segunda-feira, 28 de março de 2011

Sempre o poder


                                                                         Ivaldo Gomes


            O homem/mulher sempre perseguiu o poder. Seja um sobre o outro, seja ambos sobre os outros. A dificuldade não está em si, no poder. Está no uso dele. O que diferencia um poder correto de um incorreto é que no correto ele se reveste de bons propósitos. Não há lugar para o mal em bons propósitos. Então não é o poder que temos que temer. Mas o quê o homem/mulher faz com ele. Esse é um ângulo interessante de se ver esse problema. O entendimento do poder é o quê se deve ser feito com ele. Não adianta ter o poder e não saber usá-lo ou usá-lo de forma errada. Claro que o uso indevido do poder criou toda uma escola de egoísmo ao longo do passeio histórico da humanidade. Alguém há de lembrar que já foi pior. Antes não havia esse conceito de democracia que existe hoje. Esse conceito, digamos moderno que aperfeiçoamos hoje, tem ai uns bons trezentos anos.

            O exercício do poder é a maior arma para se desmascarar falsos propósitos. Não tem como o poderoso de plantão não se revelar. Pode até ser que a imagem dele não seja compreendida no instante do exercício do poder, mas com o distanciamento, o tempo, vai mostrando quem foi ele de verdade. Dá pra negar que o General Garrastazu Médici foi o pior momento da ditadura militar? Dá pra não colocar na conta histórica dele as dezenas de cadáveres de brasileiros/as que foram ao holocausto para que nós possamos hoje está escrevendo dessa maneira? Não, não dá. A história é implacável! Alerto aos sonhadores de poder que ele tem um preço. Ele lhe dá a oportunidade histórica de dizer a que veio e a mando do quê. Pois urge o debate sobre os dias de hoje.

            Muita gente se surpreende com as medidas de impacto social que o político profissional Ricardo Coutinho tem gerenciado na administração pública, seja na PMJP, seja no governo estadual há quase três meses. Ele assinou um projeto de mobilidade social, que acho que melhora muito a economia popular e ainda ajuda os empresários pelo aumento das viagens. ‘O lucro vem da quantidade’. Já nos ensinava os espertinhos dos economistas que ajudaram a implantar o capitalismo. Uma atitude simples de governo, mas corajosa. Ou seja, o uso do poder com bons propósitos. Tem que ser parabenizado pela ação. Pois da mesma moeda que se faz a crítica, se faz o elogio. É frente e verso de um mesmo dorso. Mas têm mais. Tem o projeto empreender, o desenvolvimento sustentável. Mas por que outros governadores antes dele não fez? Falta de bons propósitos no exercício do poder.

            Peguemos pra cristo o ex-governador José Maranhão ou mesmo a esperança que não se concretizou do ex-governador cassado Cássio Cunha Lima. Nenhum dos dois, por todo tempo que estiveram no exercício do poder, não fez o que o atual governo faz em apenas três meses e com toda uma propaganda de ‘terra arrasada’ que foi encontrada. E pela pisada vai andar muito rápido. E a Paraíba pode de fato ter entrado em um novo circulo. O que é muito bom. Não graças a Ricardo e Cia, mas a saturação de falta de propostas que os governos anteriores não conseguiram e nem queriam colocar em prática. Volto à questão dos bons propósitos no exercício do poder. Por mais crítico que você possa ser a esse governo, tem que ter a honestidade de render-lhe vênias quando ele acerta. Mesmo sabendo que somos nós que pagamos a conta e somos de fato o receptáculo de todo o poder. ‘O poder emana do povo e em seu nome será exercido’.

            O exercício do poder, ou da crítica do poder, precisa seguir alguns parâmetros. Alguns códigos de conduta éticos. Até para que seja respeitado como tal. Não aderi ao governo. Não sou comissionado em nada pra isso. Se faço críticas e elogios, são na tentativa de dizer o que penso como cidadão. Já que como eleitor deixei de votar em alguém até que fique claro como se controla quem se elege. Já como contribuinte só tenho queixas. Sinto-me extorquido e ludibriado. Mas no exercício da cidadania, do poder que me cabe e das críticas e elogios que possa fazer, ficarão sempre na perspectiva de vivenciar e exercer um estado democrático de direito coletivo. E ai, talvez eu tenha mais ajudado os governos com as críticas e os possíveis elogios, do que se estivesse remuneradamente batendo palmas pra eles. Mas no exercício do poder que nos cabe, da crítica e até dos elogios que possamos fazer. Só nos servirá se tivermos bons propósitos.


sexta-feira, 25 de março de 2011

Covil ou sociedade?


                                              Leo Barbosa   (escritorleobarbosa@hotmail.com)
                                                  
                                          

   Durante nossa trajetória se olharmos, com calma, para toda a pressa que permeia nossos membros circunvizinhos, veremos que cada qual está trançando um propósito.  Se bem ou mal ainda, pode ser cedo para averiguar. Todavia, em geral, nos especializamos em mascarar as marcas dos nossos problemas através de subterfúgios que vão desde uma agenda atolada de atividades até uma espécie de fanatismo religioso. Alguns nem sabem mais em que e em quem crer, pois tantas são as inverdades que nos rodeiam. Já outros prosseguem tocando a vida sem melodia... sonhos...

