seu poema Duas Margens (http://www.youtube.com/watch?v=iDs99BBr2ek&feature=related). Três poemas de Lúcio Lins, com esse céu chuvoso, em lágrimas e saudades. Viva Lúcio Lins!



duas margens


quando o tempo
me cobrir os céus
com a anágua suja
da tua espera
e teus lábios
forem duas margens
um
gritando calmaria
outro
clamando tempestade
eu voltarei
de corpo e barco
e por ti
seguirei minha viagem

navegarei
entre teus braços
e segredos
eu
serei teu búzio
tu
serás o meu degredo



degelo


posto que
não haverá
mais porto
quando o sol
beber o suor
do sísifo ofício
de sobre a terra
fazer dias
e envelhecer a história
pelos mares
eu me espalho
(velas
para todos os ventos)

o que ficar de mim
podem velar

é a vaidosa lágrima
se dizendo mar



intervalo das águas


não parto
cedo-me à âncora
feliz do mergulho

meu barco
deu-se aos intervalos
das águas
e hoje
eu nunca mais navegarei

hoje
me dirão nos arrecifes
pelas espumas das perdas
nesse mar louco de pedras

meu barco
deu-se à ferrugem
dos calados
e hoje
eu nunca mais navegarei

não parto
dou-me ao mar


__________________________________________________
Do livro de poemas Perdidos Astrolábios - Lúcio Lins - Edições CCHLA - Editora Universitária - 2002 - 2ª Edição

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Anexo será construído na Estação Ciência

Em outras palavras: continua a ocupação inconsequente da Ponta do Cabo Branco, contribuindo com o processo de degradação já existente. Na realidade João Pessoa tem tantas áreas disponíveis mas a PMJP encasquetou que aquele canto é o canto. Um dia vão reconhecer que aquele espaço está sendo utilizado de forma errada. Mas do que adianta falar isso se lá só se enxerga os interesses de quem quer ficar na história de todo jeito? E o pior, é que esse tipo de atitude parte de quem deveria preservar o espaço mais significativo que a Paraíba possui. Me desculpe a sinceridade, mas a Ponta do Cabo Branco é mais importante e bem maior do que tudo isso que a PMJP quer se colocar como cartão postal. Cuidado, ego exacerbado termina em sanatório.
Um abraço,
Ivaldo Gomes

19 de Agosto de 2010 - Fonte: http://www.pbagora.com.br/conteudo.php?id=20100819144626&cat=cultura&keys=anexo-sera-construido-estacao-ciencia

Anexo será construído na Estação Ciência

A Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes, patrimônio dos paraibanos, vai ganhar um novo espaço arquitetônico multidisciplinar, com a finalidade de atender à crescente diversidade das atividades praticadas no local. A obra já foi licitada e a ordem de serviço assinada pelo prefeito de João Pessoa, Luciano Agra. A Secretaria de Planejamento do Município (Seplan) informou detalhes do projeto desenvolvido pela equipe de arquitetos do órgão. Entre outros, serão incorporados novos auditórios que atenderão a um público de 455 pessoas, sendo dois com 76 lugares, um para 67 e outros dois para 118 lugares.

O novo prédio anexo será composto por três pavimentos, distribuídos em pavilhão para exposições, auditórios, setor administrativo, restaurante, estacionamento, entre outros setores. "Todo o empreendimento segue a proposta de acessibilidade e os padrões internacionais de controle de umidade e climatização. É uma obra que, além de tudo isso, respeita as normas ambientais", frisou Marcelo Cavalcanti, Coordenador da Unidade Executora Municipal (UEM), da Seplan.

Todo o projeto da obra que será realizada pela Prefeitura de João Pessoa (PMJP) foi planejado com base na Lei Ambiental. Em toda a edificação foi prevista a preservação de uma área de vegetação nativa, encontrada na região, objetivando manter intactas as espécies arbóreas.

Nas especificações do projeto, o pavilhão terá um espaço coberto e um pavimento térreo, projetado, prioritariamente, para abrigar exposições técnicas, científicas e culturais, que tenham painéis, esculturas de pequeno e grande porte, equipamentos de diversas tecnologias e áreas da ciência. Este pavilhão de exposições terá uma área de 1.146,10m².

Outra melhoria a ser implantada é o restaurante, já que estudos da administração relevaram que muitas das pessoas que trabalham e frequentam a Estação permanecem no local nos dois horários. Por isso, a necessidade de um restaurante para as refeições desse público, dando mais conforto e comodidade aos usuários. Na área administrativa, o prédio irá disponibilizar salas especificas para esse setor.

Especificações Técnicas – Para abrigar toda essa estrutura, o novo prédio foi dividido em três pavimentos. No piso inferior ficarão os três auditórios, dois conjuntos sanitários, circulação horizontal, pavilhão de exposições com área climatizada e com controle de umidade seguindo os padrões internacionais, sala de dança e música, copa e depósito, além de estacionamento para 392 automóveis.

No térreo, serão mais dois conjuntos sanitários; dois auditórios com capacidade para 118 lugares cada; hall de entrada e galeria para circulação; recepção, depósito e copa; restaurante; cozinha completa e conjunto sanitário independente; setor administrativo; rampas de acesso e circulação horizontal.

O pavimento superior será composto por um terraço; depósito e área técnica. Para ligar os três pavimentos, serão construídas escadas e colocados elevadores. "O restaurante irá funcionar independente das demais áreas. Isso significa dizer que se outros setores estiverem fechados, as pessoas podem usufruir do espaço gastronômico", disse Marcelo Cavalcanti.

Em relação ao conforto térmico e ambiental, as cabeceiras do prédio foram detalhadas para receber tratamento acústico e térmico, de acordo com as atividades desenvolvidas. Já a galeria e a área multidisciplinar, localizadas na área sul, foram projetadas para receber ventilação cruzada.



Redação com Secom-PB

Poema Nenhum e nem Ninguém

O Projeto Poema com Manteiga, sem contar com o patrocínio da petrobrás, radiobrás, roubobrás e também de seu Brás, divulga hoje um poema polêmico do poeta Quelyno Souza, intitulado Nenhum e nem Ninguém. Uma obra prima. Confira:




Nenhum e nem Ninguém

Quelyno Souza - Fonte: http://pedrocabralfilho.blog.uol.com.br/


Faço como Ivaldo também
Para presidente vote NINGUÉM

Para o meu e o seu bem
Para senador vote NINGUÉM

Faça como Ivaldo não abra nem pro trem
Para governador vote NINGUÉM

Não vote nem por uma nota de cem
Para deputado federal vote NINGUÉM

Mostre que você é alguém
Para deputado estadual vote NINGUÉM

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Nenhum e nem Ninguém

Ivaldo Gomes

Fonte: http://www.portalbip.com/colunistas/ivaldogomes/ivaldogomes_base.html - 18/08/2010

Preferencialmente optei por Ninguém. O acho um candidato mais consistente. Se bem que Nenhum é um excelente candidato a vice. Nenhum e Ninguém representam hoje algo em torno de 15% das intenções dos votos nas pesquisas eleitorais. Na Paraíba isso representa trezentos e cinqüenta mil votos nulos. Um coeficiente que merece reflexão e respeito. Afinal de contas são trezentos e cinqüenta mil cidadãos que optam em votar nulo. Logo seus candidatos, Nenhum e Ninguém merecem ouvidos. O danado é que quem vota nulo não quer nem explicar seus motivos. O que não é o meu caso.

Já que estamos em campanha eleitoral - onde os mesmos de sempre - estão cantando aquele velho e surrado marketing político tão famoso na década de sessenta: ‘eu te darei o céu meu bem e o meu amor também’. E nos parece que pelo andar da carruagem não anima a platéia como antes. Agora só em troca de muito dinheiro é que se vota nesse passado, repaginado com maquiagem, fotoshop e outros truques para que pareça que vamos mesmo ter o paraíso depois de janeiro de 2011. De tanto ouvir mentiras optei em votar em Ninguém - seguindo uma tendência nacional - que acha que sem controle efetivo dos eleitos não tem pacto de representatividade que se sustente. Responda rápido: por que votar em alguém se não se tem o menor controle sobre ele?

Daí que acho que tanto Nenhum quanto Ninguém são de fato os melhores candidatos para enfrentar esse jogo de cartas marcadas que está ai. Onde o voto que deveria ser um direito, passa a ser exercido como obrigação e que logo se transforma mesmo em um dever. E por mais explicações que queiram dar, com campanhas institucionais, dizendo da responsabilidade dos eleitos, e nunca como controlá-los, temos o sagrado direito de também não aceitar isso dessa maneira.

