Ivaldo
Gomes
Levei vinte anos pra
descobri que tenho cultivado o yoga e nem sempre com consciência. Quando no
ativismo político me dediquei, exercia Karma Yoga e não tinha consciência
disso. Quando me dediquei por bons longos anos ao estudo de livros sagrados,
praticava Jnana Yoga e não tinha consciência disso também. Quando canto
japa-malã, pratico Bhakti Yoga já com alguma consciência do que faço. E essa
consciência aumenta na medida que prático meus asanas e pranayamas em Hatha
Yoga.
O Yoga é realmente um
caminho luminoso como sempre pregou os mestres. Na medida que você o caminha,
as paisagens iniciais não são ainda percebidas. São vistas mas não percebidas.
Mas ao continuar no caminho, você vai se detendo aos detalhes dela e vai
contemplando cada dia mais com clareza, leveza e consciência. Um estado de
contentamento se instala e tudo passa a ter sentido e explicação. O caminho do
yoga é contemplação e ação. Contemplo e ajo. Percebo e sinto. Vejo e
compreendo.
O caminho do yoga é como
usar luvas grandes quando criança. Enquanto as mãos são pequenas, ficam
estranhas as luvas grandes. Mas com o tempo, as mãos crescendo, tudo vai se
ajustando. Um dia as luvas cabem. A postura do yogue é de curioso e consciente.
Curiosidade em aprender, caminhar, se desenvolver, mas consciente que existe
limitação humana. Dessa que todos nós possuímos. Mas precisamos transcender a
isso. Irmos o mais longe possível.
O yoga é a união de você com
você mesmo e a totalidade dos fatos. Os visíveis e os invisíveis. Os
conscientes e os inconscientes. A postura do yogue é de aprendiz sempre.
Aprender a aprender, é a única forma de aprender a ensinar. Pois só ensina quem
já aprendeu. Dai que somos todos, no fundo, alunos de nós mesmos e dessa viagem
temporal, num plano temporal, num corpo temporal, com capacidades divinas. Não
somos Deus, mas somos formas diminutas dele. Compreendemos isso quando
praticamos yoga. Mesmo quando levamos muito tempo pra entender.