sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Minha mãe III

Ivaldo Gomes


Hoje ela completaria 87 anos.
Dia trinta e um sempre
foi um dia de festa.
Ela arrumava a casa.
Deixava o fogão ligado
o dia inteiro.
Preparava o jantar
do reveion.
E sempre me perguntava:
Quais os planos pro
ano novo?
Sempre desejava sorte.
Dizia que a sorte vinha
sempre acompanhada de
um amigo.
E tudo seria
sempre melhor.
Gostava de ir ver
o movimento na rua.
Curtia os fogos e o
espocar da champagne.
Dizia sempre pra ter
pensamentos positivos.
Acreditava em amuletos.
Dizia que comer romã
atraia sorte.
E eu ficava a ver
o pisca-pisca,
da árvore de natal.
E ela era feliz e sabia.
Como sei hoje.
Parabens mãe,
por mais um aniversário.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Minha mãe II




                               Ivaldo Gomes

Nessa época do ano
Ela arrumava a casa
Pro natal.
Armava a árvore.
Enchia de algodão
Pra dizer que era neve.
Ligava o pisca-pisca.
Colocava caixinhas
Embrulhadas como
Se fosse presentes.
Era tudo de faz-de-conta.
Mas que conta até hoje.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Pesadelo






                   Ivaldo Gomes


Enfim fiquei sem nada.
Perdi o verso, a rima,
O poema.
Agora sou eu e ela,
Sozinhos.
A musa ficou
Desolada.
Na calçada da vida,
Passo o dia a dia
Sem vê-la,
Sem senti-la,
Sem tocá-la.

Fazer o que sem ela?
Sem inspiração?
Sem tesão?
É uma pena pro poema.
Pra poesia e pra
Coitada da musa.
Tudo agora só silêncio.
Só perda e desatino.

Ai de sobressalto,
Eu acordo todo suado.
Era pesadelo.
Ufa!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Nosso namoro

Ivaldo Gomes


Nosso namoro foi com o iniciar
Dos tempos.
Estávamos juntos naquela
Explosão.

Que se expande até hoje.
Como essa madrugada que
Esvai-se aos raios do sol.

Assim somos nós,
Apaixonados na vida.
Um juntinho do outro
Todos os dias.

Namorando o tempo.
O tempo todo.
Todos os dias.