Têm duas coisas que precisam ser rediscutidas por aqui urgentemente - inclusive durante o processo de campanha eleitoral – que são o controle efetivo dos eleitos pelos eleitores e como é feita mesmo a aplicação de forma justa e transparente dos nossos impostos. Ah, os impostos! Os candidatos nunca falam sobre eles. Mas querem administrá-los e com eles nossas vidas, usando-os quase sempre na tentativa de manter-se no poder e fazer seu usufruto. Portanto, tanto Nenhum quanto Ninguém continua sendo excelentes candidatos para as próximas eleições. Daí tamanha aceitação de mais de 15% nas respostas as pesquisas eleitorais.

Lembre-se, Nenhum e nem Ninguém não prometeram nada até aqui. E com certeza não lhe procurará para propor conchavos e compra de seu voto a troco de nada. Nem tão pouco vão aparecer na televisão mentindo descaradamente como esses que estão ai. Sabe por quê? Porque se esses candidatos que estão ai quisessem mesmo resolver alguma cosia por aqui já o teriam feito. Já se passou mais de trinta anos da redemocratização do país. Já houve tempo suficiente pra mudar as coisas por aqui não acham?

Então fiquemos assim ou as regras atuais são rediscutidas, ou uma grande parcela da comunidade - trezentos e cinqüenta mil só na Paraíba - vão continuar protestando por mudanças. Pois elas serão feitas mais cedo ou mais tarde. Só depende de um pouco mais de conscientização da população. Quando ela perceber que as regras colocadas hoje não dão a menor garantia de mudança efetiva, não legitimará mais esses candidatos como faz hoje. Ou você assinaria um contrato com alguém que não garantisse o serviço? Assinaria? Pois bem, então explique como se vota nessas pessoas sem ter a garantia que elas vão fazer o que a gente precisa de verdade?

É bom pensar nisso, pois do jeito que está não dá pra continuar. A não ser que você ache justo pagar uma conta sem participar do banquete. Ficar apenas com os encargos, já que os cargos e as mordomias vão ficar com essa meia dúzia de senhores e senhoras que se acham mais merecidos que todos nós. É uma atitude no mínimo impensada. Pois já passamos da hora de colocar essas questões na ordem do dia, nas agendas e discussões. Comecem a se perguntar quais são as garantias que nós temos, de que os eleitos vão fazer as mudanças que precisamos? Quais são essas garantias de verdade? Se não existe é melhor rever o seu voto. Sugiro Ninguém com Nenhum pra vice. Quem sabe as autoridades não aprendam a enxergar a falta de garantias que eles oferecem.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Poemas de Chagas Correia

O Projeto Poema com Manteiga de hoje sai em divulgação de três poemas de Chagas Correia. Do seu livro alternativo NO MUNDO DA LUA.


MEU MUNDO


a lua
é o satélite dos poetas
a terra
é um poema

o universo
é o tamanho da imaginação
e nós fomos feitos a semelhança de um verso.



SOBRE-NATURALIDADE


às vezes meu coração fica leve
e um orgasmo sobrenatural
emite uivos lunáticos
macabramente belos
que assustam até os deuses do pecado.



CADA-FALSO


você
um gelo de rum
um sanduíche de queijo com areia
o mar
eu
a lua
a nuvem que vêz em quando nos encobre
lençol que me entristece
porque anseio ver o que faço
mesmo que teu beijo seja falso
(como se falso fosse todo esse momento).

domingo, 15 de agosto de 2010

Artistas sem bandeira

Acho que Jamarrí tem muita razão em cobrar esse silêncio todo. Afinal, será que basta mesmo uma gratificação comissionada para párar a cultura na Paraíba? Perguntar é elucidar, como diz o jornalista Marcos Tavares. Essa carapuça de silêncio subserviente eu não visto. Pois sempre me fiz presente dizendo o que acho. E acho até que muita gente acha um saco tudo que eu acho. Pois eu acho sempre muito. E muito tem ainda que ser dito. E como têm.

Artistas sem bandeira. Que bandeira.

Um abraço,
Ivaldo Gomes




Tacape na Testa

por: Jamarrí Nogueira

Domingo, 15 de Agosto de 2010 - 06h00 - Fonte: http://www.portalcorreio.com.br/jornalcorreio/colunaLer.asp?columnId=31
Artistas sem bandeira

Artista adora assistencialismo e, de maneira geral, vive às custas de esmolas governamentais. Um projeto aqui, um cargo acolá. São reclamões, contundentes e estentóreos. O período eleitoral na Paraíba, todavia, tem sido marcado por um silêncio dos infernos!!! A categoria está caladinha. Não se manifesta nem através da Internet.

Motivo?!?! Medo. Embora pequena parte não se interesse pelo processo, ampla maioria está fora - na verdade - porque teme manifestar opinião antes que as urnas sejam abertas em outubro. Imaginem a situação. Fulano, Beltrano e Cicrano anunciam apoio a Bê, mas o vencedor termina sendo Cê. Lascou!!!

Os neurônios entram em parafuso: ‘vou ficar fora do Fenart!’, ‘não vão aprovar meu projeto na lei de incentivo!’, minha esposa vai perder o cargo comissionado’, ‘vou perder meu cargo comissionado!’.

O nível de dependência impede a manifestação da opinião, maior bem do artista. Aliás, um dos maiores bens do cidadão. Bocas encalacradas. Mordaças. Sei não.

Historicamente, não há recordação de administração estadual que tenha privilegiado o setor cultural de maneira sinérgica. Nos últimos 16 anos, o negócio só piorou. Ainda assim, artistas preferem o silêncio. Não se arriscam. Cedem às neuras. Ao medo. À ausência de opinião.
A manhã tropical não mais se inicia e a bandeira há muito encontra-se enrolada.

Ainda é tempo

Ainda é tempo de apresentar propostas, planos e projetos para a área cultural. Do Litoral ao Sertão, que artistas desenrolem as bandeiras e tratem de exigir dos candidatos compromisso com o setor cultural. Os debates e as avaliações são imprescindíveis. Ou preferem o silêncio...?

sábado, 14 de agosto de 2010

Sobre poesia

Ivaldo Gomes


Disse essa semana a um amigo que quando faltou ao homem o discurso, ele descobriu a poesia. A poesia é um salvo conduto para aqueles que são tocados por ela. Todos nós temos a capacidade de escrever poemas. Mas nem todos de senti-los. Na poesia nada é definitivo. Nada tem a ver com nada e só tem. É frente, verso, reverso, ante verso. Por mais diverso que seja o tema que ela utiliza, ela sempre diz sua mensagem. Fazer poesia é fácil. O difícil é deixá-la de lado. Nada que tenha comparação. Pois ela fala de todos os temas, inclusive alguns anátemas. Nenhum sistema aplaudiu de verdade a poesia. Poetas ainda são presos hoje em dia.

A poesia é tolerada pelo ‘stablisment’. Chega-se ao ponto de se comprar alguns escribas e colocá-los na crista da onda, que logo passa e se descobre sem poesia. Um fiasco pra quem topa. Mas muitos poetas e poetizas tiveram maus e bons bocados nesses últimos dez mil anos. Acho um bom espaço de tempo para estabelecermos um arco de poemas e versos. Não vamos aqui desfiar os poetas ou os poemas dos últimos dez mil anos. Seria árduo e nada poético para esse texto. Que com certeza não é poesia. Pode até falar dela. Mas isso pouco importa. O que gostaria de dizer é que a poesia sempre foi, é e será uma das coisas mais sérias que eu mesmo já conheci.

Falo por experiência própria. De quem de vez em quando é apossado de uma vontade de escrever e dizer coisas que mesmo depois de ditas, lidas, relidas, parece mesmo que foi você que fez. Mas como fiz? Fiz, peguei o lápis, a máquina de escrever, o teclado do computador, a voz gravada no gravador e até imagens e sons para aparecer no Youtube. Não importa como eu diga, a mensagem da poesia é sempre a mesma. Palavras, sentidos, emoções. Um quebra cabeça que vai se montando com sentimentos e alma. Pensamento, momento, inspiração, meio ambiente, envolvente ou não. A poesia paira como incenso no ar. Ocupa e seu cheiro é inebriante.

Devemos levar mais a sério a poesia. Os poetas nem tanto. Eles são uns farsantes como bem disse Fernando Pessoa. Mas acreditem, os poetas são tão imprescindíveis a esse mundo, como o horizonte ao céu. Poetas são como costureiras que costuram um cordão que liga todas as coisas as outras. É um costureiro das palavras, dos sentimentos, dos ditos e não ditos, de todos os versos e palavras já escritas como e com forma de poema. Poema é sem esquema. Não tem regras e possui todas. Nunca diga o que não sente, pois a falsidade fica registrada e isso não é poesia.

Temos todas as capacidades do mundo. Em algum canto da gente vive um ditador, um medíocre, um assassino, um crente, um monge, um bonzinho, um compreensivo, um justo, um certo e um errado. Temos todas as capacidades de todos. Apenas, por educação, formação, medo, limitação, falta de condição, podemos ou não desenvolver qualquer uma dessas capacidades. E uma delas é o de externar nossos sentimentos em forma de poesia. Aqui a experiência é fatal. A poesia, quando tocada, é um doce veneno que quanto mais você tem mais a quer por perto. Poesia tem tudo a ver com musa, com motivo. E como temos musas e motivos a nos inspirar!

