segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Aviso

Caros (as) Amigos (as),

Esse blog vai ficar um tempo sem ser atualizado.
Ando muito ocupado com outras tarefas.
Um abraço,
Ivaldo Gomes

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Bhakti Yoga: Em Busca de um Amor Perdido


Artigo da 1ª edição brasileira da revista Volta ao Supremo. A revista integral pode ser adquirida neste link: clique aqui. Cortesia BBT Brasil.



Sua Santidade Radhanatha Swami
 

A Mãe Natureza está sempre se expressando por meio de uma linguagem, compreendida pela mente pacífica do observador sincero. Leopardos, cobras, macacos, rios e árvores; todos eles foram meus professores na época em que eu vivia como um andarilho nos pés dos Himalaias. Eles compartilhavam comigo aquele tipo de aula que eleva o espírito.

Uma lição, especialmente esclarecedora, da floresta, vem na forma do cervo almiscareiro dos Himalaias.


O cervo almiscareiro é citado na poesia e filosofia sânscrita devido ao seu comportamento peculiar. Valorizado pela indústria de perfumes pelo seu aroma excepcional, o almíscar é um dos produtos naturais mais caros do mundo, chegando a valer mais de três vezes o valor do peso do ouro. O aroma do almíscar é tão sedutor que o nariz sensível do cervo, ao senti-lo no vento, faz com que ele ronde pela floresta dia e noite em busca da sua origem. O cervo se esgota em uma busca infrutífera, sem nunca perceber a ironia amarga: a fragrância doce que persegue não está em nenhum outro lugar, exceto dentro de si. O almíscar, como se vê, é produzido por uma glândula no próprio umbigo do cervo: ele procura incansavelmente por algo que sempre esteve dentro dele.

Os sábios da Índia observaram no cervo almiscareiro uma descrição apropriada da condição humana. Todos nós somos criaturas vagando em busca de prazer dentro de alguma floresta – repleta de prazeres e riscos. Além disso, temos a tendência ao mesmo tipo de loucura do cervo: buscamos uma felicidade externa.

Confundimos nossas verdadeiras necessidades associando erroneamente nossa realização e autoestima a posses, posições e estímulos mentais e sensuais. Muitas vezes somos atraídos por relacionamentos superficiais, que mantêm a promessa de satisfação duradoura, mas nos fazem sentir vazios, sendo que o verdadeiro tesouro reside internamente. Esse é o tema subjacente das músicas que cantamos, dos programas que assistimos e dos livros que lemos. Está nos Salmos da Bíblia, nas baladas dos Beatles e praticamente em todos os filmes de Bollywood já produzidos. O que é esse tesouro? O amor. O amor é a natureza Divina. Sob a cobertura do falso ego, encontra-se escondido. O propósito da vida humana é descobrir este amor divino. A satisfação que todos nós estamos procurando é encontrada no compartilhamento desse amor.

O poder do amor é mais profundo. Ele tem vários níveis. Em um sentido mais frugal, a palavra amor se refere a atos de intimidade física, e sua influência sobre a sociedade é óbvia. Mas de forma mais profunda, e não apenas do corpo, mas do coração, não há poder maior do que o do amor. Por uma questão de dinheiro e prestígio, pode-se estar disposto a trabalhar longas horas, fins de semana, e até mesmo férias. O amor de uma mãe, por outro lado, é altruísta e incondicional. Não há nada que ela não faça pelo bem-estar do seu filho e sem pedir nada em troca.

Quando o amor é puro, ele tem o poder de conquistar. Amante e amado conquistam um ao outro devido aos seus afetos. A origem, a essência, a manifestação plena do poder de conquista do amor é o amor da alma pela alma suprema, ou seja, Deus.

Os sábios autores dos textos sagrados da Índia descobriram que a mais surpreendente de todas as maravilhas de Deus é a Sua disposição e ímpeto de não apenas ser tocado por nosso amor, mas de ser conquistado por ele. O cultivo desse amor adormecido é chamado de o caminho de bhakti (o caminho da devoção). Este amor reside dentro de todos nós. É o maior de todos os poderes, porque é o único capaz de conceder a realização das mais altas verdades e o único que pode revelar a mais profunda satisfação interior em nossas vidas. Com a força deste amor, podemos superar a inveja, o orgulho, a luxúria, a ira e a cobiça. Não há outro meio de conquistar essas doenças dentro de nós.

Aquele que ama a Deus vê tudo relacionado a Ele. Portanto, seu amor flui espontaneamente para todos, em todos os momentos, em todos os lugares. Ele, ainda, ama aqueles que lhes desejam o mal. Se você ama a Deus, você não pode odiar algo ou alguém. Se esse amor se depara com o ódio, ele não morre, em vez disso, se manifesta na forma de compaixão. Este é o amor universal. Não se trata apenas de um sentimento. Não é possível manifestá-lo somente por meio de uma mudança na disposição mental. Ele advém da limpeza interior, de um despertar interior. Dessa forma, torna-se a realidade da vida.

Esta limpeza interior é o objetivo de toda prática espiritual. Todas as orações oferecidas, mantras entoados ou rituais realizados devem ter a finalidade de remover as impurezas que impedem o pleno florescimento do amor incondicional e da compaixão. Este é o único caminho para a paz, tanto individual quanto coletivamente.