   Na artificialidade diária, casais, famílias dividem o mesmo teto, mas não convivem. Suas histórias vão se distinguindo pela indiferença ao quotidiano de cada um. Ambientes sustentados pelas conveniências, por uma falsa paz que logo explode em violências físicas e morais. Os entrechoques do dia-a-dia vão fomentando um rancor que consome os valores até extingui-los. O que resta? Algumas cláusulas da Constituição que nem sempre terão a voga necessária. Das casas a violência transcende para as ruas, escolas, locais de trabalho. Nasce o tal “bullying” que é um sistema de agressões que burla qualquer um que queira ser ou que nasceu diferente dos padrões impostos por uma sociedade amesquinhada pelas mídias. 

   Nascemos, e em pouco tempo nos é imposto um conjuntos de costumes e etiquetas visados no que a constituição familiar acredita, o que nem sempre serão beneficentes. Se não seguirmos esses protocolos, provavelmente seremos punidos, excluídos; em seguida reconheceremos que perdemos um bem: a liberdade.

   No entanto, não são de todo más as restrições impostas; muitas vezes elas servem para nos protegermos de nós mesmos, pois proporcionam um equilíbrio. Essa delimitação nos recorda das nossas possibilidades. 

    Receio que, por estarmos numa era do “Quem chega primeiro”, fica fácil o ser humano se corromper ao buscar o incorreto como cano de escape, para superar suas dificuldades financeiras, pessoais. Hoje, o sucesso é não mais ser feliz, mas ter status, dinheiro. Cooperação versus competição...

    Decorrendo o tempo, vamos nos contentando com os fragmentos restantes dos valores familiares,das virtudes, preceitos religiosos e de toda ligadura com o bem. Então, vamos coexistindo num espaço que denominarão “lar”. 

    Carinho, intimidade, fraternidade, serão palavras de um dicionário obsoleto, ou apenas palavras que não terão a força do verbo; por conseguinte, o verbo se fará uma parte de um nada.

Aranha faz o contraponto de Augusto dos Anjos num livro cosmopolita e que funciona como cabedal de várias gerações




Fonte: http://linaldoguedes.blog.uol.com.br/

Linaldo Guedes


Um livro que é ao mesmo tempo místico e também um resumo de várias gerações. Assim que pode ser definido “Nós an Insight”, primeira obra poética de Carlos Aranha lançada pelas Edições Linha D´Água. É como se fosse um compêndio, um caleidoscópio, onde passeiam pelas suas páginas os fatos que mexeram com a alma dos leitores da obra nos últimos quarenta anos. Além disso, é um livro cosmopolita. Aranha parte de João Pessoa, sua cidade natal, para expor, no ritmo da poesia, sua visão de mundo.

O lado místico pontua a maioria dos poemas do livro. Já no poema de abertura da obra – “Nós”, um diálogo direto com a poética de Augusto dos Anjos – Carlos Aranha busca introspecção para definir o seu EU. “Assumo o ser que somos nós./ Deus é se de tom tamanho/ que seu silêncio é som da nossa voz”. Em outros poemas, essa busca pelo divino, pelo místico, pelo encontro do EU é uma constante. Assim, lemos versos como “Deus é co-autor da dor”, “Pra que tant´identidade,/ se o mundo não pergunta por seu nome” e “Sofrer só é virtude/ quando Deus além de amor/ é dor”, entre outros versos onde a imagem de Deus é em forma de busca constante, não de interrogação.

O resgate das várias gerações é bem descrito por Walter Galvão no prefácio da obra. “Existencialismo e vanguardas, internacionalismo e tropicalismo coabitam, definem-se, integram-se e atritam-se neste livro de poemas do multiartista Carlos Aranha. “Nós na Insight” é portfólio d´Essas Coisas transformadas e transformadoras que criamos e pelas quais somos criados permanentemente nos inúmeros labirintos em que vivemos nesta galáxias do sentir, pensar, conceber e comunicar”, diz Galvão.

De fato, a poética de Aranha traz dentro dela todo esse cabedal de que fala Galvão. E outros ainda não mencionados. Somos todos contemporâneos dessa poética. E não precisa ter convivido com Aranha pessoalmente para reafirmar o que acabamos de escrever. Estão lá nas páginas de “Nós an Insight”. Filmes de Bergman, a geléia geral de Torquato, o blues, Hermeto Paschoal, o relógio do Lyceu, o misticismo de Gilberto Gil, o rock paraibano do Sombras Dolentes, a pop-poesia de Jomard Muniz de Brito, Kerouac, os poetas que surgem nos blogues da vida, o protesto sofrido de Vandré, a dialética de Caetano Veloso e o diálogo entre poesia e filosofia. Tudo junto e misturado, como se fosse um álbum que a gente recorresse para lembrar-nos de nossas próprias ilusões. De nossos sonhos e angústias, que fomos vivendo e percorrendo ao longo dos últimos quarenta anos.