Portanto, quando você se deparar com um poema, escrito em qualquer lugar, com qualquer material ou forma, você logo saberá que está diante dela, na sua presença. Sabe daquelas coisas que você não compreende o que seja, mas quando a vê sabe na hora que era aquilo que você gostaria de ter visto, vivido, sentido? É pura emoção. Você sabia que poemas são como meizinhas que aliviam a alma e as engrandece? Ela puxa pelo lado bom da vida. Até os lamentosos poemas, ajudam a refletir sobre os lamentos e os problemas dessa vida. A poesia é como um bálsamo para aqueles que têm olhos, olfato, tato e audição. Uma degustação.

Então ficamos combinados assim: poesia é a coisa mais seria que existe nos dias de hoje.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Sobre o Ceticismo

Fonte: Estevam Dedalus [estevam_dedalus@yahoo.com.br]




Estevam Dedalus


O método científico possui um ingrediente cético que pode ser bastante útil. Ele recomenda a suspensão de valores e a procura por provas cabais, livres de preconceitos, firmadas experimentalmente. Essa visão choca-se com o princípio de autoridade e crenças sustentadas pelos costumes. O conhecimento científico está associado ao reconhecimento, por especialistas de determinado campo, à apresentação de provas racionais e a um conjunto minucioso de processos empíricos. Apesar disso os cientistas não estão imunes a modismos intelectuais e ao respeito reverencial a companheiros ilustres – o que geralmente costuma produzir efeitos negativos sobre a criatividade.

Nem sempre quando nos deparamos com novas ideias estamos em condições de bem avaliá-las. O deslumbramento em seu aspecto negativo conduz à veneração servil, gerando indivíduos submissos à idolatria e suscetíveis à crença cega na autoridade. É causa de profundo fanatismo. Por outro lado, quando bem empregado, torna-se fonte de motivação e enlevamento. O astrônomo que pela primeira vez atine para a vastidão do universo e mire na possibilidade de existir outros seres vivos inteligentes, terá tais sentimentos. Quantas coisas desconhecidas parecem surpreendentes, encantam ou provocam medo quando observadas pela primeira vez? Muitas teorias e doutrinas que em épocas passadas foram consideradas verdades insofismáveis, obras cerzidas com o melhor elã de nossa civilização, posteriormente perderam a validade.

Na vida cotidiana, o ceticismo pode ajudar a nos proteger de trapaceiros, políticos demagogos e toda a sorte de pessoas mentirosas ou mal intencionadas; servir de antídoto contra superstições e preconceitos; diminuir a força na crença dogmática através do fortalecimento do diálogo racional. Fico imaginando que se o espírito cético contagiasse violentamente o leitor, ele acabaria colocando em xeque tudo o que foi dito até aqui. E que talvez duvidasse da própria capacidade de duvidar ou até mesmo de sua existência – estas últimas questões são demasiadamente filosóficas e desimportantes quando encaradas de um ponto de vista prático. Pessoas comuns considerariam isso um sinal de loucura.

Por essas e outras advogo o ceticismo moderado, que não impeça a ação. Evitamos assim cair numa cadeia infinita de dúvida que, se universalizada, paralisaria toda a sociedade. Caso contrário podemos supor um cenário caótico em que juízes, dominados pela incerteza, não desempenhariam adequadamente suas funções nos tribunais. Os médicos não operariam, devido à impossibilidade de escolha racional. Seria o fim do comércio. Prisões. Escolas. Fábricas. Arte, ciência e política. De qualquer vestígio de realidade. A completa paralisia, naturalmente, acarretaria em morte generalizada por inanição.

Evidente que tudo isso não passa de devaneios. Sendo assim, coloquemos de lado a imaginação e não nos esqueçamos de reconhecer o valor do ceticismo quando aplicado com sabedoria e moderação.


Sociólogo.

Tudo cinza

Ivaldo Gomes

O dia cinza,
A vida cinza,
A alma cinza,
Tudo cinza.

No inverno,
Tudo cinza.
Às vezes
Cinza claro,
Cinza escuro,
Mas cinza.

A política cinza,
O discurso cinza,
O diálogo cinza,
As promessas cinza,
As pessoas cinza,
A morte cinza,
Finados e cinzas.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Academia Brasileira de Literatura de Cordel na Paraíba.

Fonte: sergival@petrobras.com.br

No próximo dia 21 de agosto, a ABLC, Academia Brasileira de Literatura de Cordel, entidade cultural permanente, sediada no Rio de Janeiro, fundada em 1988, que abriga no seu quadro de Acadêmicos e Beneméritos, os mais ilustres e representativos escritores e admiradores desta genuína expressão literária da Língua Portuguesa, realizará sua Plenária de agosto na Capital Paraibana, no Teatro Paulo Pontes – Espaço Cultural, a partir das 16h.

Apoiada pelo dinamismo e revitalização que vem sendo implantados, a sua nova Diretoria, estabeleceu que a Plenária de agosto, que é um encontro mensal de avaliações e congraçamentos do seu quadro, será realizada na cidade João Pessoa, na Paraíba, por ser berço de expressivos e atuantes cordelistas e também para empossar os três novos Acadêmicos eleitos, que são os poetas, João Dantas, Beto Brito e José Walter Pires.

João Dantas – JOÃO CRISÓSTOMO MOREIRA DANTAS, nasceu em janeiro do ano de 1954, no município de Nova Palmeira, antigo distrito de Picuí, no estado da Paraíba. É ator, autor e diretor teatral, produtor musical e poeta popular, compositor e pesquisador do folclore nordestino, radialista filiado a Associação Campinense de Imprensa e Associação Paraibana de Imprensa. Atualmente ocupa o cargo de Vereador 2004/2008. JOÃO DANTAS é casado há 35 anos com a Srª. Janete Dantas, com quem tem cinco filhos e cinco netos.

Beto Brito – Rabequeiro-nordestino, cordelista-brasileiro, cresceu no meio das feiras livres no interior do Piauí, Santo Antonio de Lisboa, cidade onde nasceu – ano de 1962 e viveu até o início de sua adolescência. Aos doze anos mudou-se para Picos, onde continuou sua vida de vendedor ambulante na feira do Mercado Central. Neste período teve a oportunidade de conviver com violeiros, cegos, repentista, mágicos, trapaceiros, romeiros, ciganos, malandros, coquistas, emboladores e vendedores ambulantes daquela região. Com dezessete anos resolveu buscar os sonhos da música e da literatura, deixou a cidade de Picos e foi morar em Fortaleza, Recife, São Luis, Teresina e, por fim a Paraíba. Encostou e fez morada neste último estado, onde reside e desenvolve sua arte.

José Walter Pires – Baiano de Ituaçú e atualmente residente de Brumado no sudeste da Bahia. Sociólogo, Advogado, Educador e Poeta. Atuante e participativo membro das atividades socioculturais do seu estado. Um produtor e escritor incansável de livretos de Literatura de Cordel. Com diversos títulos publicas, sobre temas diversos, incluindo o folclore, fatos cotidianos, históricos, políticos, ambientais, governamentais, educativos, sendo estes o seu principal foco. Acaba de publicar em Literatura de cordel, “A história da Ordem dos Advogados de Brasil”.

Esta Plenária contará com as presenças do Presidente e do Diretor Cultural da Instituição, Poetas Gonçalo Ferreira da Silva e Chico Salles respectivamente, alem dos demais membros da ABLC, notadamente os Acadêmicos residentes no Nordeste: Crispiniano Neto, Klévisson Viana, Sávio Pinheiro, Arievaldo Viana, Manoel Monteiro, Bule Bule, José Maria de Fortaleza, João Firmino Cabral e Pedro Costa. Estarão presentes, também à comitiva com Acadêmicos do Rio de janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Destacando-se aí os Poetas: Mestre Azulão, Moreira de Acopiara, Sergival Silva, Cícero Pedro de Assis, Antonio Araújo Campinense, Ivamberto Albuquerque Oliveira, João Batista de Melo, Maria Rosário Pinto, Fernando Silva Assumpção e Olegário Alfredo.

Nesta plenária serão homenageados com a Medalha Comemorativa de 22 anos da ABLC, estes gigantes personagens da Cultura Popular Nordestina, os ilustres paraibanos José Neumanne Pinto, Oliveira de Panelas, Os Nonatos, Chico César, Moraes Moreira, Vital Farias e Bráulio Tavares.

A expectativa da Direção da ABLC, para esta segunda Plenária anual a se realizar fora da sua sede no Rio de Janeiro, é de total sucesso, devido à experiência da Plenária de 2009, realizada em Fortaleza - CE. Pretende-se também, tornar parte das suas Plenárias anuais, itinerante realizando-as de maneira rotativa em outros estados, notadamente nos estados que tenham parte do seu quadro Acadêmico residente.