Quando despertarmos o nosso amor intrínseco e as nossas qualidades divinas brilharem, nós não apenas iremos encontrar o prazer que estamos buscando, como também nos tornaremos poderosos agentes de mudança no mundo. Nós todos estamos procurando, vagando pela floresta como o cervo almiscareiro, buscando os falsos prazeres.

Ao reconhecermos o que realmente estamos procurando e ao começarmos a procura pelo amor interno perdido, neste ponto, a verdadeira jornada da vida humana começará.

Radhanatha Swami nasceu em Chicago em 1950. Em visita à Índia, conheceu Srila Prabhupada, que o iniciou em 1973. Residiu, então, em New Vrindavan por oito anos. Posteriormente, passou a divulgar a consciência de Krishna nas faculdades americanas, após o que, em 1987, passou a desenvolver grandes projetos na Índia, onde recebeu a ordem renunciada e reside atualmente.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Cariri Oriental paraibano

  



    Ivaldo Gomes





    Por questões familiares me envolvi com o Cariri Oriental paraibano definitivamente. Já o conhecia nas vezes que contribui com trabalhos tanto da Secretaria de Educação do Governo do Estado, quanto como consultor do SEBRAE na implantação do Programa Empreendedor Cultural.  Aprendi a gostar do Cariri paraibano convivendo com ele. É um outro tempo. Uma outra perspectiva. Tudo caminha de forma lenta, mas caminha. Principalmente no Cariri Oriental paraibano, onde cidades como Alcantil, Queimadas, Boqueirão, Cabaceiras, Barra de São Miguel, São Domingos do Cariri vivem sem muita assistência.


    Do Cariri Oriental conheço mais Cabaceiras. A família da minha esposa possui uma propriedade rural na região. Um local muito bonito que eu vivo instigando a família a fazer um ponto de visitação para turismo rural. Mas cadê as condições para se fazer isso? É o que eles respondem. O acesso à região está terrível. Estive lá recentemente e lhe digo com toda honestidade, o desprezo do Governo da Paraíba com a região é crônico. Porque não é só de agora. Tantos representantes políticos na região e o desprestigio dessa gente é notório. Basta andar nas estradas de lá, para perceber isso. Mas todos eles estão ‘empregados’ na estrutura de poder do Estado.
 

    Cabaceiras já fez de um tudo para se colocar, se destacar, no estado como uma cidade que existe na Paraíba e tem o que dizer. Mesmo com todas as condições adversas conseguiu se transformar num polo de caprinos, artesanato em couro e de set de cinema. Foi lá que já foram gravados vários sucessos nacionais do cinema contemporâneo brasileiro. Quem não lembra do Auto da Compadecida  ou de Úrubus, Cinema  e Aspirinas? E do Festival do Bode Rei? Pois é, tente chegar a Cabaceiras hoje! De Queimadas a Cabaceiras a estrada está toda deteriorada. Em alguns trechos tem que ser refeita. Que tal uma estrada nova? Sem remendos?
 

    Já passou da hora do Governo do Estado dizer a que veio para o Cariri Oriental paraibano. Cidades como Boqueirão, Cabaceiras e São Domingos do Cariri não podem mais ficar abandonadas como estão. Se já é difícil você sobreviver hoje em locais onde existem facilidades e infraestrutura, imagine em locais onde isso é precário e até inexistente. Qual o futuro de uma cidade como São Domingos do Cariri? Uma cidade que você vai a São Domingos e só. Quais os atrativos? Quais as chances de desenvolvimento de cidadãos numa cidade sozinha?  Ilhada entre outras cidades que não consegue trocar com ela? E ainda tem muitas cidades na Paraíba assim. Abandonadas a sua própria sorte.
 

    Nessas horas penso em tudo de ruim que é ter que deixar a sua terra natal e correr o mundo atrás de outras oportunidades. Que você não teve aonde queria que tivesse existido. Quantas vezes todos esses caririzeiros espalhados pelo norte, sul e sudeste, pensaram como seria bom que tivessem as condições que alcançaram em sua própria terra? Só se sai do Cariri uma única vez. Mas quando se volta é para sempre. O Cariri Oriental paraibano precisa ser ajudado no seu desenvolvimento. Precisamos asfaltar a estrada até São Domingos do Cariri para que ela seja anexada ao desenvolvimento da região e do Estado.
 

    É preciso investimentos em infraestrutura para desenvolver a região. Principalmente do ponto de vista do turismo, da caprinocultura, do leite de cabra e seus derivados como queijos finíssimos e caros. Ousar novas culturas como a uva, o Argan Marroquino (*), que se adapta a regiões com pouca água e produz além de alimento para as cabras, um óleo diversas vezes mais caro que o azeite de oliva. Temos sol o ano inteiro. Com a transposição do São Francisco a caminho tudo pode mudar na região. Temos que acreditar que é possível desenvolver a região, respeitando a natureza e distribuindo riquezas a quem trabalha. Mas precisa de apoio. E o povo do cariri precisa se unir e cobrar das autoridades, não tão competentes assim, os projetos de desenvolvimento pra região. Sem cobrança não se é escutado.
___________________
Sobre o óleo de Argan Marroquino: http://www.inkanat.com/pt/arti.asp?ref=oleo-argan