O conhecimento védico

23 de agosto, é dia do aparecimento de Srila Prabhupada. Minhas reverências e um pouco do que ele nos deixou.

Os Vedas existem há centenas de milhares de anos e é o tronco original de todas as
culturas já existentes em nosso planeta até os dias de hoje.

Ivaldo Gomes



1 - VOLTANDO NO TEMPO

No Capítulo quarto do Bhagavad-Gitã (A Canção do Senhor), copilado por
Srila Prabhupada, cujo tema é O Conhecimento Transcendental, pág. 165:
"numa estimativa aproximada o Gitã foi falado pelo menos há 120 milhões e
400 mil anos atrás; e na sociedade humana ele existe há dois milhões de
anos." ...... "Porque o Gitã é tão bom quanto os Vedas, tendo sido falado
pela Suprema Personalidade de Deus, este conhecimento é apauruseya,
sobre-humano."

" O Rg Veda, Yajur Veda, Sama Veda, Atharva Veda, Mahabharata , o
Pãncaratra e o Ramayana original são todos considerados literatura
védica... Os suplementos vaisnavas, os Puranas, também são literatura
védica."..... "Em qualquer caso, para ser aceita como védica, a literatura
deve manter a mesma finalidade que os textos védicos originais. As
escrituras védicas compreendem um todo harmonioso com uma conclusão
harmoniosa". Em Filosofia Védica, de Satsvarupa dasa Gosvami, Pág. 01.

Portanto, é lícito afirmar que o conhecimento védico (que abrange
conhecimento espiritual e consciência superior, até yoga, arte,
arquitetura, ciência política, medicina ayuvédica, astrologia, psicologia,
filosofia, astronomia, cosmologia, e tantos outros campos da ciência) é o
reservatório natural dos conhecimentos humanos. É desta nascente, que se
verteu todos os outros ramos do conhecimento humano, originando-se daí as
ramificações culturais responsáveis pela existência de toda a humanidade
atual. É lamentável que no mundo ocidental os paradigmas referenciais só
consigam ir até a Grécia antiga. Façamos um esforço para dobrarmos a
esquina das limitações, principalmente das nossas limitações e procuremos
olhar na direção do Oriente. Pois não só nessa direção sopra o vento e
nasce o sol, o conhecimento também vem de lá. É nosso berço, nossa mais
longínqua raiz ancestral, seja na cultura, seja no conhecimento.

2 - DO ORIENTE PARA O OCIDENTE

O Oriente sempre exerceu enorme fascínio no homem ocidental. Sua arte, cultura,
religião e, principalmente, o jeito de encarar a vida, têm encantado os povos há
milênios.
A civilização védica, que floresceu na Índia há mais de 5 mil anos, baseava-se no
conhecimento das escrituras chamadas Vedas. Enquanto o mundo ocidental apenas
engatinhava, a Índia, fundamentada em seus livros sagrados, já tinha ampla noção de
lógica, física, metafísica e teologia, centralizando-se no cultivo da
espiritualidade.

Todos os textos dos Vedas foram escritos originalmente em sânscrito, considerada a
mais perfeita língua ancestral. Inspirado por Krishna, Srila Vyasadeva copilou toda
literatura védica, que estão intactas até os dias atuais. A responsabilidade pela
preservação dessas escrituras é da corrente de mestres auto-realizados, que
disseminaram o conhecimento de Guru a discípulo, geração após geração, sem
submetê-lo a modificação ou interpretação pela consciência humana.

Todo esse cabedal de conhecimento, hoje, está acessível graças a misericórdia sem
causa de Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, mais conhecido como
Srila Prabhupada. Foi ele que, em l965, aos 69 anos de idade, vindo da Índia em um
cargueiro marítimo, chegou em Nova Iorque, trazendo os textos originais e
autorizados das principais obras do conhecimento védico, vertido por ele para o
inglês, de forma primorosa e erudita. Veio para cumprir um pedido do seu mestre
espiritual, para que pregasse a consciência de Krishna (o todo atrativo, DEUS) no
ocidente e que ensinasse o método de Bhakti yoga, ou a yoga da devoção, a sétima e
mais avançada das escolas de yoga. Ele, apesar da idade avançada, cumpriu o desejo
do seu Mestre Espiritual, e inundou o mundo ocidental com o conhecimento védico e
sua literatura transcendental, intemporal e erudita.

O Bhagavad-gitã, Srimad-Bhagavatam, Sri Isopanisad, Néctar da Devoção,
Ensinamentos do Senhor Chaitanya, e vários dos mais de 60 livros traduzidos por
Prabhupada, o leitor poderá ter acesso, consultando o acervo doado por mim a
Biblioteca Central da UFPB, ou solicitando o catálogo atualizado de publicações no
e-mail da editora: central@bbt.org.br .