O evento será realizado para o Corpo Acadêmico presente e seus convidados. Será também aberto ao público, que receberá senha 30 min antes do início da Plenária, pois o auditório do Teatro Santo Rosa, dispõe de 420 lugares. ENTRADA FRANCA.

“NESTE ANO ESTAMOS TRABALHANDO PARA TORNAR A LITERATURA DE CORDEL TOMBADA PELO IPHAN, COMO PATRIMÔNIO E BEM IMATERIAL DO POVO BRASILEIRO”.

http://www.ablc.com.br/

Cansei de ficar atrás

Ivaldo Gomes


Cansei de ver a Paraíba na rabeira do desenvolvimento brasileiro. Cansei, cansei e cansei de ler, de interpretar, de tentar entender, o que seja mesmo ‘esses índices’ que diz sempre que nós ficamos ali, onde ninguém quer ficar, ao relento, jogado fora do jogo, no banco de reserva sem possibilidades de ser titular um dia. Cansei desse discurso de que aqui a gente não é capaz de resolver o nosso analfabetismo, a nossa falta de educação, a nossa falta de progresso. Também pudera, com tanta gente torcendo e fazendo contra queria o quê?

Os governos dos últimos trinta anos – meu deus do céu – mas não dar pra aceitar calado. Não da forma que foi feito (ou não foi feito) isso é o que importa. Pois o Estado da Paraíba continua a amargar um subdesenvolvimento que já foi por demais decantadas suas soluções, por tanta gente decente como Celso Furtado, Adalberto Barreto e Ronald Queiroz. Não vou tomar seu tempo em justificar esse atraso. Atraso sim, pois se tivéssemos feito o que deveríamos na época adequada tudo isso que está ai não estaria assim. E não estaria se tivéssemos tomados outros caminhos, destinos, que não foram os que deveriam ter sido.

Não é uma questão de achar culpados por nosso atraso. É uma questão de tentar entender o porquê que ficamos assim. Pois podíamos ter tido outras prioridades, além daquelas em que a elite se fez de ‘merecedora’ da riqueza de todos. Não acho justo. É uma questão de ética, de cultura e de filosofia. De política já não digo tanto, pois ultimamente ela não tem sido merecedora de reconhecimento, pra não chamá-la de vendida a quem lhe possa pagar melhor. Não gosto da política sendo exercitada nesse nível. Acho pouco compatível com o seu real significado. Política é coisa séria. Muito séria. Sem que tenha necessariamente que ser chata. A política é arte do bem viver de todos.

E é esse 'todo' que sinto falta nas propostas eleitoreiras de sempre. O ‘todos’ deles parece mais com um guarda sol, onde só eles se protegem de chuvas e trovoadas. Mas a gente tem que vivê-las. Não acho justo. E justifico dizendo que os nossos impostos, são mais do que suficientes para mudar esse estado de coisas. Já não falo no Estado em seu sentido lato, estático, de poder. Falo do estado de espírito que todos nós temos que nos irmanar, para que enfim, até por um processo de educação, temos que terminar por aceitar um modo de vida mais coletivo. Onde o bem estar social, a verdadeira política, vai gerar as políticas públicas que atenderá de fato o público e nunca, e nem sempre, o privado.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Mesma Ambição

Ivaldo Gomes


Dizia Drummond:
“Homem de partido, partido”.

É parte, pedaço, peça.
Quebra-cabeça de interesses.
Partido de coisas que favorecem.
A interesses do poder.

Mandar nos outros...
Faça o que se manda...
Vote em mim.

Derrubemos isso.
Democracia só participativa.
Representação é embuste.
É traição ao povo.

São os mesmos senhores,
E as mesmas ambições.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Meu bem querer

O Projeto Poema com Manteiga traz agorinha um poema djavaniano.


Ivaldo Gomes





Djavan cantou a rima.

E depois o que foi

Mesmo de nós dois?



Assistimos assim esse amor,

Que se agarra em nossos corpos,

Pega fogo, diz e me diz.

E de triz em triz,

De faísca em faísca,

Tocamos fogo em nós.

A sós, em nossos lençóis.

Ai de nós!



Meu bem querer,

É tão assim,

Um encanto,

E nem quero sofrer tanto,

Pois amor,

Pra mim é paz,

É ternura.



Meu bem querer,

Por enquanto,

Eu te amo tanto.

E isso basta pro

Dia de amanhã.



Meu bem querer,

Esse canto e tanto,

É bem verdade

Do querer.

Apatia à parte

Ivaldo Gomes


Fonte: http://www.portalbip.com/colunistas/ivaldogomes/ivaldogomes_base.html - 10/08/2010

É de doer à falta de interesse da população com as eleições. Até onde a vista alcança não vemos o engajamento do passado. Toda movimentação gira em torno de atividades pagas. Ou paga ou não tem atividade. A verdade é essa. Queira ou não os candidatos. As eleições de uns tempos pra cá se tornou um grande teatro. Onde a direção (partido) apresenta um candidato que promete mundos e fundos. Mas na realidade só está interessado nos nossos fundos. Explico melhor! Nossos fundos gerados com os zilhões de impostos que nos obrigam a pagar.

Por esses dias, aqui e em Campina Grande, ouvi, de viva voz, diálogos do tipo: ‘esse pessoal pensa que a gente é besta. Já não basta tudo que arrumaram?’ O outro sem querer concordar e concordando: ‘do jeito que vai, é melhor deixar esse pessoal que já está ai. Pelo menos a gente não vai ter que aprender o nome desses novos ladrões’. Eu calado ouvindo com a língua coçando. Doido pra dizer das minhas. Dizer que falta muito para que a gente chegue a um processo que de fato seja democrático. Tem horas que acho que eu sou um tremendo dum burro. Pois o conceito que aprendi de democracia não bate com esse conceito ai da praça.

‘O senhor quer que eu pregue esse adesivo do candidato tal no seu carro?’ Resposta: ‘diga a esse corno, que se ele pregar essa bosta no meu carro eu dou uns tabefes nele’. E o senhor: ‘eu nem do Papa estou aceitando mais’. Mas na frente vi o chão cheio de adesivos retirados perambulando pelo chão. Daqueles que pra não constranger ninguém e sair constrangido (coisa da paciência brasileira), pára o carro mais na frente e simplesmente arranca o adesivo com uma meia dúzia de palavras que não vamos aqui publicá-las. Vai que uma criança ler esse texto.

As eleições de hoje parecem mais um concurso ‘público’, onde tudo já está pensado. Nada pode sair do ‘script’. Foi fulano que foi escolhido pra levar e vai levar e pronto. Mesmo que o povo - esse eufemismo que a tudo se alude - vai continuar sendo usado como massa de manobra para interesses nem sempre são justificáveis, mas quase sempre são contrários aos interesses da maioria da população. Realmente - tantas lutas, tantos esforços - para redemocratizar o país e ver emergir esse quadro de oportunistas é dose! Mesmo assim não tenho saudades da ditadura. A melhor democracia ainda é aquela que conseguirmos colocar em prática. E essa que está ai – a justificar o injustificável – não tem nada a ver com os interesses da maioria do bondoso povo brasileiro, paraibano e pessoense. Temos que rediscuti-la. Sempre.

Depois eu lhe explico o porquê do bondoso.


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* Ivaldo Gomes é professor, com formação em Educação Física. Especialista em Educação Popular pelo PPGE-UFPB. Militante no campo da educação, meio ambiente e cultura.

