terça-feira, 20 de março de 2012

Manifesto da Campanha do Voto Nulo na Paraíba


Essa é a 1ª versão do Manifesto pela Campanha do Voto Nulo na Paraíba e que está em discussão, para ser lançado no dia 06 de junho de 2012. Data do início da campanha eleitoral, onde todos os candidatos podem começar a fazer propaganda eleitoral. E nosso candidato NINGUÉM será lançado de forma oficial com uma festa no Sebo Cultural.
Dê sua opinião. Acrescente seus argumentos e participe da próxima reunião para instalação do Comitê em defesa do Voto Nulo, que acontecerá dia 12/04, uma quinta feira, às 18 h, no Sebo Cultural. 



Manifesto da Campanha do Voto Nulo na Paraíba


Preâmbulo


Política e politicalha
A política afina o espírito humano, educa os povos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia, cria, apura, eleva o merecimento.
Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, entre nós se deu a alcunha de politicagem. Esta palavra não traduz ainda todo o desprezo do objeto significado. Não há dúvida de que rima bem com criadagem e parolagem, afilhadagem e ladroagem. Mas não tem o mesmo vigor de expressão que os seus consoantes. Quem lhe dará o batismo adequado? Politiquice? Politiquismo? Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o sufixo pejorativo queima como ferrete, e desperta ao ouvido uma consonância elucidativa.
Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis.
A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou um conjunto de funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.
Rui Barbosa.

Trechos escolhidos de Rui Barbosa.Edições de Ouro: Rio de Janeiro, 1964. Fonte: http://doryreleituras.blogspot.com/2007/11/poltica-e-politicalha.html


TESE

A nossa tese é de que: se somos nós que legitimamos as coisas com o nosso voto (escolha) e se somos nós que pagamos todas as despesas com nossos impostos, logo temos o direito de dizer como queremos que as coisas funcionem em nossa sociedade.


Defendemos a democracia direta e queremos pôr em prática.

Acreditamos que possuímos tecnologia e informação suficiente para escolhermos nossas prioridades, colocá-las em prática, fiscalizar a sua aplicação, recursos, eficiência e como também seu replanejamento para que possamos avaliar sua eficácia.

Não aceitamos mais esse processo de democracia representativa e queremos discutir a sua mudança, trazendo para a cidadania de todos nós, o direito de decidirmos o que é melhor para sociedade sem necessariamente termos que eleger alguém para nos representar. Queremos representação direta. Nós mesmos nos representamos.

E resolvemos exercer nosso direito de não querer votar em absolutamente ninguém. E não é porque muitos dos candidatos não mereçam nossa confiança e nem nosso reconhecimento, mas é pelo fato de não termos efetivos controles sobre a ação de quem possa ser eleito. Cansamos de sermos passados para trás. De sermos utilizados como massa de manobra para legitimar interesses menores em detrimento dos reais interesses da maioria da nossa população.

Portanto, estamos chamando a população a reagir, se utilizando do seu voto em sinal de protesto para que as regras de se escutar a vontade popular seja feita de outra maneira e de forma direta. A internet está ai para ser utilizada por todos, bastando um simples local de acesso público, o uso do CPF e a escolha de prioridades para o Brasil, para o seu estado, sua cidade, bairro ou rua.

Chega de intermediários que nos cobram os olhos da cara em impostos, para bancar suas mordomias, salários, férias e benesses, conseguidas a base da exploração de todos nós. Uma minoria privilegiada vivendo à custa do esforço de uma maioria que só possui o direito de votar de forma obrigatória e pagar sempre mais impostos.

Votar é um direito do cidadão. Mas exercê-lo deve ser uma opção de cidadania. Não somos obrigados a ter que escolher entre o ruim e o pior. Por que temos que legitimar esse jogo de cartas marcadas em que se tem transformado as eleições no Brasil? Foi pra isso que lutamos tanto para redemocratizar o país? Transformar o parlamento brasileiro num balcão de negócios? Onde o interesse da maioria do povo brasileiro passa a ser apenas um detalhe, um voto obrigatório e o pagamento da conta? Cansamos disso.
Não conte mais com nossa participação para dá continuidade a isso. 

Precisamos discutir quem manda verdadeiramente aqui. Se somos nós que damos a legitimidade as coisas e pagamos todas as despesas ou eleitos por nós sem o menor controle sobre suas ações? Por que continuar aceitando que eleitos por nós, vivam espertamente abusando da nossa confiança? Vamos VOTAR NULO sim! Para deixar claro que exigimos mudanças e as queremos o mais rápido possível.