Mas eu dizia que “Nós an Insight” é cosmopolita. Não seria Aranha se não fosse cosmopolita. E se Augusto dos Anjos recorre ao famoso tamarindo para falar do seu mundo singular, azedo até, Aranha recorre ao Lyceu paraibano para dar a senha necessária a que nós entremos em seu mundo plural, colorido, tropicalista. O Lyceu e o seu relógio, nas badaladas diárias de várias gerações. Aliás, Aranha recorre ao Lyceu como se quisesse dizer que o tempo não pára, para citar Cazuza, também presente em “Nós an Insight”. É como se o Lyceu e o seu relógio fosse a testemunha recorrente das várias gerações que surgem e morrem no entorno do Parque Sólon de Lucena, fonte maior da inspiração de Aranha quando parte de João Pessoa para o mundo.

Antes de tudo, “Nós an Insight” é um livro bem escrito, é bom que se diga. Aranha surpreende com uma obra bem resolvida, literariamente falando. Domina bem os versos, os recursos estilístico e literários, sem preocupação didática e muito menos arroubos juvenis para um livro de estréia. É uma obra que já nasce pronta, sem muitos questionamentos estéticos e estilísticos.

O diálogo com Augusto dos Anjos é o ponto de partida de “Nós an Insight”, sim. Mas é apenas o ponto de partida. Aranha buscou no nosso poeta maior a “escada” para que chegássemos à sua poética sem qualquer medo de ser feliz. Não há termo de comparação entre o “Eu” de Augusto dos Anjos e o “Nós an Insight”, de Aranha. São obras distintas. Aranha não procura copiar Augusto, como a maioria dos poetas que busca em outro autor inspiração para sua poética. Ele busca em Augusto o contraponto, mas sem negá-lo. Sabe o quanto Augusto formou gerações de poetas no mundo inteiro, ainda mais na Paraíba, por ser nossa referência maior na poesia.  Por isso, busca em Augusto o nós negado pelo poeta do Eu. Busca em Augusto a construção perfeita para que sua lide seja um estuário de vários mundos num só.

Um poema de Carlos Aranha


NÓS

Ao poeta maior: Augusto dos Anjos

A nossa luz há de brilhar ali.

Sem sombra, assombro,

assumo o ser que somos nós.
Deus é ser de tom tamanho
que seu silêncio é som da nossa voz.

Nós reatamos nossos górdios nos
até rompermos o macho hímem criador.
Sutilezas, pós-Augusto, sempre sóis,
costelas adâmicas arrancadas com amor.

Our light:
insight.

Besame mucho,
muitíssimo brilho,
Pós-hedônicos,
nos masturbamos à sombra do tamarindo
plantado num cemitério de Paris.

Voulez-vous manger avec moi?
Algum poeta convidado para jantar?

Help me,
ah, Socorro, como te amei...
Sapé, Campina Grande, Taperoá,
tudo, todos, tão sem distância.
O tamarindo agora é um obelisco em holograma
e os anjos com Augusto,
numa cósmica lagoa,
falam dos poemas que você fez para mim.

Pra mim? Pr´ocê?
Somos nós: um só ser
igual e iguais a Deus,
imagem retrospectiva,
semelhança introspectiva.

A nossa luz há de brilhar ali.

(texto escrito para o jornal Contraponto)

quarta-feira, 23 de março de 2011

RESIGNAÇÃO

Para Gilberto Gil


Hoje um aluno perguntou o que significa resignação

Parei por um instante
Busquei no âmago
Vasculhei meus sentimentos
E encontrei a resposta
Prostrada no vazio imenso
Do desiderato da luta inglória

E mesmo com todas as possibilidades de sucumbir
Resignados que estamos, quase todos
Respondi, sem conseguir me convencer [por completo]
Que continuamos atentos e fortes

sexta-feira, 18 de março de 2011

Só pra deixar registrado, pois não será resolvido.

Fui hoje pela manhã com minha esposa ao PAM de Jaguaribe, em João Pessoa - PB. Ana Maria precisa fazer uns exames, pois o coração dela anda dando umas aceleradas que ela não sabe explicar os motivos. Taquicardia deve ser analisada com carinho. Pois estamos há mais de três meses vivendo uma 'via cruzis' no Sistema Único de Saúde, via os PSFs da vida, para poder ter acesso a um simples médico cardilogista e fazer alguns exames.

Depois de longa e cansativa peregrinação, hoje chegou o grande dia de fazer um simples eletrocardiograma. Chegamos cedo. Devia ser umas 7.20 hs da manhã e já tinha cerca de oito pessoas na fila.

