quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Nenhum e nem Ninguém

Ivaldo Gomes

Fonte: http://www.portalbip.com/colunistas/ivaldogomes/ivaldogomes_base.html - 18/08/2010

Preferencialmente optei por Ninguém. O acho um candidato mais consistente. Se bem que Nenhum é um excelente candidato a vice. Nenhum e Ninguém representam hoje algo em torno de 15% das intenções dos votos nas pesquisas eleitorais. Na Paraíba isso representa trezentos e cinqüenta mil votos nulos. Um coeficiente que merece reflexão e respeito. Afinal de contas são trezentos e cinqüenta mil cidadãos que optam em votar nulo. Logo seus candidatos, Nenhum e Ninguém merecem ouvidos. O danado é que quem vota nulo não quer nem explicar seus motivos. O que não é o meu caso.

Já que estamos em campanha eleitoral - onde os mesmos de sempre - estão cantando aquele velho e surrado marketing político tão famoso na década de sessenta: ‘eu te darei o céu meu bem e o meu amor também’. E nos parece que pelo andar da carruagem não anima a platéia como antes. Agora só em troca de muito dinheiro é que se vota nesse passado, repaginado com maquiagem, fotoshop e outros truques para que pareça que vamos mesmo ter o paraíso depois de janeiro de 2011. De tanto ouvir mentiras optei em votar em Ninguém - seguindo uma tendência nacional - que acha que sem controle efetivo dos eleitos não tem pacto de representatividade que se sustente. Responda rápido: por que votar em alguém se não se tem o menor controle sobre ele?

Daí que acho que tanto Nenhum quanto Ninguém são de fato os melhores candidatos para enfrentar esse jogo de cartas marcadas que está ai. Onde o voto que deveria ser um direito, passa a ser exercido como obrigação e que logo se transforma mesmo em um dever. E por mais explicações que queiram dar, com campanhas institucionais, dizendo da responsabilidade dos eleitos, e nunca como controlá-los, temos o sagrado direito de também não aceitar isso dessa maneira.

Têm duas coisas que precisam ser rediscutidas por aqui urgentemente - inclusive durante o processo de campanha eleitoral – que são o controle efetivo dos eleitos pelos eleitores e como é feita mesmo a aplicação de forma justa e transparente dos nossos impostos. Ah, os impostos! Os candidatos nunca falam sobre eles. Mas querem administrá-los e com eles nossas vidas, usando-os quase sempre na tentativa de manter-se no poder e fazer seu usufruto. Portanto, tanto Nenhum quanto Ninguém continua sendo excelentes candidatos para as próximas eleições. Daí tamanha aceitação de mais de 15% nas respostas as pesquisas eleitorais.

Lembre-se, Nenhum e nem Ninguém não prometeram nada até aqui. E com certeza não lhe procurará para propor conchavos e compra de seu voto a troco de nada. Nem tão pouco vão aparecer na televisão mentindo descaradamente como esses que estão ai. Sabe por quê? Porque se esses candidatos que estão ai quisessem mesmo resolver alguma cosia por aqui já o teriam feito. Já se passou mais de trinta anos da redemocratização do país. Já houve tempo suficiente pra mudar as coisas por aqui não acham?

Então fiquemos assim ou as regras atuais são rediscutidas, ou uma grande parcela da comunidade - trezentos e cinqüenta mil só na Paraíba - vão continuar protestando por mudanças. Pois elas serão feitas mais cedo ou mais tarde. Só depende de um pouco mais de conscientização da população. Quando ela perceber que as regras colocadas hoje não dão a menor garantia de mudança efetiva, não legitimará mais esses candidatos como faz hoje. Ou você assinaria um contrato com alguém que não garantisse o serviço? Assinaria? Pois bem, então explique como se vota nessas pessoas sem ter a garantia que elas vão fazer o que a gente precisa de verdade?

É bom pensar nisso, pois do jeito que está não dá pra continuar. A não ser que você ache justo pagar uma conta sem participar do banquete. Ficar apenas com os encargos, já que os cargos e as mordomias vão ficar com essa meia dúzia de senhores e senhoras que se acham mais merecidos que todos nós. É uma atitude no mínimo impensada. Pois já passamos da hora de colocar essas questões na ordem do dia, nas agendas e discussões. Comecem a se perguntar quais são as garantias que nós temos, de que os eleitos vão fazer as mudanças que precisamos? Quais são essas garantias de verdade? Se não existe é melhor rever o seu voto. Sugiro Ninguém com Nenhum pra vice. Quem sabe as autoridades não aprendam a enxergar a falta de garantias que eles oferecem.

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