quinta-feira, 5 de julho de 2012

Manifesto da Campanha do Voto Nulo na Paraíba




Preâmbulo

            Política e politicalha

            A política afina o espírito humano, educa os povos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia, cria, apura, eleva o merecimento. Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade. Entre nós se deu a alcunha de politicagem. Essa palavra não traduz ainda todo o desprezo do objeto significado. Não há dúvida de que rima bem com criadagem e parolagem, afilhadagem e ladroagem. Mas não tem o mesmo vigor de expressão que os seus consoantes. Quem lhe dará o batismo adequado? Politiquice? Politiquismo? Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o sufixo pejorativo queima como ferrete, e desperta ao ouvido uma consonância elucidativa. Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou um conjunto de funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.

Rui Barbosa.

Trechos escolhidos de Rui Barbosa. Edições de Ouro: Rio de Janeiro, 1964. Fonte: http://doryreleituras.blogspot.com/2007/11/poltica-e-politicalha.html).


         TESE

         A nossa tese é de que se somos nós que legitimamos as pessoas com o nosso voto (escolha), e se somos nós que pagamos todas as despesas com nossos impostos, logo temos o direito de dizer como queremos que as coisas funcionem em nossa sociedade. Defendemos a democracia direta e queremos pô-la em prática.

         Acreditamos que possuímos tecnologia e informação suficiente para escolhermos nossas prioridades, colocá-las em prática, fiscalizar a sua aplicação, os recursos, a eficiência e como também seu replanejamento para que possamos avaliar sua eficácia. Não aceitamos mais esse processo de democracia representativa e queremos discutir a sua mudança, trazendo para a cidadania de todos nós, o direito de decidirmos o que é melhor para sociedade sem necessariamente eleger alguém para nos representar. Queremos representação direta. Nós mesmos nos representamos no legislativo.

         E resolvemos exercer nosso direito de não querer votar em absolutamente ninguém. E não é porque muitos dos candidatos não mereçam nossa confiança e nem nosso reconhecimento, mas é pelo fato de não termos efetivo controle sobre a ação de quem possa ser eleito. Cansamos de ser passados para trás, de ser utilizados como massa de manobra para legitimar interesses menores em detrimento dos reais interesses da maioria da nossa população.

         Portanto, estamos chamando a população a reagir, se utilizando do seu voto em sinal de protesto para que as regras de se escutar a vontade popular seja feita de outra maneira e de forma direta. A internet está aí para ser utilizada por todos, bastando um simples local de acesso público, o uso do CPF/Título e a escolha de prioridades. Através de consultas regulares, para o Brasil, para o seu estado, sua cidade, bairro ou rua.

         Votar é um direito do cidadão. Mas exercê-lo deve ser uma opção de cidadania. Não somos obrigados a ter que escolher entre o ruim e o pior. Por que temos que legitimar esse jogo de cartas marcadas em que se tem transformado as eleições no Brasil? Foi pra isso que lutamos tanto para redemocratizar o país? Para transformar o parlamento brasileiro num balcão de negócios? Onde o interesse da maioria do povo brasileiro passa a ser apenas um detalhe, um voto obrigatório e o pagamento da conta? Cansamos disso.


2 comentários:

  1. Compartilho deste pensamento em gênero, número e grau. Já não chega ser OBRIGADO a votar e ter que votar em alguém para que meu voto seja válido?!

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  2. Anônimo, vamos disputar as consciências, tentando incentivar o debate, para que cada vez mais cidadãos exercitem sua cidadania e exija democracia direta. Vamos dispensar os atravessadores daqui pa frente.

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