A atendente chegou, com um semblante nada satisfeito, gritou alto e bom som que os presentes fizessem uma fila pra receber a ficha de atendimento. Atendemos a ordem dada e voltamos a nos sentar numa sala onde o sofrimento estava estampado no semblante de cada um ali presente.

Depois de mais ou menos uma hora, somos chamados e atendidos por uma enfermeira e acho que uma técnica de operação do equipamento, ambas com semblantes de insatisfação como o da atendente.

Ao saírmos da sala, nos deparamos com uma senhora de mais ou menos uns 80 anos, vindo do interior do Estado, que deveria também se submeter ao exame. Observei ela nervosa, tremendo, com a notícia de que não poderia ser atendida, pois tinha esquecido de trazer o 'papel da requisição' que foi dado a ela lá no PSF do interior. Acho que pela idade, de vez de pegar a requisição que autorizava o exame, trouce outra que a encaminhava para o geriatra.

Apesar do nome dela estar na lista para ser atendida e ela de posse de sua carteira de identidade, não fez o exame por falta do encaminhamento ou da tal 'folha de papel'.

Tentei argumentar que era uma pessoa idosa, estava ali, podia se identificar e o nome dela constava da relação que deveria ser atendida hoje.

A funcionária foi perempitória: sem a ficha, sem atendimento.

A ficha, um pedaço de papel, foi mais importante que aquela senhora aos seus oitenta anos de idade. De nada valia, mesmo sendo gente, humano como eu e você, não teve o menor valor.

A senhora idosa - poderia ser minha avó - olhou pra mim e baixou a cabeça (eu morri de vergonha) e saiu com seus passos lentos, humilhada por um sistema que ela paga a vida inteira e quando na sua velhice precisa dele, ele a trata dessa maneira. Sem nenhum respeito, sem nenhuma consideração.

Nessas horas - eu que vivi tudo isso com minha própria mãe doente aos 84 anos - fico a me perguntar do porquê que tenho que pagar impostos, votar obrigatoriamente e respeitar governos como esse?

Tem horas que eu lamento ter casado, ter cinco filhos pra cuidar e não poder mais me revoltar a tal ponto de tomar a decisão de destituir esses governos de forma armada. Pois a tirania que está no poder, pode muito bem exercer sua maldade, com simples frases como a que ouvi hoje: ESTOU APENAS CUMPRINDO ORDENS!

Os Nazistas disseram a mesma frase pra justificar os 6,5 milhões de assasinatos do povo judeu.

Eu já disse a minha esposa, que não procurasse mais esse sistema de saúde que humilha o povo e os deixa mais doente do que já estão. Espero que os jovens de hoje tomem consciência e façam o que a minha geração não tem mais coragem de fazer. E olhe que a minha geração derrubou uma ditadura cruel. Mas hoje, pelo visto, sente-se impotente de enfrentar uns falsos democratas, com discursos de 'socialistas', que agem tão igual ou até pior do que os ditadores. Pelo menos esses não douravam a pílula. Eram truculentos.

Esses ditadores de hoje, eleitos na base da compra de votos, dizem o que você quer ouvir, mas nas suas costas fazem justamente o contrário.

De minha parte, o sistema único de saúde e seus infames PSFs, podem ficar com os meus 45% de contribuição de tudo que ganho, pois enquanto eu puder aguentar a dor, eu não os procuro. Fiquem em 'paz' (se for possível) com a falta de consciência de vocês. Que Deus tenha piedade de vocês. Pois se eu ainda tivesse condições, eu, como cidadão, iria me armar e iria resolver isso de outra maneira. Mas infelizmente eu sou covarde o suficiente só pra ficar aqui escrevendo. 
 

sexta-feira, 11 de março de 2011

Crime contra Maceió e João Pessoa


Fonte: http://pedrocabralfilho.blog.uol.com.br/


Este artigo, do meu amigo Carlito Lima foi publicado hoje no PoisÉ. E chamou-me à atenção justamente por tocar num ponto em que eu fico também a me perguntar: por que não temos carnaval, na época de carnaval, em João Pessoa? Pois o 'carnaval tradição', que chamamos aqui, é tão carente que dá pena em assistir a pobreza e o quase abandono dos blocos de rua. Carnaval de rua então nem se fala. Já se falou até em fazer o Folia de Rua (carnaval fora de época) durante o carnaval oficial. Mas ficou só na ideia. E pra completar, a PMJP e o Governo do Estado - que quando eram candidatos achavam que o carnaval devia receber apoio público - agora no poder, estão com uma nova versão de que 'carnaval é festa e quem faz a festa paga a conta'. Lógico. Se visto apenas assim. Mas se for visto na ótica que tanto Carlito Lima quanto o prefeito e o governador de Pernambuco veem, ai a coisa muda de lógica. O Carnaval pode e deve ser incentivado como produto cultural, turístico e econômico. Quem não enxergar assim, paciência. Fique batendo lata com dois gatos pingados ou vá pra Olinda e Recife, gastar o dinheiro que deveria ficar circulando na economia de João Pessoa/Paraíba ou Maceió/Alagoas. Os pernambucanos estão de parabéns.

