quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Cansei de ficar atrás

Ivaldo Gomes


Cansei de ver a Paraíba na rabeira do desenvolvimento brasileiro. Cansei, cansei e cansei de ler, de interpretar, de tentar entender, o que seja mesmo ‘esses índices’ que diz sempre que nós ficamos ali, onde ninguém quer ficar, ao relento, jogado fora do jogo, no banco de reserva sem possibilidades de ser titular um dia. Cansei desse discurso de que aqui a gente não é capaz de resolver o nosso analfabetismo, a nossa falta de educação, a nossa falta de progresso. Também pudera, com tanta gente torcendo e fazendo contra queria o quê?

Os governos dos últimos trinta anos – meu deus do céu – mas não dar pra aceitar calado. Não da forma que foi feito (ou não foi feito) isso é o que importa. Pois o Estado da Paraíba continua a amargar um subdesenvolvimento que já foi por demais decantadas suas soluções, por tanta gente decente como Celso Furtado, Adalberto Barreto e Ronald Queiroz. Não vou tomar seu tempo em justificar esse atraso. Atraso sim, pois se tivéssemos feito o que deveríamos na época adequada tudo isso que está ai não estaria assim. E não estaria se tivéssemos tomados outros caminhos, destinos, que não foram os que deveriam ter sido.

Não é uma questão de achar culpados por nosso atraso. É uma questão de tentar entender o porquê que ficamos assim. Pois podíamos ter tido outras prioridades, além daquelas em que a elite se fez de ‘merecedora’ da riqueza de todos. Não acho justo. É uma questão de ética, de cultura e de filosofia. De política já não digo tanto, pois ultimamente ela não tem sido merecedora de reconhecimento, pra não chamá-la de vendida a quem lhe possa pagar melhor. Não gosto da política sendo exercitada nesse nível. Acho pouco compatível com o seu real significado. Política é coisa séria. Muito séria. Sem que tenha necessariamente que ser chata. A política é arte do bem viver de todos.

E é esse 'todo' que sinto falta nas propostas eleitoreiras de sempre. O ‘todos’ deles parece mais com um guarda sol, onde só eles se protegem de chuvas e trovoadas. Mas a gente tem que vivê-las. Não acho justo. E justifico dizendo que os nossos impostos, são mais do que suficientes para mudar esse estado de coisas. Já não falo no Estado em seu sentido lato, estático, de poder. Falo do estado de espírito que todos nós temos que nos irmanar, para que enfim, até por um processo de educação, temos que terminar por aceitar um modo de vida mais coletivo. Onde o bem estar social, a verdadeira política, vai gerar as políticas públicas que atenderá de fato o público e nunca, e nem sempre, o privado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Diga o que quiser, mas diga.