3 - O PROPÓSITO DA LITERATURA VÉDICA

O propósito da literatura védica é "transmitir conhecimento sobre auto-realização e,
portanto, sobre como liberar-se do sofrimento. Em geral, os estudiosos concordam em
que a meta do pensamento védico é atingir a verdade, cujo reconhecimento leva à
liberdade. Todo sistema védico busca a verdade, não acadêmica, conhecimento para seu
próprio bem, mas para aprender a verdade que tornará todos os homens livres. Com
efeito, o pensamento védico luta não para informação, mas para transformação. O
Bhagavad-Gitã descreve o conhecimento como: aceitar a importância da
auto-realização, e buscar filosoficamente a Verdade Absoluta. No entanto, se as
pessoas acham que estão progredindo no caminho da felicidade material, não
procurarão se transformar. Daí, outra percepção importante: "compreender os
malefícios do nascimento, da velhice, da doença e da morte". A despeito da aparente
alegria, vida material significa sofrimento. O conhecimento védico visa a liberar
deste sofrimento o indagador sincero. Para aqueles que seguem a fórmula védica, a
vida significa uma oportunidade para se conseguir vitória sobre a morte. Na
concepção védica, rejeita a vida precisamente aquele que identifica o corpo material
ilusório como sendo o eu, e considera que o mundo temporário é tudo que existe. Tal
pessoa perde a oportunidade proporcionada ao ser humano: A oportunidade de indagar a
respeito do Supremo.

Os Vedas descrevem a liberação como prerrogativa especial concedida aos seres
humanos e não às espécies inferiores. Por esta razão o corpo humano é comparado a um
barco no qual pode-se atravessar o oceano da transmigração. Um bom instrutor védico,
que tenha aprendido os Vedas, é como um capitão competente, e os hinos védicos são
como brisas favoráveis. Se uma pessoa não atravessa o oceano para conseguir
liberação eterna (voltar para o mundo espiritual), não é considerada inteligente,
pois a filosofia védica nega a importância de qualquer conhecimento que não conduza
ao termino do sofrimento". Ou seja, nascer novamente no mundo material, recebendo um
corpo material, que deverá envelhecer, adoecer e por fim morrer. Em Filosofia
Védica, obra já citada. Pág. 2 e 3.

4 - O APARECIEMNTO DE KRISHNA

Sempre que existe um declínio da religiosidade, a Suprema Personalidade de
Deus aparece para restabelecer os princípios da verdade e da bem
aventurança. Foi assim em todas as eras, e todos os livros sagrados da
humanidade registram o aparecimento de avatares, santos e profetas, que vêm
para restabelecer a verdade e servir de exemplo e guia para a humanidade.
Não é e não foi diferente com Krishna. Para a cultura védica, Krishna é a
própria entidade divina, aparecida em forma humana há cerca de 5 mil anos. O
Maharaja Chandra Mukha Swami afirma: "Krishna é a Suprema Personalidade de
Deus. Na verdade Deus não tem um nome definido. Seja Jeová, Alá, Buda,
Oxalá, Cristo, Krishna, não importa. Todos esses nomes são considerados
santos e revelam diferentes aspectos de Deus. Krishna também veio à terra
sob a forma humana, estabelecendo um conhecimento espiritual padrão para os
homens através dos escritos contidos no Bhagavad-Gitã (Que significa
literalmente: A Canção do Senhor)".

5 - PÉROLAS DO PENSAMENTO VÉDICO

"Nem mesmo a totalidade das coisas que existem no mundo, capazes de
satisfazer os sentidos de alguém, pode satisfazer aquele cujos sentidos são
descontrolados". Srimad-Bhagavatam 8.19.21.

"Não há nada mais pecaminoso do que faltar com a verdade. Por causa disso a
mãe Terra certa vez disse: Posso suportar qualquer carga pesada, exceto
alguém que mente". Srimad-Bhagavatam 8.20.4.

"Não há amigo igual ao conhecimento. Não há inimigo igual à doença. Não há
afeição igual àquela recebida pelo próprio filho. E não há força superior à
vontade de Deus". Chanakya Pandita.

"Das coisas secretas, sou o silêncio". Senhor Krishna, Bhagavad-Gitã 10.38.

"Liberte-se aos poucos das algemas da matéria. Cultive o seu espírito
interior. Abandone os preconceitos que adquiriu dos ditos pensadores
racionais que negam a existência do espírito. Seja humilde em seu eu e
aprenda a respeitar aqueles que trabalham pelas conquistas espirituais.
Faça tudo isto com seu coração, mente e força na companhia de
espiritualistas, e logo você verá Krishna". Srila Bhaktivinoda Thakura, em
Sri Chaitanya Mahaprabhu, Sua Vida e Preceitos.