Assinaturas e CPFs dos signatários desse manifesto em ordem alfabética:



2 comentários:

  1. Ótima iniciativa, apoiados.
    Tentei colher no site do Tribunal Superior Eleitoral e em fóruns pelas internets da vida a diferença (se é que ela existe) entre voto nulo e voto em branco e vi que o que existe, na verdade, é muito desencontro de informações, a meu ver, de forma proposital. No site, tem um carinha vestido de toga respondendo às questões de maneira bem parcial, chegando ao ponto de escrever:

    “Se você votar nulo poderá estar favorecendo a vitória de um candidato ruim, pelo abandono de sua oportunidade de escolher conscientemente o seu representante. A não participação no processo eleitoral poderá acarretar uma realidade política prejudicial a todos, blá, blá, blá, blá”.

    Mesmo que eu tenha esquecido um pouco o anarquismo juvenil devido às novas posições que fui conseguindo na sociedade, confesso que não vejo nenhuma falta de consciência no sujeito optar por votar nulo ou branco, insatisfeito que ele esteja com tanta falcatrua que existe por estas bandas. Muito pelo contrário, para o bem dizer da verdade. O cabra, nesse caso, tá tomando uma posição tão longe, tão diferente, do “Maria vai com as outras” que ele está convicto mesmo, ele politizou o seu voto no sentido mais maquiavélico possível e, portanto, é consciente do que quer fazer. Além disso, o sujeito pode discordar e tomar uma posição política contrária à tal da “democracia representativa”, por mais que este modelo esteja "por cima da carne seca". Aliás, a gente deve sempre desconfiar do que anda sem crítica, na super hegemonia das idéias prontas. Ora, a democracia é um modelo social de um determinado período da Grécia Antiga, aplicado às cidades-estado (li num livro de História), bem menores e menos complexas que as sociedades nacionais atuais. Ou não? Agora, se grego disse que é bom, acaba virando coisa universal! Se comer merda fosse prática de grego antigo, estaríamos comendo merda em todo o Ocidente até os dias de hoje.

    É um absurdo não divulgarem nos meios de comunicação (geralmente, concessões públicas) como é que se faz o tal do “voto nulo”! Eles querem obrigar o cabra a escolher um representante e escondem as informações necessárias à iniciativa de tomarmos uma posição contrária. É coisa de fazer inveja à CIA e à antiga KGB! É segredo de Estado. A mídia, em sua maioria, compra muito bem a idéia da “democracia representativa” porque é nessa praia que ela deita, rola e se coça e se vicia.

    Se o voto nulo e o branco vão ser contabilizados, se não vão, se vão para o partido que tiver menos voto ou o que tiver mais, se o voto branco é menos anarquista, ou mais consciente, que o voto nulo, enfim, tudo isso não importa de fato. O que importa é o susto que essa máfia política tomaria ao checar números brutalmente negativos a todo o circo que eles vêm armando desde os tempos das guerras pela posse do fogo. Seria um baita susto, eles teriam que tomar alguma providência. A providência mais provável é, como sempre, a da teoria kafkiana da conspiração. Eles poderiam alterar os dados da urna eletrônica e dizer que, na verdade, uma minoria votou em voto nulo e branco. “Isso dá um rumance”, como diria meu saudoso avô. José Saramago escreveu algo aproximado no “Ensaio sobre a lucidez”?

    Por isso, deveríamos tomar partido pela liberdade de ir ou não ir às urnas, como acontece com a tribo dos ianques. Seria apenas afirmar o velho “ir e vir” cheio de mofos e fungos da carta magna de 1988. Porque aí sim, os caras (Tasso Jereissati, Cássio Cunha Lima, Blairo Maggi e companhia ilimitada) saberiam que houve uma vontade política anti-eleições (o hífen, salvem o hífen!), uma vontade de se auto-representar (não sei mais usar o hífen) e não de ser representado por alguém que é um tremendo de um filho dilma égua e ganha trezentas vezes o valor do ganha-pão (insisto no hífen) da maioria dos eleitores. (Emanuel Oliveira Braga)

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  2. Fico feliz de saber que não estamos tão sozinhos como muitos querem.
    Um abraço,

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