sábado, 6 de fevereiro de 2016

Sobre Mestres.


                                                                                                  Ivaldo Gomes



     Fui convidado para participar do II Encontro de Yoga da Paraíba, que acontece dentro da programação do 25º Encontro para uma Nova Consciência em Campina Grande. O convite é para participar, junto com outros palestrantes, de uma mesa redonda que tem como tema: Os Mestres. Fiquei matutando no que deveria falar. Um tema aparentemente fácil, mas difícil de abordar sem levar o nosso emocional junto. Pois os Mestres são considerados Mestres pelo destaque que conseguiram em vida e pelo exemplo que representam. E são tantos e variados os Mestres que a gente tem dificuldade para escolher de quem falar. Pois eles existiram e existem em tantos cantos, de tantas formas e jeitos que fica difícil estabelecer um parâmetro seguro de 'prender' um Mestre dentro de uma categoria formal. Com certeza muitos dirão que é fácil definir um Mestre. 'Mestre é aquele que ensina'. Mas Paulo Freire (um mestre na educação) já complementaria: 'Mas que de repente também aprende'. Já Srila Prabhupada, um mestre espiritual que admiro muito, diria: 'Mestre é aquele que ensina pelo exemplo'. Um preceito védico que vem sendo seguido por milhares de outros Mestres em várias áreas.

     De Mestres e bons exemplos o mundo está cheio. A história está repleta de bons exemplos. Os mais conhecidos aqui no ocidente talvez sejam Krsna, Buda e Jesus. Um triunvirato de Mestres que são uma referência a centenas de anos para milhões de pessoas. Bons exemplos e boas práticas. Uma inspiração, uma orientação e um exemplo de como se comportar nessa vida material. Usando a mente na compreensão espiritual mais elevada. Os Mestres são setas no tempo a indicar o caminho da liberdade e do encontro consigo e com os outros seres que habitam esse plano material em que nos fazemos conscientemente presentes. Pois temos conhecimento de nossa existência, agimos sobre ela e descobrimos os Mestres que por aqui já passaram e viveram tantas e tantas histórias. Mestres como exemplo. Como referência de uma ética do existir humano. Só os humanos criaram códigos escritos. E com isso a possibilidade de guardar a aprendizagem e multiplicá-la. Os Mestres têm esse propósito primordial que é fazer com que o conhecimento - a soma de tudo que nós conhecemos - siga em frente. Dai a corrente dissipular de Mestres e Mestres que vêm até nós.

     Mas Mestres tem várias formas de percepção. Tem o Mestre físico, encarnado. Tem os Mestres já desencarnados, uma lista enorme que não caberia em várias folhas de papeis. Tem o Mestre dos Sastras (escrituras). Do que já está escrito. E ai temos uma coleção longa de livros considerados sagrados em todos os ramos das religiões, filosofias e conhecimento. E temos o Mestre interno, a nossa consciência. O que de fato somos em nossa finitude corporal, mental e do ser infinito espiritualmente falando. Eu imagino meu Mestre interior repousando em uma núvem no meu céu de idealizações. E diante da minha consciência - meu Mestre íntimo - de livre arbítrio, escolhe caminhar por caminhos de princípios que geram o bem ou caminha por caminhos que me leva a situações obscuras onde o sofrimento é o preço pela opção. Viver ainda continua sendo escolhas e consequências.

     'Seja teu próprio Mestre'. Já ouvimos essa frase algumas vezes. E é desse Mestre que ia falar na mesa redonda. Dos outros Mestres - TODOS IMPORTANTÍSSIMOS PARA NOSSA FORMAÇÃO ATÉ AQUI - acho que a maioria já os conhece. Talvez não tenham se aprofundado no conhecimento que cada um expôs, mas está ai a disposição de quem quiser e precisa estudá-los. Já o Mestre que habita cada um de nós vai continuar também a exigir de cada um a disciplina para lapidá-lo. Somos um diamante atmico colocado num corpo temporário e com uma mente inquieta. Num tempo relativamente curto para se compreender tanta coisa. E é verdade que o caminho se aprende a andar. E é verdade também que a busca ensina a compreender a simplicidade das coisas. E os grandes Mestres e Mestras que já existiram nos deixaram um legado de simplicidade, amor, devoção a vida e a compreensão superior. Eduque o Mestre que habita em você. Para que os outros Mestres sejam dignificados. 

Namastê! _/\_