terça-feira, 24 de agosto de 2010

A LÍNGUA POÉTICA E AFINADA DO ORLANDO TEJO EM DEFESA DA NOSSA LÍNGUA !

Eu Plural: estou escrevendo sobre esse “zé limeira” arretado, porém, graças a Deus, apesar da péssima parceria com um tal de alzheimer, ainda vivo. orlando tejo, com quem, ao lado do amigo - de ambos - livardo alves, tive oportunidade de bater alguns papos, hoje, morando no recife, segundo seu irmão cleidson meira tejo, segundo ele, o orlando, o seu grande mentor, está, infelizmente, se ultimando.
estou, com exceção do seu zé limeira, o poeta do absurdo, lendo as coisas que ele escreveu, focado, principalmente, no seu “as noites do alvorada - via crucis do caboclo misterioso”. embora seja um livro sem a marca da genialidade poética do campinense, recheados de poemas (?) que se perdem pelo engajamento exagerado, tem excelentes momentos do criador dessa bela sacada saída de sua verve repentista.
fui um dos primeiros, ao lado do livrado alves, amigo inseparável, a conhecer as bem-traçadas dessa “brincadeira” que ficou famosa, segundo o próprio, feitas de repente, ou seja, de improviso. fiquem pois, com elas, porque em seguida traçarei um mal-traçado perfil, como mal-traçadas são as linhas deste escriba, sobre o seu velho “noites do alvorada…”

ah, a excelente zélimeirada do tejo foi um desabafo nos tempos em que trabalhava numa agência de publicidade, no recife, sobre o uso exacerbado e feio do estrangeirismo na língua portuguesa e a capacidade dos homens dessa área, publicidade, de complicar as coisas.

putabraço para todos.

1 berto de almeida - Fonte: http://humbertodealmeida.com.br/



NÃO AGUENTO MAIS!


Orlando Tejo


Eu saí da Paraíba,
Minha terra tão brejeira,
Pra fazer publicidade
Na Veneza Brasileira
Onde a comunicação
É toda em língua estrangeira.

É uma ingrizia só
O jeito de se falar,
O que a gente não compreende,
Passa o tempo a perguntar
E assim como é que eu vou
Poder me comunicar?

É bastante abrir-se a boca
O “inglês” fala no centro,
Nessa Torre de Babel
Eu morro e não me concentro…
Até parece que estamos
De Nova Iorque pra dentro!

Lá naquele fim de mundo
Esse negócio tem vez
Porque quem vive por lá
O jeito é falar inglês,
Mas, se estamos no Brasil
O jeito é falar Português!

Por que complicar a guerra
Em vez de se esclarecer?
E se “folder” é um folheto
Por que assim não dizer?…
Pois quem me pedir um “folder”
Eu vou mandar se folder.

Roteiro é “story board”
Nesse vai e vem estrangeiro,
Parece até palavrão
Que se evita o tempo inteiro…
Por que, seus filhos das putas,
A gente não diz roteiro?

Estão todos precisando
Dos cuidados do Pinel
Será feia a nossa língua?
É chato nosso papel?
Por que esse tal de “out door”
Substituir painel?

É desrespeito à memória
De Camões que foi purista
E esse massacre ao vernáculo
Não aguenta o repentista
Pois chamam “lay out-man”
O homem que é desenhista!

Matuto da Paraíba,
Aqui juro que não fico,
Onde até se tem vergonha
De um idioma tão rico…
Por que se chamar de “free-lancer”
Um sujeito que faz bico?

Publicidade de rádio
Apelidaram de “spot”
E tem outras besteiradas
Que não cabem num pacote.
Acho que acabou o tempo
De acabar esse fricote!

Por exemplo: “body type”
“Midia”, “top”, “merchandising”,
“Checking list”, “past up”
(Que se diga de passagem)
“Briffing”, “Top de Marketing”,
Tudo isso é viadagem!

Já é hora de parar
com esse festival grosso
Para que o nosso idioma
Saia do fundo do poço.
Para isso eu faço esse “raff”,
Isto é – perdão ! – esboço!

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