sexta-feira, 23 de julho de 2010

Desassossego no sossego do cinema

Só pra registrar. Mandei esse texto umas cinco vezes prum portal que participo. Mas não sei porque ele não consegue ser postado. Então vai aqui pra ser registrado. Se você puder ver o filme veja. Vai ficar encantado durante quatorze grandes minutos.
Um abraço,
Ivaldo Gomes


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Desassossego no sossego do cinema

Ivaldo Gomes

Fui ver ontem (15/07) o lançamento do curta metragem Desassossego do poeta Marco di Aurélio e equipe independente de incentivos fiscais. Essa é outra boa característica dos trabalhos de Di Aurélio e equipe competente que cada vez que se junta nos surpreende a cada trabalho. O seu curta anterior Enraizados é aquele registro surpreendente da vida isolada no mundo do sertão inacessível. Agora esse belíssimo registro em ficção científica, mas só que ‘de vera’. Ver o desassossego do nosso ancestral com o aparecimento do futuro incompreensível em que nos tornamos é uma alegoria por demais criativa.

Imagens belas captadas no cariri paraibano - no lajedo de Pai Mateus – onde Marco di Aurélio e equipe, nos fazem regressar no tempo, onde o simples e reluzente brilho de uma pedra diferente poderia servir de amuleto, decoração, objeto de arte. E dessa simples relação - homem/objeto de atenção – o simples brilhar da pedra e a tentativa de compreender esse fato, surgirá o conhecimento do mundo de hoje. Esse que o notebook onde escrevo se transformou. Mas vê-lo ali no meio do tempo, há milhares de anos atrás, nos regata a ancestralidade, à vontade e a curiosidade de existir. Num cenário perfeito, luz deslumbrante, atuação tão significativa quanto real. Maquiagem, adereços verossímeis ao tempo e ao espaço do que a ficção possa propor.

Marco di Aurélio (pra alegria da gente) não é só um poeta sensível e comprometido com o seu tempo. É também um excelente diretor e ator. Sem uma única palavra o nosso universo ancestral se debulha sobre nós. É como se um lugar específico nos desse o ‘desassossego’ de quatorze preciosos minutos. ‘O tempo do curta metragem deixa uma sensação de que acabou mais cedo do que devia’ comentava Marco ao final da apresentação. E foi isso mesmo o que aconteceu. Num filme belo – em vários sentidos – a tela se apaga e nos resgata dos milhares de anos em que fomos meros caçadores da sobrevivência diária.

O trabalho de Marco di Aurélio e equipe luxuosa nos deram uma jóia da cinematografia paraibana. Que vai fazer o maior sucesso nas mostras nacionais e internacionais. Por um motivo muito simples: é cinema, é poesia, é enredo, é história contada por quem quer mostrar o que se tem de melhor no cenário exuberante da Paraíba. O cariri paraibano (a cidade Cabaceiras e adjacências) tem sido cenário de filmes importantes na retomada do cinema brasileiro. E nós – do alto daquele lajedo - vamos escrevendo pro mundo um testemunho da nossa riqueza e diversidade cultural que possuímos.

Se você puder assistir o curta metragem de Marco di Aurélio e equipe, no sossego de alguma sala de cinema ou mesmo no escurinho da sua sala em casa, você verá que evoluímos muito. Mas talvez tenhamos perdido aquele olhar de contemplação que o nosso ancestral, encarnado no ator Di Aurélio, soube tão também nos passar. Talvez pudéssemos ter nos transformado em coisa melhor, mas foi em que nos transformamos até agora. E claro, a ‘obra’ não está terminada ainda. Não a nossa. Mas a de Marco Di Aurélio e equipe esta mais que pronta e precisa ser vista. Anote ai: Desassossego é o nome do mais novo sucesso do cinema Paraibano.

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Peça um cópia por e-mail (marcodiaurelio@uol.com.br) ou veja maiores informações sobre seus filmes, poesia e literatura de cordel, através do blog: http://www.marcodiaurelio.com/blog/

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