sábado, 24 de julho de 2010

Uma história por trás da campanha









Claudia Carvalho - Fonte: http://www.parlamentopb.com.br/


O cotidiano de um jornalista envolve a narrativa de fatos. Quase sempre eles se sobrepõem às pessoas que os geram. A história pessoal, especialmente na política, não costuma interessar tanto ou ganhar a mesma visibilidade que a atividade profissional dos entrevistados.

Faço um parêntese nessa rotina para compartilhar a surpresa que me reservou uma entrevista com o candidato do PCB ao Governo da Paraíba, Francisco Oliveira.

O ingresso dele na política e sua militância como comunista têm precendentes dramáticos. Francisco perdeu o pai quando tinha 10 anos. O corpo de José Francisco da Silva nunca foi encontrado. Até aquela data, 1969, a família achava que seu Chico era apenas um caminhoneiro. Depois do sumiço dele, várias outras informações foram chegando e só então descobriram que o motivo do desaparecimento estava relacionado a atividades subversivas. "Zé de Necão", como era conhecido, teria levado fim quando transportava munições e armas para "rebeldes" entre Caxias do Sul e o Rio de Janeiro. Ele, o caminhão e a carga jamais seriam localizados.

As atividades clandestinas do pai de Francisco Oliveira despertaram uma investigação local e a mãe dele foi levada para interrogatório no Comando do Exército em Pernambuco, sob suspeita de ter também ligações com os comunistas. Graças à intervenção dos amigos, dentre os quais algumas autoridades da época, ela retornou para casa e pôde criar os filhos.

A marca desse acontecimento, todavia, não foi apagada. A família não pôde enterrar seu Chico e nem ter conhecimento real do que aconteceu com ele. Sem o ponto final, toda história fica difícil de ser encerrada. Na memória da família Oliveira, a ausência e a dúvida perduram até hoje.

Uma das amargas lembranças do mistério que envolve o sumiço de Zé de Necão ficou em poder de Francisco Oliveira. É uma carta endereçada à família e assinada pelo pai. O texto diz para que não se preocupem porque ele iria voltar. Seria um alento não fosse pelo fato de que o caminhoneiro não sabia escrever. A carta, portanto, jamais poderia ter sido feita por ele.

Desde os 14 anos, Francisco Oliveira milita no PCB. Mais do que uma atividade política, a decisão foi uma reação ao baque que a vida lhe impôs.

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