Colunas Anteriores:

* A morte da crítica?
* ‘Aliança se faz com os diferentes’
* Controle Social
* Marcus Aranha, um presente
* Alhos com bugalhos
* Na linha do horizonte – final
* Na linha do horizonte – IV
* Na linha do horizonte – III
* Na linha do horizonte – II
* Na linha do horizonte – I
* Escola MUNICIPAL Lions Tambaú - Parte XVII
* Dois pesos e várias conclusões
* O discurso da razão cínica III
* O discurso da razão cínica II
* O discurso da razão cínica
* A Esparrela de Dom Fernando Teixeira
* Cultura para quem precisa
* Sistema Nacional de Cultura e a Paraíba
* As Itacoatiaras do Ingá
* Faltou Educação
* Vila Olímpica quando?
* Boas notícias
* E por falar em 2010
* Educação Política - o mau exemplo da direção do SINTEM
* Carta aos educadores municipais
* Uma Lagoa de problemas
* Sobre merenda escolar
* Travestidos de injustiças
* Justiça Fiscal
* Não é por nada não...
* O Poder da Palavra do Povo
* O mundo muda rápido
* Respeitem a Paraíba
* Pensando Alto
* Fé
* Democracia direta
* Ave César!
* A Bigorna da Consciência
* Por que votar nulo nas próximas eleições?
* Perspectivas hoje na Paraíba – Parte VII - a guisa de conclusão
* Perspectivas hoje na Paraíba – Parte VI - O eixo dos governos e das representações sociais
* Perspectivas hoje na Paraíba – Parte V - O eixo do emprego e geração de renda
* Perspectivas hoje na Paraíba – Parte IV - O eixo dos serviços sociais
* Perspectivas hoje na Paraíba – Parte III - O eixo da infra-estrutura
* Perspectivas hoje na Paraíba – Parte II - O eixo da Educação
* Perspectivas hoje na Paraíba – Parte I - Uma opinião para estabelecer a discussão
* Botando pra quebrar
* A eleição de 2008 e o TCE/TRE
* Augusto Crispim
* Escola MUNICIPAL Lions Tambaú Parte XVI
* Enfim começa o ano
* Oficina Escola de João Pessoa
* PARAHYBA sim senhor(a)
* Na linha o horizonte
* Paikan e o gostinho de veneno
* Programa Saúde da Família
* De repente o rap
* Relato de uma viagem ao brejo e curimataú
* Cultura é estratégia
* Três Pontos...
* Mil dias de abandono
* Centro Cultural do Terceiro Setor Thomaz Mindello
* O grande Pedro Santos
* Assaltos e arrombamentos no Anatólia
* Um outro Estado
* E nossos rios?
* Transposição já
* Balduino Lélis
* A questão ambiental no Estado
* A crise é moral
* Cadê os Centros Culturais privados?
* Por trinta centros culturais
* Enquanto seu lobo não vem
* Ainda a Escola Municipal Lions Tambaú - (Parte XV)
* UEPB no Centro Histórico
* Educação, educação
* A devastação do Cabo Branco
* Um Largo Cultural
* Dinâmica na Política
* Teatro Ednaldo do Egito
* Alimentação Saudável - Parte III
* Alimentação Saudável - Parte II
* Alimentação Saudável - Parte I
* O conhecimento védico
* mais...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Faça o bem

Ivaldo Gomes


Faça o bem,
Sem olhar a quem.
Assim é o preceito.
Sem preconceito,
Sempre o bem.
Faça o bem,
Sem olhar a quem.

Faça por fazer.
Por ser natural,
Sem ser banal,
Ser real, afinal,
O que seria
Da gente sem
O outro?

Falo do outro,
Aquele/a que você,
Se identifica.
Homem/Mulher,
Dia/Noite.
Pobreza/Opulência.
Faça.

Faça o possível
Para que você seja
Um instrumento
De bondade.
Faça e pronto.
Mas faça.
Do seu jeito.

Tenha a consciência
De que faz.
E isso basta.
Pois foi feito.
Bem feito.
Ajude ao alcance
Da sua mão.

sábado, 7 de agosto de 2010

Hiroshima e Nagasaki: um agosto para nunca esquecer

A maior e mais insana atitude humana.
Um abraço,
Ivaldo Gomes


Hiroshima e Nagasaki: um agosto para nunca esquecer

da Redação em 22/07/10 - Fonte: http://catracalivre.folha.uol.com.br/2010/07/hiroshima-e-nagasaki-um-agosto-para-nunca-esquecer/


A Associação Paulista de Medicina (APM) realiza entre 2 de agosto e 3O de setembro, a mostra “Hiroshima e Nagasaki: um agosto para nunca esquecer!”. São 30 pôsteres com imagens e textos informativos e cinco DVDs que reúnem testemunhos dos sobreviventes, documentários e animações japonesas. A entrada é Catraca Livre.
fotos: divulgação

Hiroshima e Nagasaki

A Associação Paulista de Medicina (APM) realiza entre 2 de agosto e 3O de setembro, a mostra “Hiroshima e Nagasaki: um agosto para nunca esquecer!”.

São 30 pôsteres com imagens e textos informativos e cinco DVDs que reúnem testemunhos dos sobreviventes, documentários e animações japonesas. A entrada é Catraca Livre e as visitas devem ser agendadas.

De acordo com Milton Massato Hida, um dos colaboradores da exposição, o intuito, além de relembrar as consequências da tragédia, é homenagear os sobreviventes que moram no Brasil, incentivar a abolição das armas nucleares e celebrar a paz.

Bombardeios
Leia Mais

Animação mostra a tragédia provocada pela bomba atômica sobre Hiroshima

O lançamento das bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki ocorreu no final da Segunda Guerra Mundial, em 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente. Estima-se que cerca de 220 mil pessoas foram mortas nos ataques, e outros milhares sofreram graves sequelas pela exposição à radiação.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Hoje 06 de agosto de 2010 centenário de Adoniran Barbosa

Mate a saudade: http://www.youtube.com/watch?v=Ea5nMXIRxQM


Adoniran: o rosto de São Paulo


Fonte: http://www.adoniranbarbosa.com.br/


Se toda a diversidade cultural e as contradições de São Paulo pudessem ser resumidas e encerradas em um só rosto, este certamente viria sob um nostálgico chapéu de feltro e acima de uma indefectível gravata-borboleta. Paulistano de Valinhos, Adoniran Barbosa incorporou e difundiu as vertentes, as tendências e as realidades - suaves e doloridas - de sua terra e de sua gente.

O criativo Barbosinha, porém, não se contentaria em repetir fórmulas. Atuando no rádio, no cinema, na televisão, no circo e na música, legou digitais indeléveis na cultura bandeirante, peculiares marcas que não demorariam a se espalhar, tentacularmente, por todo o país - em especial nas estações ferroviárias, onde centenas de “não posso ficar” seguem ecoando pelos trilhos.

Artista popular no mais popular dos sentidos, Adoniran extraiu da cidade inspiração para compor suas canções e seus personagens. E são eles a garantia de que, ainda que o “pogréssio” jogue contra, São Paulo seguirá aproveitando a sabedoria do velho boêmio para renovar-se com graça e ironia em sua perene troca de identidade - assim como o cidadão João Rubinato, ou Charutinho, ou Zé Conversa, ou Adoniran, o fez tantas vezes.



Guia do centenário

Um centenário multimídia, à moda de Adoniran

Shows, livro, CD e documentários para comemorar os 100 anos do artista


No ano do centenário de Adoniran Barbosa, uma série de produções, eventos e realizações celebra o artista, resgatando e divulgando para as novas gerações sua vida e sua obra. E, ao melhor estilo do mestre, que brilhou na música, no rádio, no cinema, na TV e no circo, entre outras, as homenagens são também multimídia.

Na música, nomes como Paulo Vanzolini, Carlinhos Vergueiro, Maria Alcina e Cristina Buarque já subiram ao palco no primeiro semestre para soltar a voz em shows-tributo a Adoniran. Diversas apresentações musicais estão programadas ao longo do ano – siga o site oficial e o Twitter do Adoniran para não perder nenhuma delas.

No início de maio, chega às lojas o CD Adoniran 100 anos, da gravadora Lua Music, com produção de Thiago Marques Luiz. São 24 canções do compositor, interpretadas por uma constelação de nomes da nova geração e da velha guarda – Jair Rodrigues, Arnaldo Antunes, Wanderléa, Cauby Peixoto, Dominguinhos, Leci Brandão, Fabiana Cozza, Demônios da Garoa, Quinteto em Branco e Preto, Diogo Poças, Verônica Ferriani, e por aí vai.

No mundo das letras, já está nas livrarias a edição comemorativa do livro Adoniran – Uma Biografia, do jornalista Celso de Campos Jr (Editora Globo). Ampliada, a biografia traz roteiros originais do programa Histórias das Malocas, sucesso no rádio paulista nos anos 1950 e 60, escritos por Osvaldo Moles e estrelados por Adoniran, em seu célebre papel de Charutinho.

No segundo semestre, a MOJO Books lança o Almanaque Adoniran, histórias em quadrinhos, passatempos, crônicas e outras atrações inéditas assinadas por grandes nomes das artes populares.

Nas telas, a Rede Globo de Televisão exibe, no segundo semestre, o especial Por Toda Minha Vida em homenagem a Adoniran Barbosa. As produtoras Boitatá e a Ioiô Filmes preparam um documentário sobre o artista, a cargo das diretoras Aline Sasahara e Vange Milliet.

Nos palcos, está em produção um musical, dirigido por Rubens Ewald Filho, e uma releitura músico-teatral do programa Histórias das Malocas, a cargo do Instituto de Artes do Brasil, com direção de Nanah Pereira.