"Não há obstáculo mais forte ao nosso interesse próprio do que pensar haver
outros assuntos mais proveitosos do que nossa auto-realização".
Sanat-Kumara, Srimad-Bhagavatam 4.22.32.

"Religião sem filosofia é sentimentalismo, ou fanatismo, ao passo que
filosofia sem religião é especulação mental". Srila Prabhupada no
Bhagavad-gitã, 3.3

6 - O MOVIMENTO PARA CONSCIÊNCIA DE KRISHNA

O Movimento Hare Krishna está inserido na mais antiga tradição religiosa
de que se tem conhecimento. Este conhecimento está chegando até nós
através de uma linha de sucessão discípular, corrente de mestres
espirituais e discípulos, autêntica e ininterrupta, que vem desde os
primórdios da criação. Nesta seqüência de mestres espirituais, situa-se
Srila Prabhupada. Ele partiu deste mundo material em l977, deixando seus
discípulos mais avançados com a função de dirigir espiritualmente o
movimento criado por ele no ocidente. O Movimento para consciência de
Krishna está presente em praticamente todos os países e nas principais
cidades do mundo. No Brasil, se iniciou em l973 em São Paulo e hoje existe
em todo o país.

Os devotos de Krishna são muito conscientes do seu papel dentro da sociedade. Este
movimento visa, fundamentalmente a reespiritualização da sociedade moderna, tão
carente de conhecimento espiritual perfeito. Embora ostente conquistas de
sofisticação tecnológica, a sociedade sofre por causa da existência de um grande
abismo que a separa da compreensão da realidade espiritual. No Brasil, existem
atualmente 21 templos estabelecidos e 06 comunidades rurais. Este é um dos
movimentos religiosos que mais crescem no mundo.

Na Paraíba, em Campina Grande, existe o Seminário Hare Krishna de
Filosofia e Teologia, que fica na Rua Dr. Abdias Souza Campos, 122, Bairro
Universitário, CEP 58109-710 - Telefones: (83) 3334-1818 e 3333-4399
Outras informações na Paraíba poderão ser obtidas no site:
www.seminario.iskcon.com.br ou pelo e-mail seminariodvs@yahoo.com.br ou no site
nacional do movimento: Portal Hare Krishna: www.harekrishna.com.br ou aquisição de
livros na loja online do Amigos de Krishna: www.bbt.org.br/loja .

Em l995, a Prefeitura Municipal de João Pessoa, através da sua Câmara
Municipal, prestou uma homenagem a Srila Prabhupada, fundador do movimento,
denominando com o seu nome o Mirante existente na Ponta do Cabo Branco,
através da Lei 7.936, de 06/12/95, em comemoração ao seu centenário de
nascimento. Mas, infelizmente e de forma desrespeitosa, a placa ali
colocada foi roubada e pouco tempo depois o Mirante apareceu com outro
nome. O que demonstra o desrespeito à lei citada acima.

7 - A CAMINHO DA LIBERAÇÃO

Sri Chaitanya Mahaprabhu, uma encarnação devocional de Krishna para esta
era, previu, no século XV, que o Maha Mantra Hare Krishna, seria cantado e
difundido em todas vilas e aldeias de todo o planeta. Maha, significa
grande, o maior. Man: significa mente e Tra: Libertar. O Maha Mantra Hare
Krishna, significa literalmente: O Grande Cantar dos Santos Nomes do Senhor
que liberta da ilusão do mundo material. Sri Chaitanya Mahaprabhu nos legou
um tesouro de bens imensuráveis, quando distribuiu, com sua misericórdia
imotivada, o Maha Mantra Hare Krishna: Hare Krishna Hare Krishna. Krishna
Krishna. Hare Hare. Hare Rama Hare Rama. Rama Rama. Hare Hare. A tradução
literal desse mantra, significa: Ó senhor, por favor, ocupe-me em seu
serviço devocional. As palavras, em separado, significam respectivamente:
Hare: a energia devocional do senhor; Krishna: o Todo Atrativo - DEUS e
Rama: o Todo Prazeroso ou o depositário de todo o prazer. Cantar mantras
significa fazer vibrar um som transcendental que lhe coloca em contato com
dimensões do mundo espiritual. E o Maha Mantra Hare Krishna é o mantra
prescrito para esta era de Kali-yuga (que significa a era de ferro, das
desavenças, da hipocrisia, da cegueira espiritual). A prática constante da
Bhakti yoga eleva o espirito do praticante e o conduz à auto-realização
espiritual, à volta ao Supremo. Onde o único objetivo é ser apenas servo de
Deus, eternamente em bem aventurança. O Conhecimento Védico existe desde
que Deus existe. E existirá para todo o sempre, pela gloria e misericórdia
divina. Como um farol a sinalizar o caminho de volta para casa, para DEUS.
Cante esse Mantra e seja feliz. Haribol.

Publicado no www.portalbip.com em 04/11/2006