Mas pra concluir, gostaria ainda de dizer que esse negócio de fazer negócios, principalmente usando o carnaval tradição ou o folia de rua, apenas pra promover o fulano ou sicrano de tal, termina dando nisso que está ai. E fica pior, quando os beneficiados por esse processo equivocado, agora no poder, dá um 'patrás' nos 'ingênuos' dos carnavalescos paraibanos. Muito o que se apreender com a experiência e o caso de sucesso de Recife, Olinda, Pernambuco. Política combina muito com planejamento estratégico. Para a cultura, o turismo, a educação e claro, a economia. Chega de miopia por aqui e em Maceió/AL.

Um abraço,
Ivaldo Gomes


Crime contra Maceió


Carlito Lima


            Não sei quem inventou a história. “Maceió sem carnaval é um paraíso para turistas, eles gastam seus dólares e reais nos hotéis, restaurantes, taxistas e ambulantes, aquecem a economia da cidade.” Para comprovar essa teoria, durante o carnaval telefonei para vários hotéis, estavam com boa ocupação, entretanto, havia vaga. Percorri os restaurantes e bares da cidade, deu-me uma dor no coração, os raros restaurantes abertos tinham poucos clientes, conversei com gerentes, eles falaram, nem na baixa estação havia tão pouco movimento. Os ambulantes nada venderam. Maceió parou, o povo que ama carnaval saiu em busca da folia em praias mais perto. Os ricos foram para Salvador, Recife, Rio, ou suas mansões na Barra de São Miguel.

     Quinze dias antes do carnaval viajei ao Recife, quase durmo ao relento, passei mais de 4 horas rodando para conseguir uma vaga num hotel. Fiquei deslumbrado com a movimentação do pequeno comércio de fantasias, adereços e materiais para carnaval. Assisti um comentário do prefeito do Recife, investiu R$ 40 milhões no carnaval, sendo R$ 15 milhões de captação de recursos com empresários e R$ 25 milhões da Prefeitura. Esperava, durante o carnaval, uma circulação de mais de R$ 250 milhões somente no Recife. Carnaval hoje é o maior negócio turístico-cultural do Brasil.

     Com ajuda de Sérgio, brilhante economista, fiz alguns cálculos sobre a evasão de dinheiro durante o carnaval em Maceió. Mais de 20% da população de Maceió, cerca de 180 mil habitantes viajaram em busca do carnaval que não tem. Os mais ricos em aviões e carrões, os mais pobres de bicicleta, kombi caindo aos pedaços, moto e carro sem condições, entupiram mais ainda as estradas, tornando o trânsito mais perigoso. Supondo que esses 180.000 maceioenses gastaram durante o carnaval, R$ 200,00 por cabeça, cerca de R$ 36 milhões esgotaram-se pelo ralo da economia, gastos por maceioenses em outras cidades. Acrescentando o dinheiro que circularia se houvesse carnaval, se a população de 900 mil habitantes gastasse nos restaurantes, camelôs, ambulantes, músicos, e outros pequenos negócios, segundo cálculo por baixo, movimentariam cerca de R$ 40 milhões. Com esses números a perda de Maceió durante o carnaval foi em torno R$ 70 milhões. Só os hotéis lucraram. E se houvesse carnaval, eles se beneficiariam mais ainda.

   O pior é privar, é tirar a alegria do povo. O art. VII do Estatuto dos Homens prevê: “Fica estabelecido que a alegria seja uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.” O nosso bondoso e ordeiro povo maceioense ficou sem a alegria do carnaval porque inventaram essa insana teoria econômica que turista não quer carnaval. Sou defensor do turismo como forma econômica de melhoria de qualidade de vida, acredito no turismo bem direcionado, que todos sejam beneficiados, principalmente a classe mais humilde, o ambulante, o taxista, o artesão, o pequeno comerciante, a cultura.

   Eu gostaria que contestassem esses números, esse crime que estão cometendo contra minha terra, acabando nosso carnaval. Gostaria de uma análise do SEBRAE. Se os que fazem turismo querem a orla, podem ficar com ela. Por que não organizar um carnaval em quatro grandes pólos: Benedito Bentes, Bebedouro, Vergel do Lago e Jaraguá? Queremos carnaval em Maceió, claro que não será igual aos passados. É preciso dar estrutura aos foliões. Que volte a antiga COC, a Comissão Organizadora do Carnaval da Prefeitura, para pensar num projeto de carnaval a médio prazo, começando em 2012, incluindo e robustecendo as maravilhosas prévias carnavalescas atuais.

