O Projeto Poema com Manteiga de hoje sai em saudade do poeta Lúcio Lins. Ouvindo a música que Chico César fez sobre seu poema Duas Margens (http://www.youtube.com/watch?v=iDs99BBr2ek&feature=related). Três poemas de Lúcio Lins, com esse céu chuvoso, em lágrimas e saudades. Viva Lúcio Lins!
duas margens
quando o tempo
me cobrir os céus
com a anágua suja
da tua espera
e teus lábios
forem duas margens
um
gritando calmaria
outro
clamando tempestade
eu voltarei
de corpo e barco
e por ti
seguirei minha viagem
navegarei
entre teus braços
e segredos
eu
serei teu búzio
tu
serás o meu degredo
degelo
posto que
não haverá
mais porto
quando o sol
beber o suor
do sísifo ofício
de sobre a terra
fazer dias
e envelhecer a história
pelos mares
eu me espalho
(velas
para todos os ventos)
o que ficar de mim
podem velar
é a vaidosa lágrima
se dizendo mar
intervalo das águas
não parto
cedo-me à âncora
feliz do mergulho
meu barco
deu-se aos intervalos
das águas
e hoje
eu nunca mais navegarei
hoje
me dirão nos arrecifes
pelas espumas das perdas
nesse mar louco de pedras
meu barco
deu-se à ferrugem
dos calados
e hoje
eu nunca mais navegarei
não parto
dou-me ao mar
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Do livro de poemas Perdidos Astrolábios - Lúcio Lins - Edições CCHLA - Editora Universitária - 2002 - 2ª Edição
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...copiei o poema ...lindo....
ResponderExcluirMaravilhoso
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