Para unificar e chancelar as comemorações, a comissão do centenário lançou um logo comemorativo, criado pela designer Tatiana Rizzo, que une elementos gráficos do artista e da cidade de São Paulo que ele tanto cantou em suas músicas. Se você planeja alguma homenagem ao Adoniran e quer usar o selo comemorativo em seu material, escreva-nos: eventos@adoniran.com.br.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Pesquisa revela número da violência contra a mulher na Paraíba

As mulheres e nem ninguém precisa disso. Chega! Precisamos enquadrar esses violentos. Mais educação também ajudaria muito. Quem sabe melhor divisão de renda. Mais acesso, inclusão social. Mas a violência tem que ser combatida, denunciada, cobrada providências.
Um abraço,
Ivaldo Gomes


João Pessoa, 04/08/2010 - 08h17
CRIME

Pesquisa revela número da violência contra a mulher na Paraíba

Os dados correspondem aos atendimentos

Fonte: http://www.maispb.com.br/artigo.php?id_artigo=20100804081838

Os relatos de ameaça e a não dependência financeira de seus agressores são os principais destaques do perfil da violência doméstica da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). Os dados são inéditos e correspondem aos atendimentos de janeiro a junho deste ano. Nesse período, o Ligue 180 registrou 343.063 atendimentos - um aumento de 112% em relação ao mesmo período de 2009 (161.774).

As ameaças foram verificadas em 8.913 situações. É a segunda maior manifestação de crime relatado pelas cidadãs que acessam a Central, precedida apenas pelo crime de lesão corporal. Das pessoas que entraram em contato com o serviço, 14,7% disseram que a violência sofrida era exercida por ex-namorado ou ex-companheiro, 57,9% estão casadas ou em união estável e em 72,1% dos casos, as mulheres relatam que vivem junto com o agressor. Cerca de 39,6% declararam que sofrem violência desde o início da relação; 38% relataram que o tempo de vida conjugal é acima de 10 anos; e 57% sofrem violência diariamente. Em 50,3% dos casos, a mulheres dizem correr risco de morte. Os crimes de ameaça somados à lesão corporal representam cerca de 70,0% dos registros do Ligue 180. Dados da Segurança Pública também apontam estes dois crimes como os de maior incidência nas Delegacias. O percentual de mulheres que declaram não depender financeiramente do agressor é de 69,7%. Os números mostram que 68,1% dos filhos presenciam a violência e 16,2% sofrem violência junto com a mãe.

“A voz de uma mulher que reporta estar sendo ameaçada tem de ter credibilidade. Pois só a vítima é quem tem a real dimensão do risco que corre”, declarou a subsecretária Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, da SPM, Aparecida Gonçalves.

Ranking nacional - Em números absolutos, São Paulo lidera o ranking com 47.107 atendimentos, seguido pela Bahia com 32.358. Em terceiro lugar aparece o Rio de Janeiro com 25.274 dos registros. A procura pelo Ligue 180 é espontânea e o volume de ligações não se relaciona diretamente com a incidência de crimes ou violência. A busca pelo serviço reflete a um maior acesso da população a meios de comunicação, vontade de se manifestar acerca do fenômeno da violência de gênero, ao fortalecimento da rede de atendimento às mulheres e ao empoderamento da população feminina local.


População feminina - Quando considerada a quantidade de atendimentos relativos à população feminina de cada estado, o Distrito Federal é a unidade da federação que mais entrou em contato com a Central, com 267 atendimentos para cada 50 mil mulheres. Em segundo lugar aparece o Tocantins com 245 e em terceiro, o Pará, com 237.

Lei Maria da Penha - Do total de informações prestadas pela Central (67.040), 50% correspondem à Lei Maria da Penha (33.394). Durante os quatro anos de existência, o Ligue 180 registrou 1.266.941 atendimentos. Desses, 30% correspondem a informações sobre a legislação (371.537).

Tipos de violência - Dos 62.301 relatos de violência, 36.059 correspondem à violência física; 16.071, à violência psicológica; 7.597 à violência moral; 826 à violência patrimonial; e 1.280 à violência sexual, além de 229 situações de tráfico e 239 casos de cárcere privado.

Perfil das mulheres - A maioria das mulheres que ligam para a Central têm entre 25 e 50 anos (67,3%) e com nível fundamental (48,3%) de escolaridade.

Perfil dos agressores - A maioria dos agressores têm entre 20 e 45 anos (73,4%) e com nível fundamental (55,3%) de escolaridade.

MAISPB com Assessoria

Nem esquerda nem direita

Carlos Aranha vai na mosca. Excelente artigo.
Partido hoje, nos parece que apenas o Partido Alto
Um abraço,
Ivaldo Gomes


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Opinião
por: Carlos Aranha
Quarta, 4 de Agosto de 2010 - 06h00- Fonte: http://www.portalcorreio.com.br/jornalcorreio/colunaLer.asp?columnId=105

Nem esquerda nem direita

São fantasmagóricas, estúpidas, defasadas e delirantes as tentativas de situarem as atuais campanhas eleitorais nos espectros da esquerda e da direita, já que o último pôr-do-sol desse tipo de confronto foi quando, com diferentes projetos de poder, Lula e Brizola juntaram-se no segundo turno de 1989 contra Collor. Ali, sim, havia um claro confronto esquerda-direita e, por isso, foi a eleição em que a Rede Globo mais empenhou-se, ajudando-a a defini-la quando fez a famosa montagem do debate Lula-Collor no “Jornal Nacional” do dia seguinte.
A maior demonstração de que o confronto acabou é a de que hoje Lula e Collor são aliados em Alagoas e na eleição para o Planalto, enquanto o PDT, fundado por Brizola, espatifa-se sem identidade fazendo qualquer tipo de aliança dependendo da situação de cada um de seus Diretórios Estaduais. O PDT dá apoio a Dilma Rousseff para a presidência e, nos Estados, exercita - de acordo com as conveniências encontradas - o InTR, o Índice da Traição.
Na eleição presidencial, os últimos ecos dos tambores ideológicos estão flutuando nos corredores do PSOL, PSTU, PCO e PCB (já que o PC do B está na aliança dilmista, o PSS é ex-comunista e dá apoio a José Serra e o PSB largou de vez o socialismo desde que Miguel Arraes morreu).
Enfim, há um profundo erro conceitual em colocar Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva nos espectros da esquerda ou da direita. Dilma e Serra, com suas posições neoliberais na economia, há muito jogaram no lixo o vestuário esquerdista. Também não estão à direita, pois conservam princípios humanistas essenciais e preocupam-se com projetos sociais. Marina, à maneira de Lula, nunca foi “de esquerda”, mas sindicalista. A ex-Ministra e o atual Presidente jamais estiveram à esquerda ou à direita.
Completando a desideoligização destas eleições, basta analisar as alianças feitas em quase todos os Estados, liberadas que foram com a união do PT e PMDB (Dilma) e do PSDB e DEM (Serra). União da social-democracia (PT e PSDB) com o centro-direita (PMDB e DEM).

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Hospital fecha portas

Quando você fecha um hospital,
você abre a porta pra morte entrar.
Quando você fecha uma escola,
você abre a porta para a marginalização.
Quando você pendura a placa 'Não há Vagas',
você joga muitos na miséria.
Quando você se elege mentindo,
você fecha o hospital, a escola,
o trabalho, a vida.
Ai eu lhe pergunto:
Governo pra quê?
Só nos resta a rebelião.
E é isso que temos que fazer.
Um abraço,
Ivaldo Gomes

Hospital fecha portas

Jornalista Giovanni Meireles - Fonte: http://www.pbagora.com.br/coluna.php?id=20100802212513&cat=politica&keys=hospital-fecha-portas


Hospital fecha portas

Nesta segunda-feira pela manhã, o Hospital Santa Cecília, localizado na cidade de Mari, fechou as portas definitivamente, devido à crise financeira que abalou a estrutura administrativa da unidade ambulatorial.

Demissão em massa

Foram demitidos 19 funcionários (entre clínicos, obstetras, enfermeiros, atendentes, farmacêuticos, nutricionistas, auxiliares de limpeza, cozinheiros, etc), deixando seis cidades sem assistência médica básica e de urgência: Mari, Sapé, Caldas Brandão, Riachão do Poço, Sobrado e Gurinhém.

Corte financeiro

Os recursos que o hospital recebia não passavam da quantia de R$ 43 mil e – mesmo assim – foram suspensos. Houve uma audiência pública na Câmara Municipal, mas nada de concreto foi resolvido pelos vereadores.

Diretor decidiu parar

Por esse motivo, o médico Ivanildo Arruda (pai da cantora Renata Arruda) decidiu no último sábado, mandar fechar as portas da casa de saúde e demitir seus 19 funcionários, o que aconteceu na manhã desta segunda-feira.

Município busca solução

O prefeito Antônio Gomes (PSDB), ao tomar conhecimento do assunto, pediu à sua secretária municipal de Saúde para agendar uma audiência urgente com o secretário de Saúde do Estado, José Maria de França, para tentar encontrar uma fórmula de reabrir imediatamente o hospital. Ambos estão juntos, na foto acima.

