sábado, 24 de julho de 2010

Ricardo, Maranhão e a “maldição” dos Cunha Lima

Mas uma do Lauro Pires Xavier e claro, de João Manoel de Carvalho. Tire suas próprias conclusões. Eu acho o texto arretado de bom. Ainda bem que tem gente que raciocina por aqui. Pois se depender dos candidatos seremos tratados como idiotas.
Um abraço,
Ivaldo Gomes


Mais um texto lúcido e coerente do João Manoel de Carvalho, uma ode ao voto nulo, ao fim dessa eleição farsante e que mais que nunca aponta, sob o discurso da "governabilidade", uma incoerência dos políticos ditos de esquerda. Ricardo, ao término da eleição, deve escrever uma carta aos paraibanos afirmando sua saída da vida política e sua volta à UFPB, pedindo desculpas ao povo e a todos aqueles que acreditaram na via eleitoral como processo de transformação social. Mais uma vez "o sonho acabou" e o desejo de termos uma sociedade livre, justa, sem patrões, adormece em berço esplêndido. Fico com Émile Zola e com todos aqueles que sonham em ver essa terra rebentar, Germinar, com a luta do povo,

saudações,

Lauro


Ricardo, Maranhão e a “maldição” dos Cunha Lima

João Manoel de Carvalho

Jornal ContraPonto, Paraíba, 23 a 29 de julho

A aliança política celebrada entre o então Prefeito Ricardo Coutinho e o grupo Cunha Lima se abateu sobre o atual candidato socialista ao Governo do Estado como uma devastadora maldição. Com a materialização do conchavo, o Prefeito foi excomungado politicamente e passou a receber não só a contestação, mas a ojeriza e a aversão dos meios políticos e a condenação generalizada da opinião pública paraibana.

A degradação da vida pública na Paraíba e, de ordinário em todo o país, tornou as alianças políticas, por mais espúrias que fossem, uma rotina, na medida em que essa degradação vai se aprofundando de maneira, cada vez mais, estarrecedora.

Mas, no caso da aliança entre o sr. Ricardo Coutinho e o ex-Governador Cássio Cunha Lima parece que ela teve o efeito de desvirginar a vida pública paraibana ate então imaculada e pura, tal os efeitos catastróficos que provocou sobre a imagem do ex-Prefeito pessoense.

Realmente, ninguém de boa fé pode negar que o sr. Ricardo Coutinho cometeu, no mínimo, um equívoco político ou uma enorme precipitação, ao lançar-se candidato ao Governo do Estado para as eleições de 2010. Faltou-lhe assessoramento político capaz de conter os seus ímpetos obsessivos pelo Poder e sugerir-lhe a sua candidatura ao Senado, no mesmo esquema de aliança com o PMDB, a mesma que o levou a Prefeitura da Capital naquele já distante ano de 2004.

Fascinado ante a possibilidade do acordo com o grupo Cunha Lima, entendendo que essa aproximação criaria a oportunidade de lastrear seu nome pelo interior e viabilizar a sua eleição para o Governo do Estado, o sr. Ricardo Coutinho preferiu precipitar-se e lançar-se à sucessão estadual, sem antes, queimar as etapas necessárias e assim, consolidar mais adequadamente as suas chances de conquistar o Poder na Paraíba.

O tempo, no entanto, encarregou-se de demonstrar como a opinião pública prefere a versão e quase sempre o factoide a realidade nua e crua dos fatos. O curso da campanha permitiu transformações profundas no panorama político do Estado e o Governador José Maranhão, com o seu poder irresistível de usar a maquina pública em benefício de sua campanha pela reeleição, conseguiu por meio cooptação desenfreada, atrair para o seu esquema político a fina flor do grupo Cunha Lima, transformando adversários de ontem em correligionários, fazendo destes, inclusive, integrantes de sua administração, conferindo-lhes cargos estratégicos no seu Governo.

Dessa rearrumação resultou no fato de que o sr. José Maranhão tem hoje a seu lado engajados em sua pela reeleição os mais notórios seguidores do clã Cunha Lima, podendo-se citar entre outros o ex-Prefeito e senador Cícero Lucena, o ex-deputado federal Inaldo Leitão, o deputado federal Armando Abílio, os deputados estaduais João Gonçalves e Fabiano Lucena, alem de Prefeitos e vereadores seguidores do senador Cícero Lucena em todo o Estado.

Como se vê, essas adesões provaram que não existem maiores diferenças entre os grupos políticos liderados por Maranhão e pelos Cunha Lima, que conviveram no PMDB e partilharam o Poder por longos anos, com as mesmas praticas e vícios que vem degradando a Paraíba, há decênios.

Reconhecer que o sr. Ricardo Coutinho cometeu um grave erro político, ao fazer aliança com o grupo político campinense é dever de isenção e equilíbrio de quem quer que se arrisque a analisar o panorama político da Paraíba.

Mas idêntico dever têm aqueles que considerarem que não há por que distinguir entre o grupo Cunha Lima e o esquema do Governador José Maranhão, em termos éticos, em razão do que esses dois grupos, unidos e articulados no passado, desserviram a Paraíba.

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