   Apelo ao prefeito Cícero Almeida que tanto fez e faz por minha bela cidade. Maceió precisa e merece um carnaval digno de seu povo alegre. Como folião, estou frustrado. Como cidadão, estou inconformado com o conformismo da população e das autoridades. Prefeito, o senhor tem a Paula Sarmento na Fundação Cultural, uma vitoriosa na empresa privada, ela é capaz, basta a vontade política do senhor. Nosso povo merece essa alegria fugaz que se chama carnaval, sem precisar gastar seu dinheiro em outras cidades. Estou à disposição para qualquer dúvida, qualquer ajuda, sou trabalhador voluntário!

terça-feira, 8 de março de 2011

Pra todas Marias


        Ivaldo Gomes

        Pra todas as mulheres que já conheci na vida. A todas elas, meus sinceros agradecimentos. Disse uma vez num poema, transcrito abaixo, que tudo de bom que aprendi na vida foi com as elas. E é a mais pura verdade. É delas o sustento do mundo. É nelas que estão apoiados os alicerces do universo. Sem elas nem ele seria possível.
        Todo dia é dia de mulher. É dia de se construir a vida. E ela a faz de uma forma contagiantemente alegre. Eu amo as mulheres pelo que elas são. Simplesmente são. E sendo, nos leva para onde querem. Desde que a gente deixe. É delas todo o carinho do mundo. E nelas passa a ter sentido, principalmente quando viram mães.
        Mãe é um caso perdido. E existindo na essência de ser mulher, é de uma grandeza, de uma beleza, que precisa ser muito homem para poder perceber. Até o nosso lado feminino, é mais bonito que o nosso machismo afirmativo e muitas das vezes egoísta e autoritário. Ser homem é também ser complemento, parte, pedaço de um todo.
        Em toda mulher habita a bondade. Poço sem fundo de compreensão e cuidados. Sem elas o mundo fica horroroso. E sem seu sorriso, sua graça, seu cheiro, deixa tudo incompleto. No dia que se quer celebrar a mulher, eu me lembro de Maria. De todas as Marias na vida de todos nós. Que viva as mulheres! Que sejam felizes ao nosso lado. Que sejamos felizes ao lado delas.




Aprendi com elas

                              
                                                               Ivaldo Gomes


Tudo de bom

Nessa vida,

Aprendi com elas.

As mulheres.



Aprendi o sabor de

Um prato quente

De comida,

Com elas.



Aprendi o gosto

De gostar de alguém,

Com elas.



Tudo de bom

Na vida aprendi,

Com elas.



Com os homens

Aprendi a mentir,

Matar, roubar,

Enganar.



Foi com os homens

Que descobri a dor,

O rancor, a raiva,

A dissimulação.



Com elas aprendi

Sobre carinhos,

Cuidados, cafunés,

Beijos e abraços.



Tudo de bom que

Aprendi na vida,

Aprendi com elas.



Que Deus as abençoe.

Que Deus as proteja.

E que elas cuidem

Do mundo.



Pois o mundo será

Melhor cuidado,

Por elas.

sexta-feira, 4 de março de 2011

O tempo e a luz



O texto “O tempo e a luz” publicado na contracapa do álbum “Verde que te quero ver”. Esse é um modo de tentar transmitir o meu sentimento ao fotografar. Esse sentimento foi revelado com muita intensidade pelo grande poeta pernambucano com o “Retrato poético de Reginaldo Marinho”.



RETRATO POÉTICO DE REGINALDO MARINHO

Jaci Bezerra


Dentro do olho da câmara
há outro olho aceso.
Esse olho, brasa e chama,
solto e desperto, inflama
o mundo e o deixa preso.

A mão, conduzindo a câmara,
é humana e terrestre,
está além da chama
que além do olho inflama
a luz de que se veste.

A câmara, na paisagem,
é instrumento do olho
e capta a luz selvagem,
ou mansa, da paisagem
nos mais íntimos refolhos.

E só se disparada
ao olho nu revela
a luz, brisa fisgada
de íntimas janelas;
não só precisa, bela.

O alfabeto do homem
é o mundo circundante;
a luz que o olho consome
para nutrir a fome
de um só e eterno instante.

Ao escrever com o vento
e com a luz madura,
não guarda o homem o intento
de transformar em invento
o que o olho procura.

Sempre é exata a paisagem
e precisa a criatura
nessa luz e linguagem
que o homem, na paisagem,
diariamente apura.

Sempre é eterna a imagem
que o homem captura;
rói, o tempo, a paisagem
porém não rói a imagem
pela câmara segura.



O tempo e a luz


Reginaldo Marinho


Ao cumprimentar um dileto amigo ele disse: Estou correndo contra o tempo. Fiquei pensando como alguém escolhe um adversário que existe desde o início de tudo e nunca terá fim, é uma escolha equivocada. Considero o tempo um aliado permanente. O tempo e a luz. Quem se dedica à fotografia cultiva a harmonia entre o tempo e a luz. Viver cada momento na cumplicidade da luz.

A sintonia com o tempo permite que o olhar esteja em permanente vigília, um modo budista de ver e sentir o universo que nos cerca. Sem essa dedicação ao tempo, nos perdemos em frações temporais e os momentos fugidios não esperam por você. Essa é uma necessidade pura. Quando cultivamos essa sintonia, vemos os fatos com mais clareza, tudo passa a ter um significado e cabe a cada um de nós a captura dessas imagens sem esforço, um gesto natural.

