sexta-feira, 11 de março de 2011

Crime contra Maceió e João Pessoa


Fonte: http://pedrocabralfilho.blog.uol.com.br/


Este artigo, do meu amigo Carlito Lima foi publicado hoje no PoisÉ. E chamou-me à atenção justamente por tocar num ponto em que eu fico também a me perguntar: por que não temos carnaval, na época de carnaval, em João Pessoa? Pois o 'carnaval tradição', que chamamos aqui, é tão carente que dá pena em assistir a pobreza e o quase abandono dos blocos de rua. Carnaval de rua então nem se fala. Já se falou até em fazer o Folia de Rua (carnaval fora de época) durante o carnaval oficial. Mas ficou só na ideia. E pra completar, a PMJP e o Governo do Estado - que quando eram candidatos achavam que o carnaval devia receber apoio público - agora no poder, estão com uma nova versão de que 'carnaval é festa e quem faz a festa paga a conta'. Lógico. Se visto apenas assim. Mas se for visto na ótica que tanto Carlito Lima quanto o prefeito e o governador de Pernambuco veem, ai a coisa muda de lógica. O Carnaval pode e deve ser incentivado como produto cultural, turístico e econômico. Quem não enxergar assim, paciência. Fique batendo lata com dois gatos pingados ou vá pra Olinda e Recife, gastar o dinheiro que deveria ficar circulando na economia de João Pessoa/Paraíba ou Maceió/Alagoas. Os pernambucanos estão de parabéns.

Mas pra concluir, gostaria ainda de dizer que esse negócio de fazer negócios, principalmente usando o carnaval tradição ou o folia de rua, apenas pra promover o fulano ou sicrano de tal, termina dando nisso que está ai. E fica pior, quando os beneficiados por esse processo equivocado, agora no poder, dá um 'patrás' nos 'ingênuos' dos carnavalescos paraibanos. Muito o que se apreender com a experiência e o caso de sucesso de Recife, Olinda, Pernambuco. Política combina muito com planejamento estratégico. Para a cultura, o turismo, a educação e claro, a economia. Chega de miopia por aqui e em Maceió/AL.

Um abraço,
Ivaldo Gomes


Crime contra Maceió


Carlito Lima


            Não sei quem inventou a história. “Maceió sem carnaval é um paraíso para turistas, eles gastam seus dólares e reais nos hotéis, restaurantes, taxistas e ambulantes, aquecem a economia da cidade.” Para comprovar essa teoria, durante o carnaval telefonei para vários hotéis, estavam com boa ocupação, entretanto, havia vaga. Percorri os restaurantes e bares da cidade, deu-me uma dor no coração, os raros restaurantes abertos tinham poucos clientes, conversei com gerentes, eles falaram, nem na baixa estação havia tão pouco movimento. Os ambulantes nada venderam. Maceió parou, o povo que ama carnaval saiu em busca da folia em praias mais perto. Os ricos foram para Salvador, Recife, Rio, ou suas mansões na Barra de São Miguel.

     Quinze dias antes do carnaval viajei ao Recife, quase durmo ao relento, passei mais de 4 horas rodando para conseguir uma vaga num hotel. Fiquei deslumbrado com a movimentação do pequeno comércio de fantasias, adereços e materiais para carnaval. Assisti um comentário do prefeito do Recife, investiu R$ 40 milhões no carnaval, sendo R$ 15 milhões de captação de recursos com empresários e R$ 25 milhões da Prefeitura. Esperava, durante o carnaval, uma circulação de mais de R$ 250 milhões somente no Recife. Carnaval hoje é o maior negócio turístico-cultural do Brasil.

     Com ajuda de Sérgio, brilhante economista, fiz alguns cálculos sobre a evasão de dinheiro durante o carnaval em Maceió. Mais de 20% da população de Maceió, cerca de 180 mil habitantes viajaram em busca do carnaval que não tem. Os mais ricos em aviões e carrões, os mais pobres de bicicleta, kombi caindo aos pedaços, moto e carro sem condições, entupiram mais ainda as estradas, tornando o trânsito mais perigoso. Supondo que esses 180.000 maceioenses gastaram durante o carnaval, R$ 200,00 por cabeça, cerca de R$ 36 milhões esgotaram-se pelo ralo da economia, gastos por maceioenses em outras cidades. Acrescentando o dinheiro que circularia se houvesse carnaval, se a população de 900 mil habitantes gastasse nos restaurantes, camelôs, ambulantes, músicos, e outros pequenos negócios, segundo cálculo por baixo, movimentariam cerca de R$ 40 milhões. Com esses números a perda de Maceió durante o carnaval foi em torno R$ 70 milhões. Só os hotéis lucraram. E se houvesse carnaval, eles se beneficiariam mais ainda.

   O pior é privar, é tirar a alegria do povo. O art. VII do Estatuto dos Homens prevê: “Fica estabelecido que a alegria seja uma bandeira generosa para sempre desfraldada na alma do povo.” O nosso bondoso e ordeiro povo maceioense ficou sem a alegria do carnaval porque inventaram essa insana teoria econômica que turista não quer carnaval. Sou defensor do turismo como forma econômica de melhoria de qualidade de vida, acredito no turismo bem direcionado, que todos sejam beneficiados, principalmente a classe mais humilde, o ambulante, o taxista, o artesão, o pequeno comerciante, a cultura.

   Eu gostaria que contestassem esses números, esse crime que estão cometendo contra minha terra, acabando nosso carnaval. Gostaria de uma análise do SEBRAE. Se os que fazem turismo querem a orla, podem ficar com ela. Por que não organizar um carnaval em quatro grandes pólos: Benedito Bentes, Bebedouro, Vergel do Lago e Jaraguá? Queremos carnaval em Maceió, claro que não será igual aos passados. É preciso dar estrutura aos foliões. Que volte a antiga COC, a Comissão Organizadora do Carnaval da Prefeitura, para pensar num projeto de carnaval a médio prazo, começando em 2012, incluindo e robustecendo as maravilhosas prévias carnavalescas atuais.

   Apelo ao prefeito Cícero Almeida que tanto fez e faz por minha bela cidade. Maceió precisa e merece um carnaval digno de seu povo alegre. Como folião, estou frustrado. Como cidadão, estou inconformado com o conformismo da população e das autoridades. Prefeito, o senhor tem a Paula Sarmento na Fundação Cultural, uma vitoriosa na empresa privada, ela é capaz, basta a vontade política do senhor. Nosso povo merece essa alegria fugaz que se chama carnaval, sem precisar gastar seu dinheiro em outras cidades. Estou à disposição para qualquer dúvida, qualquer ajuda, sou trabalhador voluntário!

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