Resposta imediata

Assim que tomou conhecimento da matéria divulgada na imprensa local pelos blogs de Fábio Mozart (www.fabiomozart.blogspot.com) e do professor Josa (www.professorjosa.com.br), o secretário estadual de Saúde, José Maria de França, fez os seguintes esclarecimentos:

Governo isento de culpa

– O Estado não cortou recursos destinados ao Hospital Santa Cecília. Os recursos que eram repassados mensalmente pelo Estado ao Hospital (R$ 35 mil) eram do Fundo Nacional de Saúde. E isso era feito, porque o município de Mari não tinha gestão plena de saúde.

Prefeitura assumiu SUS

– A partir do mês de junho, Mari adquiriu gestão plena e o dinheiro do Fundo Nacional de Saúde, destinado ao Município deixou de passar pelo Estado. Agora, os recursos federais para manutenção de todos os serviços de saúde de Mari caem direto na conta do Município (Fundo Municipal de Saúde).

Responsabilidade local

– Sendo assim, cabe ao município destinar um teto financeiro para cobrir as despesas com AIHs (Autorizações para Internações Hospitalares) e procedimentos ambulatoriais do Hospital Santa Cecília. Esta alteração na forma do repasse de recursos é normal em todo processo de mudança de gestão.

Verbas são federais

– A municipalização ou a gestão plena do sistema de saúde é uma tendência nacional e um avanço. Uma das vantagens é a descentralização dos recursos federais, que passam a ser repassados “fundo a fundo”, sem a intermediação do Estado.

Saída criativa

– Sendo gestor pleno de seu próprio sistema de saúde, o município de Mari poderá implantar ações inovadoras e modernizar o gerenciamento dos serviços de saúde.

Reabertura negociada

– Acredito que o Hospital Santa Cecília e o Município de Mari entrarão num acordo para manter a unidade funcionando ou encontrar uma solução para garantir a assistência da população que depende do hospital.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Estado cidadão é a ciberdemocracia

Domingo, 1 de Agosto de 2010 - Fonte: http://www.portalcorreio.com.br/jornalcorreio/matLer.asp?newsId=144749


Luiz Carlos Sousa


De tempos em tempos há previsões de verdadeiras revoluções que estão por vir. Não faltam arautos para anunciá-las. Difícil é compreendê-las e decifrá-las como faz o professor Flamarion Tavares Leite, doutor em Direito pela PUC/SP, quando o tema é a internet e o direito. Ele chega a prever a criação de uma cultura interconectada que abolirá diferenças nacionalistas e com um direito supra- estados. “Vejo um grande poder de transformação capaz de superar todas as diferenças”, acredita. Nessa conversa, que contou com a participação do filósofo Emerson Barros de Aguiar, o professor Flamarion fala de Kant, de ética e até da solidão dos que se escondem atrás de um teclado para se comunicar e buscar a felicidade.

A entrevista
- O senhor está coordenando a “Coleção 10 lições’, que tenta tornar mais acessível a obra de grandes pensadores, como Kant, Marx e Maquiavel. Como surgiu essa idéia de trazer a filosofia, a economia e a política para uma linguagem coloquial?
-Essa coleção teve origem no meu livro “10 lições sobre Kant”, que não pretendia, inicialmente, fazer parte de coleção. Depois, com a aceitação que teve do público, entramos em conversação – eu e a Editora Vozes - e pensamos que este livro poderia ser transformado em uma Coleção.

- O que proporcionou a transformação do livro “As 10 lições sobre Kant” no início de uma Coleção?
- A estruturação do livro, que tem um prefácio, uma introdução, as dez lições e uma conclusão com a bibliografia. Mas a principal característica é pinçar, nas lições, os conceitos centrais do pensamento do autor analisado, numa linguagem acessível que possa alcançar uma base ampliada de leitores.

- Apesar do trabalho já concluído e impresso a pergunta é: dá para reduzir Kant em 10 lições?
- Confesso que tive um enorme trabalho e como diz o prefaciador, Tercio Sampaio Ferraz Junior, que foi meu orientador no doutorado, penetrar nesse labirinto intricado do pensamento kantiano não é fácil. Ele afirma que esse livro “é um exemplo de arte sintética”. Esse é o objetivo da Coleção.

- A Coleção enfoca o trabalho de pensadores, que já morreram, mas cuja obra permanece atual?
-Permanece atual. E muitos ainda não foram totalmente entendidos. Kant dizia que chegou um século adiantado. E esse vaticínio ainda hoje não se concretizou, porque se estuda e procura-se compreender o pensamento kantiano, que continua atual, assim como o de Marx, apesar do fim dos governos socialistas baseados em sua teoria.

- Como o senhor avalia esse movimento que hoje impõe quase que o pensamento único do marketing de vendas, com todo o mundo pressionado, praticamente sem limite?
- Marx não previu a globalização, mas ela não se dá apenas em nível econômico. A globalização hoje é, sobretudo, da internet. Quando houve a revolução industrial, o que ocorreu foi a utilização do pensamento científico da época em termos de elementos material e energético. A força humana de trabalho e a produção embasavam todo o pensamento industrial e mercantilista. Atualmente, temos o modo eletrônico-digital, paradigma informacional que traduz o mundo em dados binários.

- Como o senhor se classifica em relação a esse contexto de hoje?
- Eu sou da geração atômica, do texto, do papel, do livro, assumidamente analógico, enquanto os jovens são da geração digital. Eles têm uma dificuldade de descer ao texto. Preferem o ciberespaço, a internet. Essa é uma das questões fundamentais de hoje. E não se pode ignorar o que é moderno, contemporâneo, o crescimento do próprio universo digital, da mídia e da internet.

- O senhor defende em um de seus livros uma espécie de soberania do ciberespaço. Como seria isso?
- A ciberdemocracia. Foi lançado agora em 2010 um livro de André Lemos e Pierre Lévy, enfocando a internet rumo a uma ciberdemocracia planetária.

- Essa cyberdemocracia não nos remete ao romance “1984” de George Orwell que traça um cenário de onipresença da tele tela – que hoje seria a internet?
- De um lado, há realmente esse perigo, como a idéia do panóptico de Foucault, do big brother, do qual, infelizmente, temos uma versão estereotipada do que seria o “grande irmão”: o estado vigilante, ditatorial e controlador. Nos filmes “Inimigo do Estado” e “A Rede”, citados em meu livro” Os Nervos do Poder”, temos exemplos de um estado controlador, através do meio digital.

- Aliás, há um projeto firmado entre vários países...
- O projeto “Echelon”, firmado através de um acordo entre Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Nova Zelândia e Austrália, em decorrência do qual 120 satélites estão nos espionando diuturnamente, de tal maneira que toda conversa que nós temos através de fax, telefone, internet, telefone móvel, GPS etc. é captada e analisada. É a idéia de um controle via satélite de todos os meios de informação.

- Qual a reação a isso?
- Digo nesse meu livro que paralelamente a esse estado do big brother, do panóptico, temos também o Estado do cidadão, no qual ele exerce a ciberdemocracia, essa multimídia, que gera a inteligência coletiva interconectada. Ela vai se opor, de certa forma, ao Estado. Os grandes movimentos, hoje, estão dentro do ciberespaço, da rede mundial de computadores de cidadãos cada vez mais independentes em blogs, microblogs, twitter. Isso é transformação, ciberdemocracia. A ideia de um cidadão planetário, conectado via digital. Tudo em tempo real. Isso é o outro lado da moeda à opressão do Estado.

Emerson Barros de Aguiar – O Arthur Clarke dizia que o avanço tecnológico vai fazer com que o crime seja praticamente inviável, por causa da vigilância sobre a sociedade...
- O filme “Minority Reporter” mostra isso: antes da sua ocorrência, já se tem o controle.

Emerson – Mas estranhamente, não sei se por uma desconfiança atávica contra a tecnologia, quando a gente olha para o futuro em termos de romance, você percebe que se produz anti-utopias com a tecnologia do que praticamente um país. A que o senhor atribui isso?
- Eu atribuo à própria – creio que os romancistas vão por essa linha – desconfiança do ser humano. E no que ele pode produzir: a inteligência artificial pode ser pior do que o próprio homem...

- Numa se comunicou tanto, nunca foi tão fácil interagir e nunca houve tanta solidão...
- Muita gente não consegue ser o que é se não estiver diante de um teclado, na frente de uma tela de computador, anonimamente...É a isso que me refiro como global, a inteligência mundial ou coletiva interconectada. No Brasil hoje temos entre 45 e 50 milhões de usuários da internet. No mundo, 1,5 bilhão. E o maior crescimento não é nos países desenvolvidos, mas na América Latina, África, Oriente Médio e Caribe.

Emerson - A revolução sempre acontece onde não se espera...
-É verdade. Marx, por exemplo, previu a revolução num País industrializado e ela foi acontecer exatamente na Rússia atrasadíssima. Apesar da idéia de solidão, eu creio que o usuário do ciberespaço tem a necessidade umbilical de estar conectado a um pensamento coletivo.