A luz, companheira sempre presente, dá beleza e relevo a tudo. Os objetos ganham definição, nitidez e cores. A própria etimologia sintetiza na fotografia a linguagem da luz. O tempo e a luz estão presentes em tudo e muitas vezes ninguém percebe. Você não age para o coração bater. Não se sente o coração pulsar em todos os momentos de nossas vidas. Tem gente que só descobre o coração tardiamente, na hora em que ele falha.

No exercício do magistério, quando lecionei geometria descritiva, encontrei o outro elemento complementar, a compreensão dimensional, o espaço. A régua e o compasso se uniram ao tempo e à luz formando um conjunto instrumental indissociável que subsidiam um simples gesto de fotografar, permitindo que você perceba através das imagens capturadas um mundo que não foi percebido antes. Uma imagem que expressa apenas aquele momento conjugado por esses fatores jamais será vista novamente, com aquela mesma dimensão. Um rio jamais será o mesmo rio, ele é único em cada instante, em cada espaço e tempo.

Esse é o compromisso do fotógrafo, traduzir a beleza aparentemente oculta nas formas, nas cores e na luz. Fotografar é um ato generoso que congrega grande prazer na fixação e compartilhamento dessas imagens.

E-mail:  Reginaldo Marinho | Construcell <RM@reginaldomarinho.com.br>




quinta-feira, 3 de março de 2011

A relevância dos blogs para a poesia contemporânea


Texto muito legal esse de Lau Siqueira. 

Eu mesmo faço questão de não ter meus poemas, crônicas, desabafos, chiliques, críticas, reinvindicações, sugestões, elogios, etc. e etc, editados em papel. As árvores, a natureza, não tem culpa pelos meus escritos. Ficar na internet, circular na intrnet, já está de bom tamanho. Salvo na memória do seu computador, dos nossos computadores, tá de bom tamanho. Deixem a natureza em paz.  

Com esse texto do poeta Lau Siqueira, está reinaugurado a volta do Livre Pensar com mais postagens de outros autores. Como sempre foi desde que começou. Mas ficou um tempo parado. Poste aqui o seu texto também. Mande uma cópia pra mim, que eu divulgo aqui. Envie para: ivaldogomes2@gmail.com - Aceito todo tipo de texto. Desde que seja uma crítica. Fundamentada. Espaço para o livre pensar. Republicanamente falando. Democraticamente exercido. Direito de dizer o que pensa. Pense ai! E mande pra mim. Ivg.


31/1/2011 11:05:00 - Fonte: http://www.cronopios.com.br/site/colunistas.asp?id=4886
A relevância dos blogs para a poesia contemporânea


Por Lau Siqueira


Conforme N. Katherine Hayles, no livro Literatura eletrônica - novos horizontes para o literário, "a literatura do século XXI é computacional". Isso já diz muito acerca das reflexões que pretendo neste artigo. Afinal, até mesmo os livros impressos são elaborados e revisados virtualmente. Talvez comece aí a desmistificação da importância do livro impresso neste tempo de velocidades virtuais. Houve uma inversão de valores para que se pudesse compreender alguns instrumentos de mídia virtual e a sua devida importância para a literatura. Não são poucos os canais de divulgação da poesia a partir de um instrumento que hoje podemos reconhecer como utensílio doméstico, o computador pessoal. São sites pessoais, canais de relacionamento, grupos de discussão literária. Tudo no espaço físico da sua residência destinado ao computador ou nos giros tridimensionais do lap-top. Todavia, nenhuma outra ferramenta se mostrou tão valiosa para os poetas e para a poesia que os blogs. Não chamaria isso de inversão de valores, mas até mesmo escritores consagrados mundialmente como José Saramago não abriram mão deste instrumento interativo, para uma relação mais aproximada entre o autor e a diversidade de olhares dos mais diferentes tipos de leitor. 

Inicialmente reconhecido como uma ferramenta criada para distrair adolescentes ou no máximo para despertar a criatividade de uma geração de nerds, os blogs foram pouco a pouco se transformando em importantes veículos de comunicação interativa, seja para escritores ou para jornalistas, muito especialmente. Nomes reconhecidos da mídia tradicional, nas duas vertentes do conhecimento aos poucos foram ocupando os melhores espaços na blogosfera com blogs dos mais diversos estilos. Podemos afirmar, sem risco de engano, que com o surgimento dos blogs a poesia foi o gênero mais beneficiado entre todos os gêneros da literatura. O fácil acesso e o fácil manuseio desta ferramenta foi naturalmente conquistando escritores reconhecidos ou desconhecidos. Eles foram percebendo que poderiam focar na sua produção ao invés de preocupar-se, também, com o equilíbrio das tags e das ranhuras de uma tecnologia que vem sendo pensada às fatias e desenvolvendo-se de forma surpreendentemente veloz. Certamente que dentro de algum tempo os blogs representarão uma linguagem superada. No entanto, no final desta primeira década do Terceiro Milênio representam a redenção, a democratização e compreensão dos novos caminhos da poesia contemporânea em qualquer parte do mundo.

Certamente ainda é muito importante lançar um livro. Os e-books, neste sentido, parecem longe da possibilidade de superação da “ácaro-mania”. A paixão pelos livros nos tempos em que a banalização inspira cada vez maiores cuidados com as formas e com os conteúdos ainda é a mesma dos tempos de Proust, quando este clássico francês chegou a afirmar que as melhores lembranças da nossa infância estariam nas imagens colhidas da memória dos primeiros livros que tenhamos lido. Mas, o debate acerca do real e do virtual também nos leva a refletir sobre o fato de ser menos danoso ao futuro da humanidade possuir um mau blog do que publicar um mau livro. (A natureza agradeceria o bom senso.) Ocorre que, a preço de hoje, os nomes mais respeitáveis da poesia contemporânea brasileira (e mundial), independentemente do número de livros que tenham lançado, não abrem mão de manter seus blogs literários. Claro que isso não é uma regra, mas evidentemente é uma realidade inquestionável. Isso não ocorreria se possuir um blog não oferecesse imensas vantagens ao escritor, muito especificamente ao poeta.

Mas, como não existe fenômeno significativo que não gere outro igualmente significativo, destacamos um fator afluente do fenômeno dos blogs que também acende a nossa gula investigativa para uma próxima abordagem. Há uma evidente ascensão (talvez até mesmo uma forte influência) de escritores blogueiros sobre outros escritores ou candidatos a escritores também blogueiros. Especialmente poetas cuja produção foi consagrada publicamente através dos blogs chegam a alcançar níveis respeitáveis de trocas com outros poetas. Logicamente que daí não poderemos extrair interpretações óbvias. Não se trata de autores cronologicamente mais antigos influenciando escritores cronologicamente mais jovens. Trata-se de bons escritores, jovens ou não, influenciando ou trocando influências com outros escritores (jovens ou não) a partir das cartas de navegação oferecidas gratuitamente nos oceanos serenos e profundos da web. Este é um tema sobre o qual estudiosos devem estar se debruçando nos cursos de Letras onde o professorado, de um modo geral, não parou ainda para pensar nos efeitos que teria a internet para a época e para a poesia de Arthur Rimbaud, por exemplo, ou para o nosso condoreiro Castro Alves. Afinal, ambos produziram a parte mais significativa das suas obras com a idade da grande maioria dos jovens desbravadores das possibilidades da internet e das suas ferramentas. Portanto, um novo Rimbaud pode estar inaugurando seu blog exatamente hoje, no Acre, por que não?

Este é um fator que não irá gerar uma demanda de pesquisa apenas daqui a dez ou vinte anos. Não haverá, dada a velocidade dos tempos, oportunidade para distanciamento científico. O próprio conhecimento acadêmico não poderá abdicar de um futuro que já começou para refletir sobre o que está em pleno processo e, até mesmo por isso, operando mudanças culturais bastante acentuadas e influenciando comportamentos nas mais diversas áreas. Sobretudo na literatura e mais ainda na poesia que vai, assim, rompendo a aura de marginalidade para se mostrar detentora de uma imensa camada de admiradores que, na grande maioria, são também militantes da invenção nas portas das milhões de fábricas de miolos onde se processa permanentemente a metalurgia da palavra.

Logicamente que não quero aqui desenvolver um raciocínio definitivo, mas apenas levantar questões relativas ao futuro da poesia a partir de um cânone cada vez mais desmistificado e a partir de uma solução ávida de novas soluções. Mais do que nunca precisamos lembrar a profecia de Cazuza: "o tempo não para." Estamos no tempo em que trocar a roda de uma locomotiva em movimento pode ser um descaminho inevitável para a consolidação de uma geléia cujas expressões maiores devem ser esculpidas não apenas com os hálitos da delicadeza, mas principalmente com a certeza cada vez mais absoluta que “tudo que é sólido desmancha no ar”. Esta é apenas uma "levantada de bola" para um assunto que nem de perto se esgota por aqui. Afinal, quem escreve e principalmente quem escreve um poema, seja na idade média ou na idade mídia, apenas inicia um processo que se revela e se traduz de diferentes formas no olhar de quem lê, estendendo-se para além das ferramentas mais avançadas e popularizadas, a exemplo dos blogs.





                                            "Planetary Mixer"





Lau Siqueira nasceu em Jaguarão-RS e reside atualmente em João Pessoa-PB. Publicou quatro livros de poemas, participou de algumas antologias, entre elas “Na virada do século – poesia de invenção no Brasil”, publica anualmente seus poemas no Livro da Tribo e mantém o blog Poesia Sim (www.poesia-sim-poesia.blogspot.com). E-mail: lausiqueira@gmail.com