- Mas a saída para a existência é tecnológica ou filosófica?
- Hoje, mais do que nunca - e alguns filósofos estão céticos por isso -, há um embate entre tecnologia e filosofia. A Filosofia surgiu como projeto filosófico pensado por Sócrates – não apenas um diletantismo, uma especulação. Em Sócrates, há um projeto efetivo de transmitir, ensinar e perpetuar a Filosofia, seguido por Platão e Aristóteles, que é quando vai nascer a chamada ciência.

- Como o senhor vê historicamente a Filosofia?
- A Filosofia é a mãe das ciências. Depois, a ciência se libertou da Filosofia, mas esta manteve, de qualquer maneira, o seu status de “scientia scientiarum”, a ciência das ciências. Na idade média tivemos uma transformação por conta da teologia. Na modernidade, graças ao pensamento científico, houve uma bifurcação entre filosofia e ciência, porque o que vai pesar na idade moderna e que veio libertar do pensamento teológico da idade média é exatamente a ciência de Galileu, de Copérnico. Foi aí que começou o pensamento científico, embora ligado à questão filosófica, que entrou como um elemento catalisador dessa transformação científica.

- Também foi com Galileu que a ciência se rebelou em relação ao pensamento religioso...
- O homem começou a se desvincular do problema teológico. E quando penetramos na época contemporânea, sobretudo a partir da revolução industrial, nós vemos a tecnologia assumir cada vez mais um papel de direção, de comando, se distanciando da Filosofia. Hoje, a tecnologia está praticamente independente da Filosofia. E nessa queda de braço, a tecnologia parece, a meu ver, estar ganhando por um round.

- A tecnologia está assumindo um papel que torna desnecessária a filosofia para entender o homem?
- Por isso, a Filosofia caminhou, no início do século XX, para o campo da estética, da comunicação, da linguagem.

Emerson – Num caminho muito crítico da tecnologia?
- Já fazendo a crítica. Já começa a dizer: olha não é bem por aí nosso caminho. A Filosofia já aponta o desvio.

Emerson – A escola de Frankfurt produz toda a reflexão sobre a tecnologia...
- Exatamente. É a grande precursora. Ela já sentiu que a tecnologia estava caminhando por uma linha que não era a dela. Por isso digo que é necessário um retorno a Kant.

- Por quê?
- Porque as bases da ética kantiana são mais do que nunca necessárias e estão sendo mais do que nunca estudadas. A União Europeia, hoje, tem um projeto de bases kantianas: a ideia de uma paz mundial – Kant tem uma obra chamada À Paz Perpétua. Por isso, falo da internet, da globalização, dessa cidadania do ciberespaço e da inteligência interconectada, da ciberdemocracia, defendendo, de certa forma, um projeto com base em pressupostos kantianos.

- Como será esse projeto?
- Primeiro, a criação de uma nova ciência, o ciberdireito e, segundo, um governo planetário.

-Será possível todos sob um mesmo manto, um mesmo governo?
- O futuro, de uma perspectiva da democracia globalizada, é algo quase inimaginável. Entretanto, procuro ver todo esse processo, apontar caminhos. E vejo um caminho: utilizar todo o aparato científico e tecnológico proporcionado pela internet, que é o medium planetário por excelência. Órgãos como a Organização Mundial do Comércio, a Organização Mundial da Saúde, o Banco Mundial, prefiguram, respectivamente, os Ministérios do Comércio, da Saúde e das Finanças de um governo mundial.

- A globalização hoje é mais que econômica?
- Ela não é apenas econômica, não é só política, monetário-financeira. Ela é sobretudo da internet. A grande globalização está no elemento digital. O homem não procura mais dominar a natureza – no sentido de Francis Bacon: de torcer o pescoço dela -, mas dominar a natureza dos pixels, das informações binárias, do mundo digital. Não é transformação da matéria, o extrativismo. Ela está sendo transformada binariamente.

- De certa forma é um retorno à origem, porque ou preserva ou se acaba...
- Exatamente isso: ou preserva ou se acaba. Por isso, esse futuro é meio nebuloso de se enxergar, mas está presente cada vez mais. As ficções de antigamente hoje estão se tornando realidade. De tudo o que já li sobre ficção científica só não se realizaram, ainda, duas coisas: o tele-transporte de Jornada nas Estrelas, embora já exista a tele-portação de partículas inanimadas; e a touca cerebral – embora já exista a experiência com chips implantados em cérebros para transmitir informações.

- A cada ano se dobra o conhecimento humano. Onde vai caber tudo isso e para que vai servir tudo isso e como a educação vai se apropriar desse conhecimento para transmiti-lo sob a perspectiva de que quando você estiver no terceiro ano de Filosofia tudo o que aprendeu estará superado. O homem voltará sempre aos princípios?
- Por isso a Filosofia não morreu e não morrerá nunca, mesmo soterrado o momento filosófico pela questão tecnológica. As questões imanentes do ser humano não desaparecem, elas continuam as mesmas: quem sou eu, de onde vim, para onde vou? E mais: um fenômeno sobre o qual o homem não deixa de pensar - que é a morte. Por mais tecnologia que se tenha, como a criogenia, o fenômeno morte não deixa de tocar o ser humano. É uma questão filosófica presente desde a Antiguidade.

- O livro de papel está com os dias contados?
- Eu faço a apologia escancarada do “livro tradicional”, que não vai acabar, apesar do digital. É como o cinema. Quando surgiu o VHS, os apressados disseram que o cinema iria acabar.

- Com esse avanço exponencial do conhecimento como ficará a História se estamos perdendo a capacidade de reflexão, uma vez que está tudo em tempo real?
- Tudo está na revolução digital, sobre a qual estou falando. Essa relação da internet, essa inteligência coletiva, essa interconexão planetária tem uma relação direta de tempo e espaço e, de fato, rompeu barreiras. Desde a revolução da própria linguagem: dos sinais, para a falada, para a escrita e finalmente a midiática. E a comunicação sofreu o encurtamento do tempo e espaço. Hoje, a informação é transmitida de forma instantânea.

- Será que o mundo conseguirá construir um sistema jurídico que possa atuar planetariamente?
- O Ciberdireito deve ser um novo direito, com o objetivo de disciplinar as relações do ciberespaço. Portanto, impõe-se a criação de uma nova ciência. Sob o ponto de vista político, a internet pode criar uma nova categoria de cidadão, uma espécie de cidadania do ciberespaço. Impõe-se a criação de um órgão supranacional, composto de representantes dos Estados, que não seria encarregado de aplicar o ciberdireito tão- somente, mas uma entidade que tivesse os poderes executivo, legislativo e judiciário e com força cogente, para obrigar ao cumprimento das normas. Indubitavelmente, chegaremos a esse ponto.

- Os Estados Unidos vão aceitar que um soldado deles seja julgado por crime de guerra no Afeganistão?
- Você está tendo uma visão política localizada no hoje. Mas você tem que considerar a revolução midiática, digital. Estou vendo nela um grande poder de transformação, capaz de superar todas as diferenças nacionalistas. Pode-se pensar numa Corte Superior planetária. A revolução midiática levará a isso como levou a baixar livros diretamente da internet e à criação de maravilhas da engenharia como o smartphone e o blue- ray, ao jornalismo cidadão e ao jornalismo móvel. Tomando-se uma questão isoladamente (Estados Unidos-Israel-Irã), sem conectá-la à revolução digital, à ciberdemocracia global, tem-se uma visão estática.

- Apesar de ser um fenômeno recente, ainda pouco estudado, a internet tem volta?
- Não, não, não! Embora eu diga que não se destruiu o livro, o cinema, eu asseguro que a cibercultura veio para ficar, evoluir e transformar. Haverá uma reconfiguração, em escala global, do aparato estatal ideológico dos países.

- Como essa transgressão criativa obedecerá a um arcabouço jurídico planetário?
- É necessário que tenhamos a visão de que um órgão terá de ter essa função e ser aceito pelos Estados. As nações europeias, hoje, têm dificuldade de aceitar as normas supranacionais, mas chegará o momento em que não prevalecerão as vontades particulares. Temos que considerar a opinião pública, que de maneira inconsciente e dialética, fatalmente se curvará. Aliás, já se curvou. Tenho amigos que tinham forte resistência ao computador. Depois que o conheceram, não abrem mais mão dele. Viciaram-se, positivamente. Eles se sentem conectados agora. É a marcha da História, todos acabam se amoldando. É inevitável.

- E o nosso futuro, as crianças?
- Elas pegam um livro e fazem leitura dinâmica; eu preciso de tempo para entender conceitos. Elas têm, em sua maioria, essa aptidão para entender o mundo digital, de decifrar códigos dificílimos, como no filme “Código para o Inferno”, onde uma criança autista resolve um enigma com uma velocidade impressionante. Elas estarão bem num mundo interconectado.